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Ucrânia anuncia libertação de cidade estratégica em região anexada pela Rússia

O anúncio acontece dois dias após a oficialização da adesão à Rússia de quatro territórios ucranianos

Ucrânia: no sábado, o exército ucraniano anunciou que entrou em Lyman, onde estavam "entre 5.000 e 5.500 russos (Dmytro GORSHKOV y Emmanuel PARISSE / AFP/AFP Photo)
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AFP

Publicado em 2 de outubro de 2022 às 10h15.

Última atualização em 2 de outubro de 2022 às 13h08.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou neste domingo que a cidade estratégica de Lyman, na região leste do país, em um dos territórios anexados pela Rússia, está "completamente livre" de tropas de Moscou.

O anúncio acontece dois dias após a oficialização da adesão à Rússia de quatro territórios ucranianos, uma iniciativa denunciada por Kiev e pelos países ocidentais.

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"Às 12H30 hora local (6H30 de Brasília) Lyman está completamente livre. Obrigado aos nossos militares", declarou o presidente em um vídeo publicado nas redes sociais.

Poucas horas antes, Zelensky celebrou os avanços das tropas ucranianas ao redor desta cidade crucial - um importante centro ferroviário na anexada região de Donetsk - e afirmou que na próxima semana "novas bandeiras ucranianas serão hasteadas no Donbass".

Também enviou uma mensagem aos soldados e autoridades da Rússia: "Enquanto não resolverem o problema de quem começou tudo, quem desencadeou esta guerra sem sentido contra a Ucrânia, morrerão um a um, tornando-se bodes expiatórios, porque não admitem que esta guerra é um erro histórico para a Rússia".

No sábado, o exército ucraniano anunciou que entrou em Lyman, onde estavam "entre 5.000 e 5.500 russos".

Moscou anunciou em seguida a retirada de seus soldados da cidade para "linhas mais favoráveis".

"De acordo com a Constituição"

A perda de Lyman é um duro revés para Moscou, que na sexta-feira oficializou com grande pompa a anexação de quatro territórios ucranianos: as regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, assim como as ocupadas pelas tropas russas Zaporizhzhia e Kherson.

A comunidade internacional denunciou a anexação, que chamou de "ilegal".

O papa Francisco fez um apelo neste domingo ao presidente russo, Vladimir Putin, para que acabe com a "espiral de violência" na Ucrânia, ao mesmo tempo que criticou as anexações por considerá-las "contrárias ao direito internacional".

O pontífice alertou que isto "aumenta o risco de uma escalada nuclear" e provoca temores de "consequências incontroláveis e catastróficas a nível mundial".

Esta é a primeira vez desde o início do conflito em 24 de fevereiro que o papa se dirige diretamente ao presidente russo em um de seus discursos.

Também neste domingo, nove presidentes de países da Europa central e do leste (República Tcheca, Estônia, Letônia, Lituânia, Macedônia do Norte, Montenegro, Polônia, Romênia e Eslováquia) se uniram às críticas internacionais e afirmaram que "nunca reconhecerão as tentativas russas de anexar um território ucraniano".

Apesar da condenação internacional, o processo legal para a formalização das anexações avança em Moscou.

A Corte Constitucional considerou neste domingo que os tratados "estão de acordo com a Constituição da Federação da Rússia".

Vyacheslav Volodin, presidente da Duma (Câmara Baixa), afirmou que os deputados do Parlamento russo examinarão na segunda-feira um projeto de lei para a aprovação imediata do texto.

O texto passará em seguida ao Conselho da Federação (Câmara Alta) do Parlamento.

A Ucrânia já anunciou que recorrerá à Corte Internacional de Justiça (CIJ) e fez um apelo para que o tribunal "examine o caso o mais rápido possível".

Armas nucleares de "baixa potência"

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, admitiu que, mesmo com a rejeição internacional, o anúncio da anexação territorial torna "praticamente impossível" o fim do conflito.

"A Rússia está perdendo a guerra, já perdeu em termos morais e políticos, mas a Ucrânia ainda não venceu", alertou.

Com as derrotas militares da Rússia, analistas temem que o presidente Vladimir Putin recorra às armas nucleares para defender seu território, uma opção que foi mencionada por um aliado do chefe de Estado russo.

Após a retirada das forças russas de Lyman, o líder checheno Ramzan Kadírov disse que Moscou deveria considerar o uso de armas nucleares de "baixa potência".

Kadirov, que governa a república do Cáucaso com mão de ferro, também criticou a cadeia de comando no exército russo: "Não há espaço para o nepotismo no exército, especialmente em tempos difíceis".

No campo de batalha, com a libertação de Lyman as tropas ucranianas parecem recuperar forças.

"Estou otimista e muito motivado. Vejo a atividade na linha de frente e os territórios que estamos recuperando", afirmou à AFP um soldado ucraniano de 33 anos, que se identificou como "Humo".

A Ucrânia criticou no sábado a "detenção ilegal" do diretor geral da central nuclear de Zaporizhzhia, Igor Murashov, preso na sexta-feira por uma "patrulha russa" quando seguia para a usina, que está sob controle de Moscou.

O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, expressou "grande preocupação" com a detenção do diretor da maior central nuclear da Europa e anunciou que viajará a Kiev e Moscou na próxima semana.

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