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Ucrânia alerta que novos bombardeios contra central nuclear provocam risco de vazamento radioativo

A invasão russa da Ucrânia - que completou seis meses no dia 24 de agosto - também provocou uma crise energética global

Imagem de satélite da empresa Maxar Technologies mostra a central nuclear de Zaporizhzhia (AFP/AFP Photo)
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AFP

Publicado em 27 de agosto de 2022 às 14h05.

Ucrânia e Rússia voltaram a trocar acusações neste sábado (27) após novos bombardeios nas proximidades da central nuclear de Zaporizhzhia, ataques que provocam o risco de "pulverização de substâncias radioativas", de acordo com a operadora estatal ucraniana.

A central de Zaporizhzhia, a maior da Europa, foi ocupada pelas tropas russas nos primeiros dias da invasão russa da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro.

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Kiev e Moscou trocam acusações sobre bombardeios contra o entorno do complexo nuclear, localizado na cidade de Energodar.

Neste sábado, a operadora da central, a Energoatom, afirmou que depois de ter sofrido "vários bombardeios no último dia" por parte da Rússia, "a infraestrutura da estação foi danificada, há riscos de pulverização de hidrogênio e de vazamento de substâncias radioativas, e o risco de incêndio é alto".

Até meio-dia de sábado (6h00 de Brasília), a central "operava com o risco de violar os parâmetros de segurança de radiação e de incêndio", afirmou a Energoatom em uma mensagem no Telegram.

O ministério da Defesa da Rússia afirmou em um comunicado que as forças ucranianas bombardearam o terreno da central nas últimas 24 horas, com "um total de 17 projéteis", e acusou Kiev de "terrorismo nuclear". Apesar da denúncia, a nota afirma que os níveis de radiação na central "permanecem normais".

Desconectada

Na quinta-feira, a usina foi completamente desconectada da rede elétrica ucraniana pela primeira vez em quatro décadas devido às "ações dos invasores", segundo a Energoatom.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a corrente foi cortada porque a Rússia havia bombardeado a última linha de energia elétrica ativa que ligava a usina à rede nacional.

A central foi reconectada na sexta-feira à tarde. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) pediu o envio de uma missão à usina "o mais rápido possível para ajudar a estabilizar a situação de segurança e restabelecer a segurança nuclear".

A conselheira do ministério ucraniano da Energia, Lana Zerkal, afirmou uma inspeção da AIEA está prevista para a próxima semana.

Mas ela expressou ceticismo sobre o sucesso da missão: apesar da concordância formal de Moscou, os russos "estão criando artificialmente todas as condições para que a missão não possa visitar a central", afirmou Zerkal na quinta-feira.

Desvio da energia

O ministério britânico da Defesa advertiu que imagens de satélite captadas mostravam uma presença importante de unidades russas na central, com blindados de transporte de tropas a cerca de 60 metros de um dos reatores.

As autoridades ucranianas suspeitam que Moscou pretende o fornecimento de energia de Zaporizhzhia para a península a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

O governo dos Estados Unidos condenou na quinta-feira qualquer tentativa neste sentido e seu presidente, Joe Biden, exigiu que Moscou devolva o controle da central a Kiev.

A invasão russa da Ucrânia - que completou seis meses no dia 24 de agosto - também provocou uma crise energética global.

A urgência pelo abastecimento de gás e petróleo provocou a disparada dos preços da energia. Alemanha e França anunciaram na sexta-feira que em 2022 o preço da energia elétrica atingirá preços recordes, mais de 10 vezes superiores aos deste ano.

A União Europeia (UE), autodeclarada aliada incondicional da Ucrânia, pretende diminuir a dependência dos 27 Estados membros do petróleo e gás russo.

Na sexta-feira, a presidência tcheca da UE defendeu a convocação de uma reunião de cúpula de emergência para abordar a crise, poucos meses antes do começo do inverno (hemisfério norte).

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