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Turquia quer concluir operação na Síria e prevê outra no Iraque

O ministro das relações exteriores da Turquia afirmou que a operação em Afrin deve acabar até maio e outra será feita em parceria com o governo iraquiano

A Turquia começou em janeiro uma operação para expulsar as milícias curdo-sírias da Síria (Bassam Khabieh/Reuters)
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EFE

Publicado em 8 de março de 2018 às 10h00.

Viena - O ministro de Relações Exteriores da Turquia , Mevlüt Çavusoglu, disse nesta quinta-feira durante uma visita a Viena que a operação lançada pelo exército turco no enclave curdo-sírio de Afrin poderia terminar antes de maio e que Ancara prepara também uma ofensiva no norte do Iraque contra a guerrilha curda do PKK.

"A operação de Afrin poderia terminar antes de maio", declarou Çavusoglu à imprensa turca, segundo o jornal "Hürriyet".

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A Turquia lançou no último dia 20 de janeiro uma operação, batizada Ramo de Oliveira, para expulsar as milícias curdo-sírias Unidades de Proteção do Povo (YPG) desse território situado no noroeste da Síria.

Ancara considera as milícias laicas YPG "terroristas" por conta de seus laços com o grupo armado ativo em solo turco Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

A operação elevou a tensão com os Estados Unidos, que considera as YPG seu melhor aliado terrestre na luta na Síria contra o jihadista Estado Islâmico.

A Turquia também foi criticada por não respeitar a resolução do Conselho de Segurança da ONU do último dia 24 de fevereiro, que pedia uma trégua em toda Síria.

As conquistas territoriais das YPG no norte da Síria causam receios em Ancara, que temem que possam estabelecer alguma forma de autogoverno.

Segundo a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos, desde o início da ofensiva morreram pelo menos 195 civis.

Também teriam morrido 68 soldados turcos e mais de 300 membros de milícias sírias aliadas, enquanto as YPG teriam sofrido 346 baixas.

"No Iraque haverá uma operação além da fronteira (turca) contra o PKK. Faremos isso junto com o governo iraquiano", afirmou o chefe da diplomacia turca.

"Inclusive se a operação de Afrin não terminar (até lá), temos a capacidade de realizar ambas operações ao mesmo tempo", acrescentou.

Cavusoglu não ofereceu uma data concreta para essa operação, mas garantiu que seria depois das eleições parlamentares previstas para 12 de maio no Iraque.

O ministro de Exteriores turco afirmou mais tarde, em entrevista coletiva junto com sua homóloga austríaca, Karin Kneissl, que o objetivo da Turquia é libertar Síria e Iraque de "toda ameaça terrorista" e garantir "a unidade territorial de ambos países".

"Temos que garantir que estes dois países conservem sua soberania. Não temos que libertá-los só do Estado Islâmico e da Al Qaeda, mas de todos os grupos terroristas", ressaltou Cavusoglu.

O chefe da diplomacia turca comentou que o governo da região autônoma do Curdistão iraquiano também é inimigo do PKK e confiou em pactuar uma operação tanto com Bagdá como com as autoridades regionais curdas de Erbil.

Ancara bombardeia de forma regular áreas do norte do Iraque para castigar o PKK, cuja retaguarda se encontra nos montes Qandil.

O PKK, qualificado como grupo terrorista pela Turquia, a União Europeia e os EUA, iniciou em 1984 a luta armada para exigir mais direitos da minoria curda na Turquia. Desde então, morreram mais de 45.000 pessoas em enfrentamentos e atentados.

 

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