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Turquia e UE trocam farpas por repressão pós-golpe

Bruxelas precisa que Ancara continue impedindo que imigrantes cheguem à Europa, e a Turquia quer preservar seu acesso aos mercados europeus

Tentativa de golpe na Turquia: líderes da UE também estão sendo pressionados em casa para se pronunciarem a respeito da repressão turca contra a mídia e os políticos curdos (Tumay Berkin/Reuters)
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Reuters

Publicado em 8 de novembro de 2016 às 16h33.

Bruxelas / Ancara - A União Europeia intensificou nesta terça-feira suas críticas à repressão da Turquia contra opositores e supostos conspiradores por trás de um golpe de Estado fracassado, o que levou a uma réplica contundente de Ancara, que acusou a Europa de não conseguir entender a ameaça que enfrenta.

Mas nenhum dos lados pareceu disposto a adotar na prática o tipo de represália que poderia danificar por completo uma relação delicada de dependência mútua.

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Bruxelas precisa que Ancara continue impedindo que imigrantes cheguem à Europa, e a Turquia, que vê sua moeda atingir recordes negativos devido aos temores de instabilidade no país, quer preservar seu acesso aos mercados europeus.

A UE disse que os acontecimentos recentes na Turquia foram "extremamente preocupantes", mas que manterá o diálogo com Ancara a respeito de suas perspectivas um tanto distantes de união ao bloco - só que, na véspera de um relatório anual sobre o progresso turco rumo à filiação, a entidade ignorou os pedidos de alguns para que as conversas sejam detidas ou que outras sanções sejam adotadas.

Apesar disso, um comunicado enfático da UE e de seus Estados dizendo que a Turquia deve parar de polarizar sua sociedade e salvaguardar sua democracia, além de uma cutucada pessoal do executivo-chefe do bloco, Jean-Claude Juncker, no presidente turco, Tayyip Erdogan, enfatizam o temor de que um aliado muçulmano vital e um para-choque contra o caos no Oriente Médico corra o risco de se lançar em uma nova era de instabilidade.

Líderes da UE também estão sendo pressionados em casa para se pronunciarem a respeito da repressão turca contra a mídia e os políticos curdos, e Ancara, por sua parte, está procurando satisfazer as expectativas dos turcos mostrando que enfrenta críticas de um adversário histórico.

Enquanto enfrenta a violência no sudeste curdo e suas forças confrontam o Estado Islâmico nas fronteiras com o Iraque e a Síria, o Ministério das Relações Exteriores turco disse que os europeus perderam credibilidade com seus cidadãos depois de exigir que o país relaxe leis antiterrorismo e pise no freio depois de prender jornalistas, parlamentares curdos e dezenas de milhares de servidores públicos em reação ao golpe fracassado.

Desde então, os dois lados vêm se mostrando profundamente divididos pela retórica. Os europeus demonstraram compreender os desafios que Erdogan tem diante de si, mas uma nova leva de prisões na semana passada abalou essa ressalva.

Em um discurso feito nesta terça-feira, Juncker disse: "Noto com amargura que, dia a dia, a Turquia está se distanciando cada vez mais da Europa... tudo que as autoridades turcas estão fazendo hoje me leva a acreditar que, no final das contas, a Turquia não quer... cumprir os padrões europeus".

Por sua vez, Erdogan afirmou em um discurso feito no domingo que não se importa de ser rotulado de ditador: "A Europa está em um caminho que a está levando a seu próprio fim".

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