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'Trump violou a Constituição', afirma republicana de 91 anos que busca inabilitá-lo

Ex-deputada Norma Anderson está por trás da ação para excluir Trump como opção eleitoral do Colorado

Donald Trump, ex-presidente dos EUA

Donald Trump, ex-presidente dos EUA

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 21 de fevereiro de 2024 às 13h35.

Um dos vários obstáculos enfrentados pelo ex-presidente Donald Trump em sua corrida para voltar à Casa Branca surgiu nas fileiras de seu próprio partido: a ex-deputada republicana Norma Anderson, de 91 anos, que busca sua inabilitação.

Anderson, que chegou a ser uma das deputadas mais influentes do Colorado, está por trás da ação para excluir Trump como opção eleitoral neste estado do noroeste dos Estados Unidos.

"Trump nunca deveria voltar a ser presidente porque violou a Constituição e tentou reverter uma eleição", disse Anderson em entrevista à AFP.

"Para mim, isso significa que se for eleito, nossa democracia estará em perigo", afirmou.

Anderson obteve uma primeira vitória em dezembro, quando a Suprema Corte do Colorado decidiu a favor da retirada de Trump da lista para as primárias republicanas neste estado.

A decisão atendeu ao recurso apresentado pela republicana e uma associação civil, sobre a invasão do Capitólio - sede do Congresso - em 6 de janeiro de 2021 em Washington, quando apoiadores de Trump tentaram impedir a certificação à Presidência do democrata Joe Biden, que derrotou o magnata.

A ação alegava que a terceira seção da 14ª emenda da Constituição veta de cargos públicos quem tenha participado de uma "insurreição ou rebelião" após jurar defender a Carta Magna.

A emenda, ratificada em 1868 após a Guerra Civil (1861-1865), buscava impedir que partidários da Confederação - os onze Estados Confederados - que apoiavam a escravidão fossem eleitos ao Congressos ou cargos federais.

Trump impugnou a decisão do tribunal regional com um recurso que suspendeu sua pré-candidatura e deixou seu futuro futuro eleitoral nas mãos da Suprema Corte.

"Mantenho a esperança"

Trump se posiciona com folga como favorito nas primárias republicanas.

Apesar da série de processos judiciais por crimes eleitorais, entre outros, as pesquisas nacionais lhe atribuem uma pequena vantagem nas intenções de voto frente a Biden, que busca a reeleição.

Por isso, uma possível inabilitação pode desencadear paixões conflitantes.

O caso foi analisado no início de fevereiro pelo máximo tribunal do país, que pode pronunciar-se antes das primárias no estado do Colorado, em 5 de março.

Durante duas horas de alegações, tanto juízes conservadores quanto liberais expressaram preocupação diante da possibilidade de que os estados possam decidir individualmente quais candidatos devem figurar nas cédulas das eleições presidenciais em novembro.

Mas isto não desanima Norma Anderson, a primeira mulher a tornar-se líder republicana do Legislativo do Colorado.

"Sempre mantenho as esperanças até que me digam não", afirmou.

Os debates na Suprema Corte dos Estados Unidos não se concentraram na suposta participação de Trump nos atos de 6 de janeiro, mas nas possíveis consequências nacionais de referendar uma decisão tomada no Colorado: Este estado poderia decidir por si só a inabilitação de um candidato presidencial?, é a questão.

"Não deveriam preocupar-se com isto. Os estados estão encarregados das eleições, não o governo federal. Cada estado se encarrega de suas eleições e decide quem figura na cédula", sustentou Anderson.

Anderson é frequentemente atacada por Trump, que a chama de "rino", acrônimo em inglês para "republicana apenas de nome" (republicans in name only).

Mas ela garante que tem recebido apoio em seu estado e no país. "Se ao menos chamarmos atenção para quem ele é (...) sei que estamos fazendo o correto", sentenciou.

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