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Trump terá de se adaptar ao mundo e ao clima, diz Carlos Rittl

Para secretário-executivo do Observatório do Clima, republicano pode dificultar avanço de alguns temas, mas cenário não é tão apocalíptico como pode parecer

EXAME Fórum Sustentabilidade: Carlos Rittl, do Observatório do Clima conversa com Ana Luiza Herzog, editora da revista EXAME.

Vanessa Barbosa

Publicado em 28 de novembro de 2016 às 17h32.

Última atualização em 29 de novembro de 2016 às 16h00.

São Paulo – A vitória de Donald Trump nas eleições americanas gerou uma onda de preocupações na seara ambiental. Seria o republicano uma ameaça aos esforços mundiais de combate às mudanças climáticas?

Segundo Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, o novo presidente dos Estados Unidos pode dificultar o avanço de alguns temas, como o financiamento de medidas de mitigação e adaptação aos extremos climáticos em países mais pobres. Mas, no geral, o cenário não é tão apocalíptico como pode parecer.

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“Se o mundo vai ter que se adaptar a Donald Trump, ele também vai ter que se adaptar à realidade do mundo, como a notável predominância de investimentos em energias renováveis e a própria realidade da mudança climática”, disse durante o EXAME Fórum Sustentabilidade, realizado nesta segunda-feira em São Paulo.

Rittl recebeu a notícia da vitória de Trump durante a COP22, em Marraquexe, que discutia o caminho para a efetivação das promessas do Acordo de Paris, tratado internacional que prevê metas conjuntas dos países na busca pela redução do aquecimento global.

“Os corredores da COP, que são frenéticos por conta dos eventos e negociações, ficaram silenciosos. Foi como um pós-terremoto. Mas todo mundo sobreviveu e se manifestou, dizendo que iria manter as promessas e esforços independentemente dos EUA”, contou o especialista.

Com um cenário de políticas climáticas agora incerto nos Estados Unidos, surge a pergunta: a China vai suprir a lacuna da saída dos EUA como protagonista na luta global contra as mudanças climáticas?

“Se deixar, a China vai assumir sim o papel dos EUA como protagonista. Isso deve servir de exemplo para o Brasil, a falta de ação de um pais não pode nos impedir de querer fazer melhor”, afirmou Rittl.

Ele lembrou que o Acordo de Paris só foi possível devido à forte cooperação de China e EUA, os dois maiores emissores de gases efeito estufa do mundo.

Durante muito tempo a China foi um problema, já que não assumia responsabilidades para a redução de emissões, o que virava uma desculpa para os EUA também não assumirem um acordo.

Porém, o governo chinês mudou e, atento aos problemas de poluição atmosférica e interessado em se firmar como uma liderança em fontes limpas, assumiu compromissos de combate às mudanças climáticas, um sinal extremamente positivo para o cenário global.

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