Trump se apresenta à Justiça americana nesta quinta; entenda as acusações contra o ex-presidente
Trump publicou em sua rede social que iria viajar a Atlanta, capital da Geórgia, para comparecer à Corte e escutar pessoalmente as acusações contra ele
Redação Exame
Publicado em 24 de agosto de 2023 às 06h01.
Última atualização em 24 de agosto de 2023 às 06h52.
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump vai comparecer nesta quinta-feira, 24,à penitenciária do condado de Fulton, conhecida por suas condições insalubres e mortes de detentos, para se entregar às autoridades da Geórgia que o acusam de interferência eleitoral. Para não ser preso, Trump precisará pagar uma fiança de US$ 200 mil, cerca de R$ 970 mil em conversão direta.
Trump publicou em sua rede social que iria viajar a Atlanta, capital da Geórgia, para comparecer à Corte e escutar pessoalmente as acusações contra ele. Assim como os outros 18 acusados por tentar alterar o resultado das eleições de 2020 neste estado-chave do sudeste do país, o ex-presidente tem até ao meio-dia de sexta-feira (13h em Brasília) para ser detido. Após o pagamento da fiança, ele deverá ser liberado. Trump deve passar pouco tempo na prisão e o fará sob forte proteção. O gabinete do xerife anunciou na segunda-feira que durante a sua estadia a área será isolada e ninguém poderá entrar ou sair dela.
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Até o momento, não está claro se ele terá privilégios por sua condição de ex-presidente. As leis americanas preveem o recolhimento das digitais e de fotografias do acusado, uma de frente e outra de perfil. Trump, que já foi acusado três vezes em diferentes processos criminais, conseguiu até agora evitar o ritual das fotografias quando se apresentou em Nova York, Flórida e Washington. Mas o xerife do condado de Fulton, Patrick Labat, disse no início deste mês que pretendia tratar todos os réus igualmente. "Seu status não importa", disse ele.
O procedimento, a que foram submetidos na terça-feira dois dos 19 acusados, incluindo o advogado John Eastman, envolve também o registo de uma série de dados para os arquivos da administração penitenciária, como altura, peso, cor da pele e dos olhos.
Em um comunicado da sua equipe de campanha divulgado na terça-feira, o ex-presidente expressou indignação por ter de se apresentar em uma "prisão violenta". Em julho, o Departamento de Justiça anunciou a abertura de uma investigação sobre as condições de detenção na prisão de Fulton, também conhecida como Rice Street.
O secretário de Justiça, Merrick Garland, justificou a decisão alegando "graves acusações de condições inseguras e insalubres, uso excessivo da força e violência nas prisões, discriminação contra presidiários com problemas de saúde mental e falta de cuidados médicos".
O procurador dos Estados Unidos, Ryan Buchanan, acrescentou, citando "recentes testemunhos", que as "celas imundas e cheias de insetos, a violência desenfreada que resulta em mortes e ferimentos e o uso excessivo da força por parte dos agentes são motivo de grande preocupação e justificam uma investigação exaustiva".
O comparecimento de Trump na penitenciária acontece um dia após o primeiro debate dos pré-candidatos Republicanos à presidência. O ex-presidente não compareceu ao evento.
Trump lidera as pesquisas para ser o candidato Republicano em 2024
Líder das pesquisas, Trump vê sua vantagem em relação aos adversários aumentar desde seu primeiro indiciamento. Ao invés de prejudicá-lo, os problemas com a justiça têm lhe garantido milhões de dólares em doações de seus apoiadores, convencidos, assim como ele, de que o bilionário do setor imobiliário é vítima de uma "caça às bruxas".O vencedor das primárias republicanas enfrentará o candidato democrata, o presidente Joe Biden, em 5 de novembro de 2024.
Como é a prisão onde Trump vai se entregar?
Segundo a imprensa local, a prisão abriga mais de 2.500 detentos, ou seja, mais do dobro da sua capacidade quando foi inaugurada em 1989. Quinze pessoas morreram no seu interior no ano passado e quatro desde o início de julho.
O condado de Fulton chegou recentemente a um acordo de 4 milhões de dólares (19 milhões de reais na cotação atual) para indenizar a família de um presidiário sem-teto que sofria de esquizofrenia e foi encontrado morto em uma cela infestada de piolhos e percevejos.
Uma autópsia encomendada pela família concluiu que a sua morte foi causada por "complicações devido a uma negligência grave". Demonstrou que o preso, de 35 anos, estava desnutrido e desidratado e sugeriu que a proliferação de piolhos poderia ter causado anemia.