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Trump recebe presidente sul-coreano para falar de Coreia do Norte

A estratégia é fortalecer sua aliança com países mais afetados pelas ameaças norte-coreanas, em sua tentativa de aplicar uma política mais dura a Pyongyang

Moon e Trump (Carlos Barria/Reuters)
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EFE

Publicado em 30 de junho de 2017 às 06h46.

Washington - O presidente dos Estados Unidos , Donald Trump, iniciou nesta quinta-feira dois dias de reuniões com o mandatário da Coreia do Sul, Moon Jae-in, para tratar das crescentes ameaças nucleares e de mísseis da Coreia do Norte e sobre a possibilidade de negociar um novo acordo comercial que substitua o que entrou em vigor em 2012.

Trump jantou com Moon horas depois que o Departamento do Tesouro dos EUA anunciou sanções contra empresas e cidadãos chineses, em uma tentativa de pressionar Pequim a agir de forma mais decisiva contra os frequentes testes com fins militares dos norte-coreanos.

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"Vamos ter conversas tremendas esta noite", disse Trump ao começo de seu jantar com Moon na Casa Branca, que também contou com a presença de suas respectivas esposas, Melania Trump e Kim Jung-Sook, e vários assessores.

"Sei que você já falou com nossa gente sobre as complexidades da Coreia do Norte, e sobre o comércio (bilateral) e outras coisas, e falaremos de tudo isso", acrescentou Trump.

Três horas mais tarde, Trump escreveu no Twitter: "Acabo de terminar uma reunião muito boa com o presidente da Coreia do Sul. Falamos de muitos temas, entre eles a Coreia do Norte e um novo acordo comercial!".

Trump criticou em várias ocasiões durante a sua campanha eleitoral o acordo de comércio bilateral que entrou em vigor em 2012, mas, até agora, não tinha mencionado abertamente a possibilidade de renegociar o tratado.

A Casa Branca adiantou ontem que Trump seria "franco" com Moon na hora de expressar sua preocupação pelo déficit comercial dos EUA com a Coreia do Sul, que chegou a quase US$ 28 bilhões no ano passado.

Em particular, Trump se incomoda com a "enorme quantidade" de excedentes de aço que os EUA importam da Coreia do Sul, sobretudo os que chegam através da China, segundo explicou um funcionário americano, que pediu o anonimato.

Por outro lado, os Estados Unidos pressionaram seus aliados para que implementem estritamente as sanções da ONU contra a Coreia do Norte e que suspendam ou reduzam suas relações diplomáticas com essa nação, a não ser que haja algum avanço em direção a sua desnuclearização.

Essa campanha coordenada de pressão teve papel de destaque no jantar e também será um dos temas principais da reunião bilateral de amanhã no Salão Oval da Casa Branca, mas não se espera que acordos específicos saiam desses encontros para aumentar as sanções.

Mesmo assim, o governo de Trump agiu por conta própria pouco antes da chegada de Moon à Casa Branca, ao anunciar sanções contra o banco de Dandong, com sede na China, além de uma empresa chinesa e dois cidadãos desse país por realizarem negócios com a Coreia do Norte.

"O comportamento provocador, desestabilizador e desumano da Coreia do Norte não será tolerado", disse o secretário do Tesouro dos EUA, Steve Mnuchin, em uma coletiva na Casa Branca.

Na semana passada, Trump afirmou que estava avaliando os esforços do governante chinês, Xi Jinping, para conter o regime da Coreia do Norte, mas acrescentou que, em sua opinião, os mesmos "não funcionaram".

Portanto, Trump pode buscar fortalecer sua aliança com Coreia do Sul e Japão, os países mais diretamente afetados pelas ameaças norte-coreanas, em sua tentativa de aplicar uma política mais dura em relação a Pyongyang.

Esse enfoque é diferente ao de Moon, que chegou ao poder em maio com uma aposta pela aproximação entre as duas Coreias, após dez anos de péssimas relações entre Pyongyang e Seul.

Não obstante, a Casa Branca minimizou as diferenças de enfoque entre Trump e Moon, que já viveu tensões com o Norte devido aos testes contínuos de armas de Pyongyang.

"Falaremos com Moon sobre suas ideias para uma possível relação futura com a Coreia do Norte. O nosso presidente está muito interessado em ouvir essas ideias", afirmou ontem o funcionário americano citado anteriormente.

Também está previsto que os dois líderes falem sobre o escudo antimísseis americano THAAD em território sul-coreano, cuja instalação foi paralisada por Moon devido à necessidade de um estudo de impacto ambiental.

O começo da reunião foi cordial, Trump parabenizou Moon por sua vitória nas eleições em maio, após o escândalo de corrupção que provocou o impeachment da conservadora Park Geun-hye.

"Foi uma grande vitória, e você fez um trabalho fantástico. Muita gente não esperava, mas eu sim esperava, pensei que ia acontecer, e quero parabenizá-lo", disse Trump. EFE

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