O questionamento da conquista emblemática de seu antecessor Barack Obama promete ser uma das decisões mais polêmicas Trump, nove meses depois de sua posse na Casa Branca (Ralph Freso/Getty Images)
AFP
Publicado em 13 de outubro de 2017 às 12h30.
O presidente Donald Trump revelará nesta sexta-feira uma mudança de estratégia dos Estados Unidos a respeito do acordo internacional sobre o programa nuclear do Irã, mas sem abandoná-lo efetivamente, como havia prometido durante a campanha eleitoral.
Em um discurso na Casa Branca às 12H45 (13H45 de Brasília), Trump deve apresentar um enfoque mais agressivo para verificar os compromissos do Irã no âmbito do acordo, o que passará a bola para o campo do Congresso sobre o futuro do texto, que pretende evitar que o Irã produza uma bomba atômica.
O questionamento da conquista emblemática de seu antecessor Barack Obama promete ser uma das decisões mais polêmicas Trump, nove meses depois de sua posse na Casa Branca.
O presidente americano está muito isolado sobre o tema. Além de Teerã, os demais signatários do texto histórico - Moscou, Pequim, Paris, Londres e Berlim - advertiram sobre as consequências imprevisíveis de mudar o que foi acordado.
Embora Washington não se retire do acordo assinado em julho de 2015, Trump poderia abrir um período de grande incerteza ao negar-se a "certificar" que Teerã cumpre com seus compromissos - o que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirma que a República Islâmica faz.
O acordo busca garantir o caráter exclusivamente civil do programa nuclear iraniano e a AIEA confirmou até agora o cumprimento por parte de Teerã. Ao não certificar o acordo Trump estaria desvalorizando a agência do sistema das Nações Unidas, outro golpe ao multilateralismo depois de anunciar na quinta-feira a saída do país da Unesco.
De acordo com a Casa Branca também existe a expectativa de que o presidente anuncie sanções contra alguns integrantes da Guarda Revolucionária, o exército de elite iraniano, mas sem chegar a classificar esta organização como "grupo terrorista".
Funcionários indicaram que o presidente insistirá na "influência desestabilizadora" de Teerã no Oriente Médio e, "em particular, em seu apoio ao terrorismo".
Trump vai falar sobre o tema porque, de acordo com a lei americana, o presidente deve "certificar ou não" ao Congresso a cada 90 dias que Teerã respeita o acordo e que este é do interesse dos Estados Unidos.
Em tese, a decisão de "não certificação" dá aos congressistas 60 dias para decidir se voltam a impor as sanções retiradas em 2015 como parte do acordo. Um retorno das sanções determinaria, na prática, o fim do acordo.