Trump critica procurador após término de investigação sobre a Rússia
Trump falou sobre a interferência russa nas eleições de 2016 e descartou a possibilidade impeachment
AFP
Publicado em 30 de maio de 2019 às 14h42.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , reconheceu em um tuíte nesta quinta-feira (30) que a Rússia ajudou a elegê-lo, mas, rapidamente, recuou ao falar com a imprensa.
Até hoje, Trump tinha sido inflexível, afirmando que venceu as eleições de 2016 de forma justa e minimizando o impacto daquilo que a comunidade de Inteligência americana descreveu como um esforço concentrado de intervir a seu favor.
"Rússia, Rússia, Rússia! Só se ouviu isso no começo dessa caça às bruxas", tuitou Trump, um dia depois de o procurador especial Robert Mueller falar publicamente, pela primeira vez, desde a divulgação de seu relatório sobre a suspeita de conluio e de obstrução de Justiça.
"E agora a Rússia desapareceu porque eu não tive nada a ver com a Rússia ajudando a me eleger", acrescentou.
O presidente voltou a reclamar, mais uma vez, do assédio contra ele.
Mais tarde, Trump recuou, declarando aos repórteres na Casa Branca: "não, a Rússia não ajudou a me eleger".
"Você sabe quem me elegeu? Eu me elegi", acrescentou o 45º presidente dos Estados Unidos, que provocou alvoroço em seu próprio campo quando, em entrevista coletiva em Helsinque com Vladimir Putin, valorizou mais as palavras do presidente russo do que as conclusões das agências de Inteligência americanas sobre esse assunto explosivo.
Na quarta-feira, em um discurso de dez minutos, o procurador especial Robert Muller, ex-diretor da Polícia Federal americana (FBI), reiterou que não havia coletado "provas" de um acordo entre Moscou e a equipe de campanha do candidato Trump.
E foi cuidadoso ao apontar que não poderia isentar o presidente de suspeitas de obstrução da Justiça.
Para Donald Trump, o caso está encerrado. "Não houve obstrução, não há conluio, não há nada, nada, exceto uma caça às bruxas", disse ele.
Perguntado sobre o profissionalismo de Mueller, ele questionou diretamente sua integridade: "É alguém que não gosta de Donald Trump".
Se o discurso de Mueller não trouxe novos elementos ao caso, reviveu os apelos para iniciar um processo de impeachment contra o bilionário, um assunto que divide profundamente os democratas.
Estes últimos têm uma maioria na Câmara dos Representantes e, portanto, são capazes de lançar este processo. Mas, dada a maioria republicana no Senado, é quase certo seu fracasso.
Donald Trump teme a abertura de um processo de impeachment?
"Eu não vejo como eles poderiam fazer isso", disse ele nesta quinta-feira, antes de embarcar no helicóptero presidencial Marine One que o esperava no gramado da Casa Branca.
"Essa coisa toda é apenas um gigantesco assédio presidencial", completou.