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Trump consultou líderes latino-americanos a respeito da Venezuela

Os líderes que jantaram com Trump na segunda-feira - incluindo o presidente Temer - disseram ter lhe afirmado que uma invasão militar seria inaceitável

Trump e Temer: "Trump se deu o trabalho de nos perguntar qual é a melhor maneira de resolver a situação venezuelana", disse o ministro argentino (Beto Barata/PR/Agência Brasil)
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Reuters

Publicado em 22 de setembro de 2017 às 17h26.

Nova York - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , atacou o governo autoritário da Venezuela na Organização das Nações Unidas (ONU) nesta semana, mas líderes latino-americanos dizem que, nos bastidores, ele os consultou sobre a melhor maneira de resolver a delicada crise regional.

Os líderes da América Latina que jantaram com Trump na segunda-feira - incluindo o presidente Michel Temer - disseram ter lhe afirmado que uma invasão militar, uma ameaça que ele fez casualmente no mês passado, seria inaceitável em uma região já sensível devido às intervenções agressivas de Washington no passado.

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Eles enfatizaram a necessidade de uma transição pacífica para a democracia na Venezuela e argumentaram contra sanções econômicas que aprofundariam a crise humanitária, que já levou dezenas de milhares de pessoas a fugirem para países vizinhos.

"Trump se deu o trabalho de nos perguntar qual é a melhor maneira de resolver a situação venezuelana", disse o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Faurie, que esteve no jantar, à Reuters. "Que os Estados Unidos consultem países latino-americanos sobre o que fazer já é, em si mesmo, um grande passo à frente."

Nesta semana, na Assembleia-Geral da ONU, Trump condenou o governo socialista do presidente Nicolás Maduro por destruir a antes rica nação produtora de petróleo. Ele ameaçou aumentar as sanções se Maduro não rumar para a restauração de um governo democrático.

Mas Trump passou longe de repetir a ameaça de ação militar que fez em 11 de agosto, que alarmou os latino-americanos. Para muitos, ela despertou lembranças da invasão norte-americana do Panamá em 1989, que depôs o ditador Manuel Noriega, que morreu em maio depois de anos aprisionado nos EUA e em seu próprio país.

Neste ano ao menos 125 pessoas foram mortas na Venezuela durante quatro meses de protestos contra Maduro, que vem resistindo aos pedidos de uma eleição presidencial e, ao invés disso, convocou uma Assembleia Constituinte para anular o Congresso de maioria opositora.

Embora nenhuma decisão tenha sido tomada, as conversas entre Trump e os presidentes de Brasil, Colômbia e Panamá, mais o vice-presidente argentino, pressionaram Maduro a se envolver em negociações verdadeiras com seus opositores, e não em usar as conversas para ganhar tempo, disseram os líderes latino-americanos.

Após o jantar, Temer disse aos repórteres que os presentes concordaram em intensificar a pressão sobre Caracas sem uma intervenção direta.

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