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Total de vítimas em ataque químico pode incluir os de bombas

Fontes do Congresso dos Estados Unidos estão lançando dúvidas sobre esses números de morto pelo ataque na Síria divulgado pela Casa Branca

Vítima ataque químico na Síria: Casa Branca divulgou que ataque matou 1.429 pessoas, incluindo 426 crianças (Ammar Dar/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2013 às 21h35.

Washington - Um dos detalhes mais precisos e dramáticos citados pelo governo norte-americano como prova de que as forças sírias usaram armas químicas em um ataque em 21 de agosto foi o número de mortos, que, segundo uma avaliação oficial dos Estados Unidos, chegou a 1.429 pessoas, incluindo 426 crianças.

O número, divulgado pela primeira vez pela Casa Branca em 30 de agosto, foi destacado pelo secretário de Estado, John Kerry, em uma condenação inflamada do presidente sírio, Bashar al- Assad, descrevendo vídeos que, segundo ele, eram de vítimas do ataque, negado pela Síria .

"Em vez de estarem em segurança em suas camas em casa, vimos filas de crianças deitadas lado a lado, esparramadas em um chão de hospital, todas elas mortas pelo gás de Assad e rodeadas por pais e avós que sofreram o mesmo destino. O governo dos Estados Unidos agora sabem que pelo menos 1.429 sírios foram mortos no ataque, incluindo pelo menos 426 crianças", disse ele.

No entanto, algumas fontes do Congresso dos Estados Unidos estão lançando dúvidas sobre esses números.

Três fontes do Congresso disseram à Reuters que os funcionários do governo haviam indicado em particular que algumas mortes podem ter sido causadas pelo bombardeio convencional que se seguiu à liberação de gás sarin em bairros do subúrbio de Damasco.

Esta divulgação minou o apoio parlamentar ao plano do presidente norte-americano, Barack Obama, para atacar a Síria, disseram as fontes.

Uma porta-voz da Casa Branca encaminhou todas as perguntas sobre o número de mortos, incluindo um pedido de comentário sobre se a controvérsia sobre o número estava minando o apoio no Congresso para a política do governo, à agência de inteligência.


"As avaliações da comunidade de inteligência têm um nível elevado, mas é praticamente impossível atingir 100 por cento de certeza", disse a porta-voz-chefe do Escritório do Diretor de Inteligência Nacional, Shawn Turner.

"Essa não é a forma como a inteligência trabalha. Somos extremamente rigorosos em nossa metodologia e estamos constantemente nos desafiando a ser mais exigentes", disse Shawn. "Temos discutido a nossa metodologia com o Congresso e eu não estou ciente de qualquer preocupação." Uma das fontes do Congresso disse que autoridades do governo disseram a portas fechadas que não podiam excluir que algumas vítimas incluídas no número de vítimas fatais poderiam ter morrido atingidas por partes de explosivos convencionais dos foguetes que transportavam o gás venenoso ou pelo fogo de artilharia que, segundo os EUA, se seguiu ao ataque químico.

Uma segunda fonte, que é simpática à política da Casa Branca, disse que ressalvas feitas por autoridades do governo ao número total de 1.429 mortos eram de uma magnitude suficiente para fazer a fonte evitar citar a cifra.

Uma terceira fonte afirmou que funcionários do governo confrontaram questões pontuais de parlamentares sobre a exatidão dos números e reconheceram que "não podiam ter certeza" sobre a causa da morte de algumas pessoas contabilizadas como vítimas de envenenamento químico.

Uma autoridade do governo familiarizada com o assunto negou que houvesse dúvidas sobre a forma como os 1.429 corpos foram contados. Uma segunda autoridade afirmou que funcionários do Congresso ouviram o que quiseram ouvir porque muitos parlamentares se opuseram ao plano de Obama.

Fontes do governo disseram à Reuters que levaram em conta uma metodologia de inteligência válida para fazer a estimativa do número de mortos. Um funcionário disse que esse processo envolveu a análise de imagens de vídeo das vítimas, eliminando do número de fatalidades qualquer pessoa viva, corpos com ferimentos visíveis e corpos com manchas de sangue.


Ferramentas de inteligência sigilosas foram então usadas para confirmar a procedência dos vídeos e garantir que os corpos não foram contados duas vezes, disse o funcionário, observando que a inteligência dos EUA teve mais recursos para coletar informações do que grupos de direitos humanos ou organizações não governamentais, que tinham um número menor de mortos.

"Ninguém que tenha olhado para a inteligência acha que este número está equivocado", disse um oficial sênior dos EUA.

"É o que era o número naquele dia. Sabemos que 1.400 pessoas foram mortas. À medida que temos novas informações, o número pode mudar", acrescentou.

A inteligência francesa diz que o número de mortos pelo ataque com gás pode ser tão alto quanto 1.500, mas confirmou apenas 281 vítimas a partir de provas de vídeo.

As estimativas da inteligência britânica, do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado em Londres, e da organização não governamental Médicos Sem Fronteiras estão na faixa de 322 a 355.

As fontes do Congresso disseram que alguns parlamentares pediram acesso ao material bruto analisado pela inteligência norte-americana, mas que até agora o governo forneceu apenas relatórios com informações resumidas de informantes humanos, espionagem eletrônica e imagens de satélite.

O governo sírio negou ter realizado qualquer ataque com gás, embora tenha reconhecido que tem esse tipo de arma e está em negociações para desmantelar seus estoques.

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Washington - Um dos detalhes mais precisos e dramáticos citados pelo governo norte-americano como prova de que as forças sírias usaram armas químicas em um ataque em 21 de agosto foi o número de mortos, que, segundo uma avaliação oficial dos Estados Unidos, chegou a 1.429 pessoas, incluindo 426 crianças.

O número, divulgado pela primeira vez pela Casa Branca em 30 de agosto, foi destacado pelo secretário de Estado, John Kerry, em uma condenação inflamada do presidente sírio, Bashar al- Assad, descrevendo vídeos que, segundo ele, eram de vítimas do ataque, negado pela Síria .

"Em vez de estarem em segurança em suas camas em casa, vimos filas de crianças deitadas lado a lado, esparramadas em um chão de hospital, todas elas mortas pelo gás de Assad e rodeadas por pais e avós que sofreram o mesmo destino. O governo dos Estados Unidos agora sabem que pelo menos 1.429 sírios foram mortos no ataque, incluindo pelo menos 426 crianças", disse ele.

No entanto, algumas fontes do Congresso dos Estados Unidos estão lançando dúvidas sobre esses números.

Três fontes do Congresso disseram à Reuters que os funcionários do governo haviam indicado em particular que algumas mortes podem ter sido causadas pelo bombardeio convencional que se seguiu à liberação de gás sarin em bairros do subúrbio de Damasco.

Esta divulgação minou o apoio parlamentar ao plano do presidente norte-americano, Barack Obama, para atacar a Síria, disseram as fontes.

Uma porta-voz da Casa Branca encaminhou todas as perguntas sobre o número de mortos, incluindo um pedido de comentário sobre se a controvérsia sobre o número estava minando o apoio no Congresso para a política do governo, à agência de inteligência.


"As avaliações da comunidade de inteligência têm um nível elevado, mas é praticamente impossível atingir 100 por cento de certeza", disse a porta-voz-chefe do Escritório do Diretor de Inteligência Nacional, Shawn Turner.

"Essa não é a forma como a inteligência trabalha. Somos extremamente rigorosos em nossa metodologia e estamos constantemente nos desafiando a ser mais exigentes", disse Shawn. "Temos discutido a nossa metodologia com o Congresso e eu não estou ciente de qualquer preocupação." Uma das fontes do Congresso disse que autoridades do governo disseram a portas fechadas que não podiam excluir que algumas vítimas incluídas no número de vítimas fatais poderiam ter morrido atingidas por partes de explosivos convencionais dos foguetes que transportavam o gás venenoso ou pelo fogo de artilharia que, segundo os EUA, se seguiu ao ataque químico.

Uma segunda fonte, que é simpática à política da Casa Branca, disse que ressalvas feitas por autoridades do governo ao número total de 1.429 mortos eram de uma magnitude suficiente para fazer a fonte evitar citar a cifra.

Uma terceira fonte afirmou que funcionários do governo confrontaram questões pontuais de parlamentares sobre a exatidão dos números e reconheceram que "não podiam ter certeza" sobre a causa da morte de algumas pessoas contabilizadas como vítimas de envenenamento químico.

Uma autoridade do governo familiarizada com o assunto negou que houvesse dúvidas sobre a forma como os 1.429 corpos foram contados. Uma segunda autoridade afirmou que funcionários do Congresso ouviram o que quiseram ouvir porque muitos parlamentares se opuseram ao plano de Obama.

Fontes do governo disseram à Reuters que levaram em conta uma metodologia de inteligência válida para fazer a estimativa do número de mortos. Um funcionário disse que esse processo envolveu a análise de imagens de vídeo das vítimas, eliminando do número de fatalidades qualquer pessoa viva, corpos com ferimentos visíveis e corpos com manchas de sangue.


Ferramentas de inteligência sigilosas foram então usadas para confirmar a procedência dos vídeos e garantir que os corpos não foram contados duas vezes, disse o funcionário, observando que a inteligência dos EUA teve mais recursos para coletar informações do que grupos de direitos humanos ou organizações não governamentais, que tinham um número menor de mortos.

"Ninguém que tenha olhado para a inteligência acha que este número está equivocado", disse um oficial sênior dos EUA.

"É o que era o número naquele dia. Sabemos que 1.400 pessoas foram mortas. À medida que temos novas informações, o número pode mudar", acrescentou.

A inteligência francesa diz que o número de mortos pelo ataque com gás pode ser tão alto quanto 1.500, mas confirmou apenas 281 vítimas a partir de provas de vídeo.

As estimativas da inteligência britânica, do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado em Londres, e da organização não governamental Médicos Sem Fronteiras estão na faixa de 322 a 355.

As fontes do Congresso disseram que alguns parlamentares pediram acesso ao material bruto analisado pela inteligência norte-americana, mas que até agora o governo forneceu apenas relatórios com informações resumidas de informantes humanos, espionagem eletrônica e imagens de satélite.

O governo sírio negou ter realizado qualquer ataque com gás, embora tenha reconhecido que tem esse tipo de arma e está em negociações para desmantelar seus estoques.

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