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Texas não quer nem ouvir falar de muro proposto por Trump

A ideia de Trump de construir um muro na fronteira entre EUA e México para prevenir a imigração ilegal não parece obter nenhum apoio no Vale do Rio Grande

Donald Trump: "Necessitamos proteger nossos parceiros no sul. Temos muita gente do México investindo aqui e essa é a razão do êxito de Mission", disse prefeito de cidade fronteiriça com México (L.E. Baskow/Las Vegas Sun/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2015 às 11h38.

Mission - Apesar de alguns prefeitos da região fronteiriça do Vale do Rio Grande concordarem com a maior parte das ideias dos conservadores, nenhum quer ouvir falar do muro que o pré-candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump , propõe construir, mas, pelo contrário, de mais cooperação com o México .

Quando há um mês o republicano Trump viajou à fronteira dos EUA com o México, o prefeito de Mission (Texas), Beto Salinas, foi taxativo: "Que vá para Nova York".

Salinas, prefeito desta cidade fronteiriça de 80 mil habitantes há 17 anos e que tem uma estátua de si mesmo na porta de seu gabinete, recebeu com melhor vontade na semana passada o ex-governador da Flórida, Jeb Bush, em sua visita à cidade de McAllen.

"Necessitamos proteger nossos parceiros no sul. Temos muita gente do México investindo aqui e essa é a razão do êxito de Mission", explicava Salinas depois de se reunir com um candidato republicano com fortes vínculos com o México.

"Pelo menos, os planos de Bush são realistas", disse em entrevista à Agência Efe Jim Darling, o prefeito independente da fronteiriça McAllen, que comentou que os políticos republicanos gostam de tirar fotos patrulhando o rio e os democratas visitando centros de detenção de imigrantes.

A ideia de Trump de construir um muro ao longo da fronteira entre Estados Unidos e México para prevenir a imigração ilegal não parece obter nenhum apoio no Vale do Rio Grande, onde a maior parte da atividade econômica está vinculada ao México.

Só é preciso atravessar pela ponte internacional Hidalgo/Reynosa, uma das seis desta região e por onde diariamente transitam mais de 30 mil veículos, e observar as empresas de logística para perceber que ao Vale do Rio Grande não interessa tentar crescer dando as costas para o México.

As cidades da fronteira querem acabar com a imigração ilegal por meio do desenvolvimento econômico do corredor fronteiriço em ambos lados do Rio Bravo (como é conhecido no México) e com políticas de vistos sólidas, não com muros que "afogariam" uma das regiões mais pobres dos Estados Unidos.

"Não é preciso ser muito inteligente para se dar conta do grande potencial de uma maior cooperação econômica com o México", comentou Darling, que usou como exemplo as "maquiladoras" - centros de montagem-, propriedade de empresas dos Estados Unidos, que aproveitaram a mão-de-obra barata para terceirizar a produção ao estado mexicano de Tamaulipas.

O Vale, como é conhecida a região fronteiriça do sudeste do Texas, experimentou uma revolução econômica e demográfica em poucos anos, graças ao livre-comércio com o México e à migração, permitindo que uma região com alta pobreza cresça acima da média nacional e do estado.

Segundo um estudo do Federal Reserve de Dallas, os mexicanos gastam cerca de US$ 4,5 bilhões anuais em compras no varejo no lado texano da fronteira, algo que é possível constatar com um passeio por "La Plaza Mall", um centro comercial onde se fala espanhol quase exclusivamente e em cujo estacionamento as placas de carros de estados mexicanos competem em número com as do Texas.

Os dados do estudo de 2013 mostram a correlação direta que tem o aumento da produção das "maquiladoras" mexicanas na criação de empregos no lado americano e no "boom" do setor de serviços na região.

"Nós somos os que estamos na primeira linha quando há desacordos", assegurou Darling - que apoiou o governador republicano do Texas, Greg Abbott - em referência às divisões no Congresso americano para aprovar uma reforma migratória ou para coordenar políticas de desenvolvimento e segurança com o México.

Mas, além das ondas de imigração ilegal, que no ano passado colocaram McAllen no centro do debate, esta cidade não tem nenhum interesse em ver estendida a instabilidade que transformou o vizinho Tamaulipas no estado mais perigoso do México, segundo o Departamento de Estado.

"Quando se movimenta o dinheiro movido por cartéis, é fácil corromper as pessoas aqui em McAllen ou em Austin (capital administrativa do Texas)", disse Darling, que garantiu que a criminalidade se mantém baixa na cidade apesar de em algumas ocasiões algum "narcotraficante" acabar morto a tiros.

"Aqui eles vêm em busca de proteção, para se esconder, mas quando tropeçam com outro (inimigo) não podem se conter", relatou Darling.

Para Gilberto Hinojosa, presidente do Partido Democrata do Texas e morador de McAllen, propostas como a do muro ou a deportação de 11 milhões de imigrantes ilegais são motivadas por puro "racismo".

"Os primeiro afetados são os Estados Unidos, aqui há intercâmbios, comércio e investimentos; muitas companhias que se beneficiam (...) Além disso, os imigrantes ilegais fazem trabalhos que ninguém quer e seus filhos, totalmente integrados, nos representam pelo mundo com orgulho", opinou Hinojosa.

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Quando há um mês o republicano Trump viajou à fronteira dos EUA com o México, o prefeito de Mission (Texas), Beto Salinas, foi taxativo: "Que vá para Nova York".

Salinas, prefeito desta cidade fronteiriça de 80 mil habitantes há 17 anos e que tem uma estátua de si mesmo na porta de seu gabinete, recebeu com melhor vontade na semana passada o ex-governador da Flórida, Jeb Bush, em sua visita à cidade de McAllen.

"Necessitamos proteger nossos parceiros no sul. Temos muita gente do México investindo aqui e essa é a razão do êxito de Mission", explicava Salinas depois de se reunir com um candidato republicano com fortes vínculos com o México.

"Pelo menos, os planos de Bush são realistas", disse em entrevista à Agência Efe Jim Darling, o prefeito independente da fronteiriça McAllen, que comentou que os políticos republicanos gostam de tirar fotos patrulhando o rio e os democratas visitando centros de detenção de imigrantes.

A ideia de Trump de construir um muro ao longo da fronteira entre Estados Unidos e México para prevenir a imigração ilegal não parece obter nenhum apoio no Vale do Rio Grande, onde a maior parte da atividade econômica está vinculada ao México.

Só é preciso atravessar pela ponte internacional Hidalgo/Reynosa, uma das seis desta região e por onde diariamente transitam mais de 30 mil veículos, e observar as empresas de logística para perceber que ao Vale do Rio Grande não interessa tentar crescer dando as costas para o México.

As cidades da fronteira querem acabar com a imigração ilegal por meio do desenvolvimento econômico do corredor fronteiriço em ambos lados do Rio Bravo (como é conhecido no México) e com políticas de vistos sólidas, não com muros que "afogariam" uma das regiões mais pobres dos Estados Unidos.

"Não é preciso ser muito inteligente para se dar conta do grande potencial de uma maior cooperação econômica com o México", comentou Darling, que usou como exemplo as "maquiladoras" - centros de montagem-, propriedade de empresas dos Estados Unidos, que aproveitaram a mão-de-obra barata para terceirizar a produção ao estado mexicano de Tamaulipas.

O Vale, como é conhecida a região fronteiriça do sudeste do Texas, experimentou uma revolução econômica e demográfica em poucos anos, graças ao livre-comércio com o México e à migração, permitindo que uma região com alta pobreza cresça acima da média nacional e do estado.

Segundo um estudo do Federal Reserve de Dallas, os mexicanos gastam cerca de US$ 4,5 bilhões anuais em compras no varejo no lado texano da fronteira, algo que é possível constatar com um passeio por "La Plaza Mall", um centro comercial onde se fala espanhol quase exclusivamente e em cujo estacionamento as placas de carros de estados mexicanos competem em número com as do Texas.

Os dados do estudo de 2013 mostram a correlação direta que tem o aumento da produção das "maquiladoras" mexicanas na criação de empregos no lado americano e no "boom" do setor de serviços na região.

"Nós somos os que estamos na primeira linha quando há desacordos", assegurou Darling - que apoiou o governador republicano do Texas, Greg Abbott - em referência às divisões no Congresso americano para aprovar uma reforma migratória ou para coordenar políticas de desenvolvimento e segurança com o México.

Mas, além das ondas de imigração ilegal, que no ano passado colocaram McAllen no centro do debate, esta cidade não tem nenhum interesse em ver estendida a instabilidade que transformou o vizinho Tamaulipas no estado mais perigoso do México, segundo o Departamento de Estado.

"Quando se movimenta o dinheiro movido por cartéis, é fácil corromper as pessoas aqui em McAllen ou em Austin (capital administrativa do Texas)", disse Darling, que garantiu que a criminalidade se mantém baixa na cidade apesar de em algumas ocasiões algum "narcotraficante" acabar morto a tiros.

"Aqui eles vêm em busca de proteção, para se esconder, mas quando tropeçam com outro (inimigo) não podem se conter", relatou Darling.

Para Gilberto Hinojosa, presidente do Partido Democrata do Texas e morador de McAllen, propostas como a do muro ou a deportação de 11 milhões de imigrantes ilegais são motivadas por puro "racismo".

"Os primeiro afetados são os Estados Unidos, aqui há intercâmbios, comércio e investimentos; muitas companhias que se beneficiam (...) Além disso, os imigrantes ilegais fazem trabalhos que ninguém quer e seus filhos, totalmente integrados, nos representam pelo mundo com orgulho", opinou Hinojosa.

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