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Terra em fúria — os desastres naturais que castigaram o mundo em 2018

Enchentes, furacões, ondas de frio e secas furiosas deixaram saldo dramático de ao menos 5 mil mortes no ano passado. Relembre alguns dos mais mortais

Tragédia: sobreviventes do incêndio na Califórnia. (Ray Chavez/Digital First Media/Getty Images)

Vanessa Barbosa

Publicado em 23 de dezembro de 2018 às 08h17.

Última atualização em 23 de dezembro de 2018 às 08h17.

São Paulo - É comum associar os efeitos das mudanças climáticas a um futuro distante. No entanto, para as mais de 30 milhões de pessoas afetadas por desastres naturais e eventos climáticos extremos em todo o mundo em 2018, o descontrole da natureza, intensificado pelas atividades humanas, tem impactos não apenas atuais como mortais.

Enchentes, furacões, ondas de frio e secas furiosas causaram ao menos 5 mil mortes no ano passado, segundodados do Centro de Pesquisa sobre Epidemiologia de Desastres (Cred), na Bélgica.

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Esses números dramáticos ilustram a importância do recente alerta da ONU de que o mundo tem no máximo 12 anos para fazer cortes profundos nas emissões de dióxido de carbono (CO2) , vilão do aquecimento global, e evitar catástrofes climáticas ainda piores e com danos irreversíveis.

Além da fúria climática, vários países enfrentaram ainda desastres geológicos, como terremotos e erupções vulcânicas, que ceifaram milhares de vidas. Confira a seguir alguns dos desastres mais mortais do ano.

Terremoto e tsunami na Indonésia

Vários tremores de terra atingiram a Indonésia entre julho e agosto, mas o evento mais devastador da região ocorreu no final de setembro, quando umterremoto de magnitude 7,5 perto na ilha de Sulawesi provocou um tsunami com ondas de mais de seis metros. Combinados, os desastres provocaram deslizamentos de terra em toda a região, derrubando cidades inteiras e deixando mais de 2 mil mortos e 300 mil desabrigados.

Terremoto seguido de tsunami deixa mais de 800 mortos na Indonésia

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"Vulcão de fogo" na Guatemala

Situado a 3.763 metros de altura ao sudoeste da capital da Guatemala , o "Vulcão de Fogo", um dos mais ativos do mundo, levou caos e destruição para a comunidade de San Miguel Los Lotes. Em 3 de junho, uma forte erupção ceifou mais de 200 vidas e deixou mais de 200 desaparecidos, tornando-se a mais mortal da história na regiãodesde 1923. Não houve muito tempo para evacuação do local, que foi atingido por uma avalanche de material ardente.

Guatemala decreta estado de calamidade após erupção do Vulcão de Fogo

Enchentes mortais na Índia

A temporada de fortes chuvas das monções na Índia causou as piores enchentes da história do país, com um saldo assustador de 1,2 mil mortes, entre junho e agosto do ano passado, contra pouco mais de 600 vítimas fatais em 2017. As inundações castigaram principalmente o estado de Kerala, importante centro turístico no sudoeste do país, e foram agravadas por falhas na gestão de represas da região.

-(Sivaram V/Reuters)

Japão

No apagar das luzes de cada ano, o Japão escolhe um símbolo para representar o ano que passou. Em 2018, o símbolo escolhido foi o do "desastre". Não à toa. O país sofreu com uma série de eventos climáticos e geológicos nos últimos 12 meses. Mais de 150 pessoas morreram durante a onda de calor inclemente do verão e outras 200 padeceram sob as fortes enchentes que castigaram o país entre julho e agosto.

Trabalhadores de resgate em casas danificadas em Hiroshima, no Japão, após fortes chuvas (Kyodo/Reuters) (Kyodo/Reuters)

Emergência nacional na Nigéria

A temporada de chuvas de 2018 levaram a Nigéria a declarar estado de emergência nacional: 80% do país foi afetado pelas enchentes, que foram agravadas pelo transbordamento dos dois principais rios da região, o Niger e o Benue. O desastre deixou mais de 200 mortes e centenas de feridos.

-(Photo by Sodiq Adelakun/Anadolu Agency/Getty Images)

Dias "infernais" no Paquistão

Os paquistaneses viveram dias infernais entre os meses de abril e maio, quando uma onda de calor recorde envolveu o país e fez o termômetro bater mais de 50ºC em algumas localidades. Na cidade deNawabshah, o fenômeno extremo causou blecautes de energia e falhas no abastecimento de água. Ao menos 180 pessoas morreram em decorrência de doenças e problemas de saúde associados ao calor intenso.

-(Paula Bronstein/Getty Images)

Grécia em chamas

Uma série de incêndios florestais transformaram as paisagens idílica da Grécia , em uma monstruosa fogueira a céu aberto. O fogo irrompeu em vários pontos do país simultaneamente, inclusive na capital Atenas, inflamado pelos fortes ventos e clima seco, e matou mais de 120 pessoas. O país não sofria tanto com incêndios florestais desde 2007, ano em que eventos semelhantes mataram mais de 70 pessoas.

-(FLYGREECEDRONE/Reuters)

Califórnia ardeu como nunca antes

Ao menos 85 pessoas morreram e mais de 1.000 desapareceram nos mais mortais incêndios da história da Califórnia.Embora incêndios sejam inerentes para regeneração do ecossistema do estado norte-americano, eles têm se intensificado em extensão e intensidade, sinal que os cientistas atribuem aos efeitos das mudanças climáticas, que tornam o ar mais árido e quente e a vegetação mais seca (apesar do governo americano ter culpado o manejo florestal).

Dos 20 maiores incêndios florestais registrados na história da Califórnia, 15 ocorreram desde o ano 2000. Segundo o US Geological Survey, a temporada de incêndios florestais de 2018 na Califórnia emitiu tanto dióxido de carbono quanto o estado produz a partir da geração de eletricidade em um ano.

Clima em transe: dos 20 maiores incêndios florestais da Califórnia, 15 ocorreram desde 2000. (SandyHuffake / Stringer/Getty Images)

Portugal também enfrentou chamas violentas

Ondas violentas deincêndiostambém assolaram Portugal,alimentadas pelos fortes ventos, tempo seco e baixa umidade do ar. O número de vítimas mortais passou de 80 e o de feridos superou 200. A maioria das mortes foram causadas pela inalação da fumaça tóxica liberada no incêndios, mas muitas das vítimas ficaram encurraladas em suas casas e carros com o avanço rápido das chamas. As autoridades declararam estado de emergência e precisaram de ajuda europeia para aplacar os principais focos de incêndio, concentrados nas cidades costeiras de Mati e Nea Makri.

-(Rafael Marchante/Reuters)

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