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Taiwan terá eleição presidencial pela identidade e soberania

O principal partido da oposição, o Partido Democrático Progressista (PDP), vão ser os principais beneficiários da insatisfação popular

Taiwan: o PDP espera aproveitar a insatisfação dos eleitores para conquistar também e, pela 1ª vez, a maioria dos 113 lugares do Parlamento (Olivia Harris / Reuters)
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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2016 às 13h34.

A população de Taiwan deverá eleger no sábado (16), após anos de aproximação de Pequim, um presidente menos favorável à China, num escrutínio que simboliza a luta pela identidade e soberania da ilha em relação ao gigante asiático.

O principal partido da oposição, o Partido Democrático Progressista (PDP), e a dirigente, Tsai Ing-Wen, de 59 anos, vão ser os principais beneficiários da insatisfação popular e Tsai poderá tornar-se a primeira mulher a ocupar a Presidência da República da China, de acordo com as últimas sondagens.

As últimas sondagens atribuem a Tsai 40% dos votos ou o dobro do que pode obter o candidato do KMT, Eric Chu, de 54 anos, presidente da Nova Taipé.

Está também na corrida presidencial o conservador James Soong, de 72 anos, saído das fileiras do KMT e presidente de um movimento favorável a Pequim, o Partido Povo Primeiro.

Uma vitória de Tsai dará ao PDP a segunda presidência, depois dos dois mandatos de Chen Shui-Bian (2000-2008).

O PDP espera aproveitar a insatisfação dos eleitores para conquistar também e, pela primeira vez, a maioria dos 113 lugares do Parlamento, nas legislativas que decorrem no mesmo dia.

Se vencer, Tsai sucederá Ma Ying-Jeou, membro do Kuomintang (KMT) e líder de uma política inédita de oito anos de aprofundamento dos laços com Pequim, que resultou, em novembro, numa histórica cúpula bilateral entre Ma e o presidente chinês, Xi Jinping, 66 anos depois da violenta separação entre os dois lados do estreito.

A ilha é independente desde 1949, data em que os nacionalistas do KMT ali se refugiaram depois de terem sido derrotados pelos comunistas, que fundaram, no continente, a República Popular da China.

Pequim considera Taiwan parte da China, que deverá ser reunificada, se necessário pela força.

O diálogo iniciado pelo KMT permitiu a assinatura de acordos comerciais e um aumento do turismo na ilha, mas muitos habitantes receiam que, ao tornar o país economicamente dependente de Pequim, a ilha perca identidade e soberania, além de considerarem que essa política só beneficia as grandes empresas.

"Tenho medo de um governo entusiasta das relações com a China sem uma avaliação cuidadosa dos riscos", disse Lee Yi-Chung, um empresário de Taiwan. "Não quero que Taiwan seja dirigido pela China".

A oposição acusou o presidente de ter vendido a ilha, em segredo, à China. Em 2014, o Parlamento foi ocupado por manifestantes em protesto contra um acordo comercial que alegaram ter sido negociado em segredo.

Para Lee Shiao-Feng, professor na universidade nacional de Educação de Taipé, a população receia que a ilha seja um dia "engolida" por Pequim. "Eles querem dizer 'não' à China. Os estudos mostram que cada vez mais pessoas, mesmo os continentais de segunda ou terceira geração, consideram-se de Taiwan e não chineses."

Tsai afirmou que a ilha deve se posicionar contrariamente à dependência econômica de Pequim e prometeu que ouvirá a opinião pública sobre as relações bilaterais.

Sinal de pragmatismo, a candidata teve o cuidado de sublinhar que o status quo será mantido, moderando consideravelmente o discurso tradicionalmente independentista do PDP.

O objetivo é tranquilizar não só Pequim, mas também os Estados Unidos, principal aliado de Taipé, que querem manter a estabilidade na região. Por outro lado, a grande maioria dos eleitores também quer a paz.

Pequim já advertiu que não negociará com um dirigente que não reconheça o princípio de que Taiwan faz parte "de uma única China".

Esse consenso tático, concluído em 1992 entre os dois lados, determina a existência de "uma única China", deixando a cada parte a interpretação deste princípio.

Diversos especialistas consideraram que a China não pretende alienar Taiwan, caso Tsai vença as eleições, dado que o objetivo final é a reunificação.

"Pelo menos durante o primeiro ano, Pequim vai avançar com gestos de conciliação", afirmou Willy Lam, professor do centro de Estudos Chineses da universidade chinesa de Hong Kong. "[Mas] se após dois ou três anos, o governo continuar a mostrar sinais de indiferença em relação ao diálogo político, é possível que Pequim endureça a sua posição", acrescentou.

"As relações vão se arrefecer", previu Steve Tsang, professor de Estudos sobre a China Contemporânea na universidade de Nottingham (Reino Unido). "Tsai não fará nada, nem dirá algo para provocar Pequim, mas Pequim não confia nela [ou no PDP]", disse.

Durante o percurso da China em direção à posição dominante que ocupa agora no mundo, Taiwan foi sendo progressivamente marginalizada na cena diplomática, sendo apenas oficialmente reconhecida por 22 países.

A ilha mantém laços informais com os Estados Unidos.

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A população de Taiwan deverá eleger no sábado (16), após anos de aproximação de Pequim, um presidente menos favorável à China, num escrutínio que simboliza a luta pela identidade e soberania da ilha em relação ao gigante asiático.

O principal partido da oposição, o Partido Democrático Progressista (PDP), e a dirigente, Tsai Ing-Wen, de 59 anos, vão ser os principais beneficiários da insatisfação popular e Tsai poderá tornar-se a primeira mulher a ocupar a Presidência da República da China, de acordo com as últimas sondagens.

As últimas sondagens atribuem a Tsai 40% dos votos ou o dobro do que pode obter o candidato do KMT, Eric Chu, de 54 anos, presidente da Nova Taipé.

Está também na corrida presidencial o conservador James Soong, de 72 anos, saído das fileiras do KMT e presidente de um movimento favorável a Pequim, o Partido Povo Primeiro.

Uma vitória de Tsai dará ao PDP a segunda presidência, depois dos dois mandatos de Chen Shui-Bian (2000-2008).

O PDP espera aproveitar a insatisfação dos eleitores para conquistar também e, pela primeira vez, a maioria dos 113 lugares do Parlamento, nas legislativas que decorrem no mesmo dia.

Se vencer, Tsai sucederá Ma Ying-Jeou, membro do Kuomintang (KMT) e líder de uma política inédita de oito anos de aprofundamento dos laços com Pequim, que resultou, em novembro, numa histórica cúpula bilateral entre Ma e o presidente chinês, Xi Jinping, 66 anos depois da violenta separação entre os dois lados do estreito.

A ilha é independente desde 1949, data em que os nacionalistas do KMT ali se refugiaram depois de terem sido derrotados pelos comunistas, que fundaram, no continente, a República Popular da China.

Pequim considera Taiwan parte da China, que deverá ser reunificada, se necessário pela força.

O diálogo iniciado pelo KMT permitiu a assinatura de acordos comerciais e um aumento do turismo na ilha, mas muitos habitantes receiam que, ao tornar o país economicamente dependente de Pequim, a ilha perca identidade e soberania, além de considerarem que essa política só beneficia as grandes empresas.

"Tenho medo de um governo entusiasta das relações com a China sem uma avaliação cuidadosa dos riscos", disse Lee Yi-Chung, um empresário de Taiwan. "Não quero que Taiwan seja dirigido pela China".

A oposição acusou o presidente de ter vendido a ilha, em segredo, à China. Em 2014, o Parlamento foi ocupado por manifestantes em protesto contra um acordo comercial que alegaram ter sido negociado em segredo.

Para Lee Shiao-Feng, professor na universidade nacional de Educação de Taipé, a população receia que a ilha seja um dia "engolida" por Pequim. "Eles querem dizer 'não' à China. Os estudos mostram que cada vez mais pessoas, mesmo os continentais de segunda ou terceira geração, consideram-se de Taiwan e não chineses."

Tsai afirmou que a ilha deve se posicionar contrariamente à dependência econômica de Pequim e prometeu que ouvirá a opinião pública sobre as relações bilaterais.

Sinal de pragmatismo, a candidata teve o cuidado de sublinhar que o status quo será mantido, moderando consideravelmente o discurso tradicionalmente independentista do PDP.

O objetivo é tranquilizar não só Pequim, mas também os Estados Unidos, principal aliado de Taipé, que querem manter a estabilidade na região. Por outro lado, a grande maioria dos eleitores também quer a paz.

Pequim já advertiu que não negociará com um dirigente que não reconheça o princípio de que Taiwan faz parte "de uma única China".

Esse consenso tático, concluído em 1992 entre os dois lados, determina a existência de "uma única China", deixando a cada parte a interpretação deste princípio.

Diversos especialistas consideraram que a China não pretende alienar Taiwan, caso Tsai vença as eleições, dado que o objetivo final é a reunificação.

"Pelo menos durante o primeiro ano, Pequim vai avançar com gestos de conciliação", afirmou Willy Lam, professor do centro de Estudos Chineses da universidade chinesa de Hong Kong. "[Mas] se após dois ou três anos, o governo continuar a mostrar sinais de indiferença em relação ao diálogo político, é possível que Pequim endureça a sua posição", acrescentou.

"As relações vão se arrefecer", previu Steve Tsang, professor de Estudos sobre a China Contemporânea na universidade de Nottingham (Reino Unido). "Tsai não fará nada, nem dirá algo para provocar Pequim, mas Pequim não confia nela [ou no PDP]", disse.

Durante o percurso da China em direção à posição dominante que ocupa agora no mundo, Taiwan foi sendo progressivamente marginalizada na cena diplomática, sendo apenas oficialmente reconhecida por 22 países.

A ilha mantém laços informais com os Estados Unidos.

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