Suposta amante de Putin reaparece em público e EUA estuda sanções
Existem sanções contra a venda de petróleo russo, de gás russo, mas as sanções definitivas nas mãos do Ocidente são, sem dúvida, contra Alina Kabaeva
Carlo Cauti
Publicado em 25 de abril de 2022 às 15h06.
Última atualização em 25 de abril de 2022 às 15h59.
A suposta amante do presidente da Rússia, Vladimir Putin, Alina Kabaeva, reapareceu em público pela primeira vez desde o começo da invasão na Ucrânia.
Nesse final de semana, Kabaeva reapareceu em Moscou, na Arena VTB, como madrinha de uma competição nacional das melhores jovens ginastas russas.
A competição leva seu nome, já que a atleta é considerada uma lenda na Rússia.
Ela já foi campeã mundial por nove vezes, além de ter conquistado inúmeras medalhas em competições internacionais.
E poderia ter sido campeã do mundo dez vezes. Mas um caso de doping em 2001 tirou o título dela e o concedeu para a segunda classificada. Ironicamente, uma atleta ucraniana.
Após a competição em Moscou, Kabaeva deu conselhos para os atletas sobre a futura carreira. Mas seu discurso foi muito além do esporte, e acabou falando da atual situação política que vive a Rússia.
Para ela, "o que está acontecendo, com a exclusão de nossos atletas das competições internacionais, é uma das páginas mais vergonhosas da história moderna. Quando civis foram mortos na Iugoslávia, Iraque, Líbia e Síria, o Ocidente nunca teve problemas e nunca sancionou nenhum Estado que participou da destruição desses países”.
Estas são as mesmas palavras utilizadas por Putin, o homem que a imprensa internacional indica como seu suposto amante.
Para Kabaeva, "as autoridades esportivas internacionais explodiram de raiva quando nossa Rússia decidiu proteger Donbass e Lugansk dos nazistas que assolavam essas regiões. Mas eles devem colocar suas almas em paz, porque a Rússia foi e será uma grande potência esportiva, e eles não vão poder fazer nada".
Kabaeva falou atrás de um grande pôster com a inscrição "Z", a letra utilizada pelas Forças Armadas russas em seus tanques durante a invasão da Ucrânia, e que se tornou um símbolo nacionalista.
E, detalhe não irrelevante, na VTK Arena Kabaeva exibiu um anel na mão direita, onde, na Rússia, se usa a aliança de casamento.
Kabaeva amante de Putin?
Putin é oficialmente solteiro desde 2014, quando divorciou de sua primeira esposa, Ludmila Shkrebneva.
Eles se casaram em 1983 e têm duas filhas, Maria e Katerina, de 36 e 35 anos.
A relação com a ex-ginasta tornou-se pública em 2008, quando o jornal Russkij Reporter publicou uma matéria sobre o assunto. O jornal foi fechado no mês seguinte pelo governo russo.
Naquela época, Kabaeva havia sido eleita pouco mais de um ano antes como deputada na Duma, a Câmara baixa do parlamento russo, pelo partido Rússia Unida, o mesmo de Putin.
Além da notícia publicada pelo Russkij Reporter, nunca vazou nada sobre seu suposto relacionamento com o presidente russo.
Eles nunca apareceram juntos, mas nunca foi um mistério que eles fossem muito próximos.
A ex-ginasta tem três filhos pequenos que moram com ela. Há poucas dúvidas sobre a identidade do pai, mesmo que ela e o Kremlin sempre tenham negado qualquer envolvimento do presidente.
Carreira meteórica
Em 2014, Kabaeva foi nomeada presidente do conselho de administração da NMG, o maior grupo editorial do país, criado pelo oligarca Yuri Kovalchuk, de 70 anos.
Kovalchuk é considerado pelos Estados Unidos "o conselheiro mais próximo de Putin".
Ele expressaria um forte pensamento antiocidental e antiliberal, e é também conhecido por seu pensamento "conspiratório", que se reflete nos talk shows de suas televisões.
Em 2018, Kabaeva desapareceu da vida pública, exceto por breves aparições relacionadas à sua antiga atividade esportiva. Naquele momento ela estava ganhando cerca de US$ 12 milhões por ano.
Segundo o jornal americano The Wall Street Journal , os Estados Unidos estariam considerando impor sanções contra Kabaeva, conforme já solicitado abertamente pelo governo ucraniano.
Nada está decidido ainda, mas existe a possibilidade de que as sanções sejam impostas.
E o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos parece estar ciente do fato de que haveria consequências, porque Putin poderia reagir "de forma extremamente agressiva".
Justamente por isso, para não chegar ao ponto de ruptura final, os Estados Unidos se limitaram a impor sanções contra as "filhas adultas" de Putin.
As que ele teve junto com a primeira mulher.
De fato, Washington ignorou a atual situação sentimental do presidente russo, deixando de fora das sanções o que é considerada sua nova família e sua atual parceira.
Portanto, nesse momento, existem vários tipos de sanções que o Ocidente pode impor contra a Rússia.
Há sanções contra a venda de petróleo russo, de gás russo, mas as últimas nas mãos do Ocidente são, sem dúvida, contra Alina Kabaeva.