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Suíça revela patrimônio de Kadafi, Mubarak e Ben Ali

Foram identificados também 410 milhões de francos vinculados ao ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, e 60 milhões do ex-presidente tunisiano Zine al Abidine Ben Ali

Mubarak foi deposto após 18 dias de protestos contra seu regime (Franco Origlia/Getty Images)

Mubarak foi deposto após 18 dias de protestos contra seu regime (Franco Origlia/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2012 às 19h44.

Genebra - A Suíça localizou 360 milhões de francos (415,8 milhões de dólares) em patrimônio possivelmente ilegal e vinculado ao líder líbio Muammar Gaddafi e seu círculo íntimo, disse a chancelaria na segunda-feira.

Foram identificados também 410 milhões de francos vinculados ao ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, e 60 milhões atribuídos ao ex-presidente tunisiano Zine al Abidine Ben Ali.

"No caso da Líbia, foram 360 milhões de francos suíços", disse o porta-voz Lars Knuchel à Reuters. "Essas quantias estão congeladas na Suíça por causa de ordens de bloqueio do governo suíço, potencialmente relacionadas a bens ilegais na Suíça."

Tunísia e Egito -- onde revoltas populares neste ano levaram à queda de Ben Ali e Mubarak -- estão em contato com a Justiça suíça para pleitear a devolução do dinheiro e dos imóveis. Mas não há discussões nesse sentido com a Líbia, onde Gaddafi resiste à rebelião, apoiada por bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

A Suíça havia anteriormente solicitado às suas instituições, principalmente financeiras, que fizessem um levantamento do patrimônio sob suspeita ligado aos três líderes norte-africanos.

Os valores encontrados estão bastante "estáveis", segundo Knuchel, que não quis informar quais os bancos onde as contas foram achadas, ou em quais cantões (províncias) estão os imóveis em questão. "Nunca especificamos as instituições. Não é só dinheiro, há patrimônio imobiliário", explicou.

A chancelaria líbia já havia negado que Gaddafi tivesse conta em bancos da Suíça ou de qualquer outro país estrangeiro.

As relações entre a Suíça e a Líbia estão abaladas desde julho de 2008, quando a polícia de Genebra prendeu um filho de Gaddafi, Hannibal, sob a acusação de cometer abusos contra duas empregadas domésticas. As acusações foram posteriormente arquivadas, graças a um acordo confidencial com as supostas vítimas.


Na época, a Líbia retirou mais de 5 bilhões de dólares dos bancos suíços, suspendeu as exportações de petróleo para a Suíça, e proibiu durante mais de um ano que dois executivos suíços que trabalhavam na Líbia deixassem o país.

A Suíça vem se empenhando nos últimos anos para se livrar da imagem de que seria um paraíso da lavagem de dinheiro.

Em janeiro, o país congelou os bens do presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, que seria deposto meses depois. Os ex-governantes Ferdinand Marcos, das Filipinas, e Sani Abacha, da Nigéria, também já sofreram sanções similares.

No caso de Abacha, a Suíça devolveu 800 milhões de dólares à Nigéria, num trâmite que levou quase cinco anos, segundo Knuchel. "Foi um bom exemplo de restituição", afirmou.

Também na segunda-feira, o ministério suíço das Finanças anunciou o início de procedimentos para devolver ao Haiti o patrimônio do ex-presidente Jean-Claude Duvalier, que está congelado desde 1986.

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