Síria: ONU lamenta paralisia do Conselho de Segurança
Com ampla maioria de 133 votos a favor, o plenário da ONU voltou a apontar o presidente sírio como o principal responsável da violência
Da Redação
Publicado em 3 de agosto de 2012 às 20h20.
Nações Unidas - A Assembleia Geral da ONU lamentou nesta sexta-feira em uma resolução a paralisia do Conselho de Segurança para frear a crise na Síria , um conflito marcado por ''graves abusos dos direitos humanos'' sobre os quais voltou a responsabilizar o regime do presidente Bashar al Assad.
Com ampla maioria de 133 votos a favor, frente a 31 abstenções e 12 contra, o plenário da ONU voltou a apontar diretamente o presidente sírio como o principal responsável da violência, mas também fez críticas internas e acusou o Conselho de Segurança de permitir que o banho de sangue perdure.
''Espero que o Conselho de Segurança escute alto e claro a mensagem que lhe entregou toda a comunidade internacional: sua paralisia é inaceitável'', disse após a votação, o embaixador da Arábia Saudita, Abdullah al Mualimi, presidente do grupo de países árabes na ONU, que impulsionaram a resolução.
Mualimi convocou os membros a movimentarem-se ''com unidade'' para deter ''o inaceitável banho de sangue'' na Síria, ao mesmo tempo em que se dirigiu concretamente à Rússia e China, que vetaram em três ocasiões resoluções no Conselho de Segurança, que ao contrário das da Assembleia são vinculativas.
O texto aprovado é uma nova condenação à Síria por parte da Assembleia Geral pelas graves violações dos direitos humanos e uso de armamento pesado, mas também inclui uma crítica ao ''fracasso do Conselho de Segurança para estabelecer medidas que garantam o cumprimento de suas decisões por parte das autoridades sírias''.
Após a votação, o presidente rotativo do Conselho de Segurança, o embaixador francês Gérard Araud, aplaudiu ''a colossal maioria'' recebida pela resolução, mas mostrou sua ''tristeza'' pela evidente ''incapacidade de atuar'' do órgão.
''Está muito claro que o Conselho de Segurança está bloqueado. Rússia e China já vetaram três textos, portanto não vejo como podemos avançar'', voltou a reconhecer perante a imprensa Araud.
Antes da votação, foram várias as vozes que reconheceram que a credibilidade do organismo está em jogo devido à inação do principal órgão de decisão da ONU em mais um momento-chave, enquanto o conflito se intensifica, especialmente depois que o enviado especial para a Síria, Kofi Annan, pediu demissão na quinta-feira.
''Seu anúncio nos obriga mais do que nunca a avançar com persistência e tomar medidas adicionais para proteger o povo sírio das contínuas atrocidades às quais estão sujeitos'', disse o presidente da Assembleia Geral, o catariano Abdulaziz al Nasser, ao pedir voto a favor da resolução que apresentaram os países árabes.
Nasser reconheceu que nestes momentos ''a credibilidade das Nações Unidas está em jogo, assim como também a estabilidade do Oriente Médio e a vida de milhares de pessoas inocentes''.
Inclusive, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, assegurou que ''o conflito na Síria é um teste para todos os valores da organização''.
''Não quero que a ONU suspenda esse teste. Quero mostrar ao povo da Síria e ao mundo que aprendemos as lições de Srebenica'', disse Ban em referência ao que definiu como ''um dos episódios mais negros'' da ONU, quando se viu incapaz de frear um dos maiores massacres da história, na Bósnia.
Essas mensagens, no entanto, não chegaram aos países mais reticentes a condenar Assad e pressioná-lo para deter o conflito: Rússia e China votaram contra o texto.
A divisão ficou clara na contagem dos resultados: a comunidade internacional conta com um amplo respaldo em sua crítica a Assad, mas o funcionamento do Conselho é inviável para frear o conflito enquanto a rejeição de Moscou e Pequim continuar.
A resolução rejeita ''toda violência independentemente de onde venha'', mas apresenta uma ''enérgica condenação'' contra as autoridades sírias, a quem acusa de ''um crescente uso de armamento pesado, incluindo o bombardeio indiscriminado com tanques e helicópteros, sobre núcleos de população''.
O texto reconhece que o ''primeiro passo para conseguir o fim da violência deve ser dado pelas autoridades sírias'', a quem pede para cumprir com o plano de paz de Annan.
O documento expressa ainda a ''grave preocupação'' dos países da ONU perante ''a ameaça de usar armas químicas ou biológicas'' lançada pelo regime de Assad há poucos dias em caso de uma intervenção estrangeira no país.
Desde o início, em março de 2011, o conflito sírio já causou mais de 17 mil mortos, um milhão e meio de deslocados e cerca de 150 mil refugiados nos países vizinhos, segundo a ONU.
Nações Unidas - A Assembleia Geral da ONU lamentou nesta sexta-feira em uma resolução a paralisia do Conselho de Segurança para frear a crise na Síria , um conflito marcado por ''graves abusos dos direitos humanos'' sobre os quais voltou a responsabilizar o regime do presidente Bashar al Assad.
Com ampla maioria de 133 votos a favor, frente a 31 abstenções e 12 contra, o plenário da ONU voltou a apontar diretamente o presidente sírio como o principal responsável da violência, mas também fez críticas internas e acusou o Conselho de Segurança de permitir que o banho de sangue perdure.
''Espero que o Conselho de Segurança escute alto e claro a mensagem que lhe entregou toda a comunidade internacional: sua paralisia é inaceitável'', disse após a votação, o embaixador da Arábia Saudita, Abdullah al Mualimi, presidente do grupo de países árabes na ONU, que impulsionaram a resolução.
Mualimi convocou os membros a movimentarem-se ''com unidade'' para deter ''o inaceitável banho de sangue'' na Síria, ao mesmo tempo em que se dirigiu concretamente à Rússia e China, que vetaram em três ocasiões resoluções no Conselho de Segurança, que ao contrário das da Assembleia são vinculativas.
O texto aprovado é uma nova condenação à Síria por parte da Assembleia Geral pelas graves violações dos direitos humanos e uso de armamento pesado, mas também inclui uma crítica ao ''fracasso do Conselho de Segurança para estabelecer medidas que garantam o cumprimento de suas decisões por parte das autoridades sírias''.
Após a votação, o presidente rotativo do Conselho de Segurança, o embaixador francês Gérard Araud, aplaudiu ''a colossal maioria'' recebida pela resolução, mas mostrou sua ''tristeza'' pela evidente ''incapacidade de atuar'' do órgão.
''Está muito claro que o Conselho de Segurança está bloqueado. Rússia e China já vetaram três textos, portanto não vejo como podemos avançar'', voltou a reconhecer perante a imprensa Araud.
Antes da votação, foram várias as vozes que reconheceram que a credibilidade do organismo está em jogo devido à inação do principal órgão de decisão da ONU em mais um momento-chave, enquanto o conflito se intensifica, especialmente depois que o enviado especial para a Síria, Kofi Annan, pediu demissão na quinta-feira.
''Seu anúncio nos obriga mais do que nunca a avançar com persistência e tomar medidas adicionais para proteger o povo sírio das contínuas atrocidades às quais estão sujeitos'', disse o presidente da Assembleia Geral, o catariano Abdulaziz al Nasser, ao pedir voto a favor da resolução que apresentaram os países árabes.
Nasser reconheceu que nestes momentos ''a credibilidade das Nações Unidas está em jogo, assim como também a estabilidade do Oriente Médio e a vida de milhares de pessoas inocentes''.
Inclusive, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, assegurou que ''o conflito na Síria é um teste para todos os valores da organização''.
''Não quero que a ONU suspenda esse teste. Quero mostrar ao povo da Síria e ao mundo que aprendemos as lições de Srebenica'', disse Ban em referência ao que definiu como ''um dos episódios mais negros'' da ONU, quando se viu incapaz de frear um dos maiores massacres da história, na Bósnia.
Essas mensagens, no entanto, não chegaram aos países mais reticentes a condenar Assad e pressioná-lo para deter o conflito: Rússia e China votaram contra o texto.
A divisão ficou clara na contagem dos resultados: a comunidade internacional conta com um amplo respaldo em sua crítica a Assad, mas o funcionamento do Conselho é inviável para frear o conflito enquanto a rejeição de Moscou e Pequim continuar.
A resolução rejeita ''toda violência independentemente de onde venha'', mas apresenta uma ''enérgica condenação'' contra as autoridades sírias, a quem acusa de ''um crescente uso de armamento pesado, incluindo o bombardeio indiscriminado com tanques e helicópteros, sobre núcleos de população''.
O texto reconhece que o ''primeiro passo para conseguir o fim da violência deve ser dado pelas autoridades sírias'', a quem pede para cumprir com o plano de paz de Annan.
O documento expressa ainda a ''grave preocupação'' dos países da ONU perante ''a ameaça de usar armas químicas ou biológicas'' lançada pelo regime de Assad há poucos dias em caso de uma intervenção estrangeira no país.
Desde o início, em março de 2011, o conflito sírio já causou mais de 17 mil mortos, um milhão e meio de deslocados e cerca de 150 mil refugiados nos países vizinhos, segundo a ONU.