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Síria autoriza entrada de comboios da ONU em cidade sitiada

A situação é dramática na cidade de Madaya, isolada pelas tropas de Bashar Al Assad, onde a população passa fome por estar sem comida desde outubro

Criança na cidade de Madaya, na Síria: com o inverno chegando, e a neve cobrindo as folhas, há gente comendo terra para sobreviver (Reprodução/YouTube)
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Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2016 às 18h14.

São Paulo - Um menino que não come há sete dias. Um bebê que toma leite em um intervalo de dez dias, e entre esse período, é alimentado com uma mistura de água e sal.

A situação é dramática em Madaya, cidade síria próxima de Damasco, onde vivem 40 mil pessoas. Uma guerra civil assola o país há quase cinco anos, e mais de 250 mil pessoas morreram. Outras 11 milhões foram forçadas a deixar suas casas.

A cidade está isolada pelas tropas de Bashar Al Assad , por ser um reduto oposicionista ao governo. De acordo com informações da rede Al Jazeera, é impossível sair de lá: além de sitiada, a cidade está cercada por minas terrestres.

De acordo com a ONU nesta quinta-feira (7) o governo sírio concordou com a entrada de comboios de ajuda e os caminhões com mantimentos podem chegar na cidade a partir da segunda-feira (12) - mas devem sofrer atrasos por causa da situação calamitosa em que a Síria está mergulhada.

Além disso, ainda não é certo que a ajuda vai chegar: no último ano, apenas 10% das solicitações da ONU para o envio de comboios para locais de difícil acesso foram aprovadas e concluídas.

Há relatos de moradores se alimentando de insetos, grama e folhas, visto que não há entrada de comida no local desde 18 de outubro do ano passado.

Com o inverno chegando, e a neve cobrindo as folhas, há gente comendo terra para sobreviver. Segundo relatos publicados na imprensa internacional, todos os cães e gatos da cidade também viraram alimento.

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"Nós nos esquecemos como é o gosto do pão", contou um jovem á agência AFP.

Diante da escassez de alimentos, um homem chegou a tentar trocar o seu carro por 10 quilos de arroz, contou o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos, Rami Abdul Rahman.

Quem tem recursos paga enormes quantias a oficiais do governo para obter pequenas quantidades de comida. O quilo de arroz na cidade chega a valer mais de R$ 1.000, assim como poucas gramas de leite em pó.

"Nós tínhamos algumas flores em vasos. Ontem nos arrancamos as pétalas e comemos, mas o gosto era amargo, horrível", contou uma assistente social ao jornal britânico Guardian.

Segundo informações da BBC, não há relatos oficiais de mortes causadas pela fome, mas a organização internacional Médicos Sem Fronteiras afirma que, em uma de suas instalações, 23 pessoas morreram de fome desde 1º de dezembro.

Entre as vítimas, seis eram bebês menores de um ano.

Segundo a ONU, 4,5 milhões de sírios precisam de alimentos e 15 cidades estão sitiadas, com 400 mil pessoas sem acesso a comida.

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