Siemens cancela aumento de executivos para apoiar BenQ Mobile
Após críticas do governo e de políticos alemães, a companhia decide aplicar os recursos em um fundo de solidariedade aos funcionários da BenQ na Alemanha
Da Redação
Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h39.
A crise da unidade alemã da BenQ, que declarou insolvência na semana passada e deve pedir concordata nos próximos dias, resvalou na Siemens. A gigante alemã vendeu, em junho do ano passado, sua divisão de aparelhos celulares para a companhia chinesa. A operação foi um modo de a Siemens afastar-se de um setor no qual os prejuízos se acumulavam. Mas a possibilidade de muitos trabalhadores alemães empregados pela BenQ serem demitidos diante das dificuldades da companhia no país mostra que a Siemens ainda não está livre de problemas com sua antiga unidade de negócios.
A companhia alemã anunciou, nesta segunda-feira (2/10), que cancelou um reajuste de 30% já anunciado para os salários de seus executivos. A decisão foi uma das reações às críticas de políticos e do governo alemão de que a empresa não se importava com o destino de seus ex-funcionários. Após um encontro hoje com a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, o presidente executivo da Siemens, Klaus Kleinfeld, anunciou a criação de um fundo de solidariedade para os funcionários da BenQ no país. O fundo será de 35 milhões de euros (cerca de 44 milhões de dólares). Do total, 5 milhões de euros sairão do reajuste cancelado dos executivos.
De acordo com o jornal britânico Financial Times, embora não seja incomum que executivos dividam com os funcionários os prejuízos de uma operação, o caso da Siemens é mais raro, pois significa reverter um aumento já concedido em prol de colaboradores que já atuaram na empresa. "O debate começou a causar danos reais à imagem da empresa e decidimos que era preciso agir rápido", afirmou o grupo alemão em nota à imprensa.
A Siemens também informou que estuda tomar medidas legais contra a BenQ. O principal alvo seria o contrato de uso da marca Siemens nos celulares da companhia alemã - uma das determinações do contrato de venda das operações à chinesa, no ano passado. O tom das críticas à Siemens, no episódio da concordata da BenQ alemã, foi tão elevado, que Kleinfeld teve que negar, inclusive, que as medidas anunciadas pela companhia chinesa, na semana passada, contavam com seu aval.