Separatistas celebram passeata antes de votação na Catalunha
Segundo a polícia municipal, era 1,4 milhão; segundo estimativas do governo espanhol na Catalunha, entre 520.000 e 550.000
Da Redação
Publicado em 11 de setembro de 2015 às 18h09.
Centenas de milhares de pessoas pediram nesta sexta-feira a independência da Catalunha nas ruas de Barcelona , uma manifestação que neste ano abre a campanha eleitoral regional, chave para tentar alcançar uma maioria parlamentar que permita a separação da Espanha.
Como acontece todo 11 de setembro, festa nacional da Catalunha, as ruas da segunda cidade da Espanha se encheram de pessoas que chegaram de carro, trem e de 2.000 ônibus desde os quatro cantos desta região de 7,5 milhões de habitantes, responsável por 19% do PIB da quarta economia da zona do euro.
Segundo a polícia municipal, era 1,4 milhão; segundo estimativas do governo espanhol na Catalunha, entre 520.000 e 550.000. Uma disparidade de números que se repete todos os anos.
"Querem continuar na Espanha?", gritava um manifestante em um alto-falante. "Não!", respondia a multidão reunida em uma grande avenida da cidade, onde balançavam um mar de 'estreladas', a bandeira separatista vermelha e amarela, decorada com uma estrela.
"Esta é a ante-sala da vitória do dia 27 de setembro. Espero que consigamos a independência, ainda que seja muito difícil", dizia à AFP Emilio Garrido, um motorista de 40 anos.
O chefe executivo catalão, o separatista Artur Mas, convocou eleições regionais antecipadas para 27 de setembro, que apresenta como um plebiscito sobre a secessão.
"Preferíamos um referendo como em Quebec e na Escócia, mas o único caminho que nos restava era organizar estas eleições", voltou a repetir nesta sexta-feira diante da imprensa estrangeira, convocada expressamente para dar relevância internacional à manifestação.
O governo conservador espanhol de Mariano Rajoy negou repetidamente a organização do tal referendo, alegando que corresponde à Espanha decidir sobre sua unidade.
"Por mais que nos digam que não podemos ir, nós continuaremos adiante", afirmava Vida Domenech, de 38 anos, envolta em uma 'estrelada', que viajou com sua irmã desde Tarragona, 100 km ao sul de Barcelona.
Às 17H14 locais (12H14 Brasília), em comemoração ao ano 1714, no qual Barcelona foi tomada pelas tropas castelhano-francesas de Felipe V, um grande ponteiro triangular de 60 kg foi levado por um grupo de esportistas que correram mais de 5 km simbolizando o avanço até uma "República catalã".
Paralelamente, grupos de 'castellers' levantavam as tradicionais torres humanas, símbolo de unidade, enquanto ao seu redor ressoavam bandas de música folclórica e a multidão gritava em coro "In-de-pen-dên-cia!".
Preocupação dentro e fora da Espanha
"Não é somente um problema político e econômico, é principalmente cultural", declara Claudio Cipone, um argentino de 48 anos, que vive na Catalunha desde 2001 e que agora se considera separatista.
Três pesquisas publicadas nesta semana concedem a vitória a duas listas separatistas: Junts pel Sí (Juntos pelo Sim), uma heterogênea coalizão de esquerda e direita impulsionada por Artur Mas, e a ultra-esquerdista CUP.
Não obteriam uma maioria de votos, mas, devido ao sistema eleitoral, talvez conseguiriam maioria parlamentar (68 sobre 35 deputados na câmara regional), que Mas e seus sócios consideram suficiente para lançar um plano que leve à separação em 18 meses.
Apesar de insistir que só se tratam de eleições regionais, o governo de Rajoy é consciente da transcendência das mesmas e multiplicou as visitas à região.
Na quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores, José Manuel García-Margallo, abriu pela primeira vez a porta para reformar a Constituição espanhola e para ceder uma maior autonomia fiscal às regiões, reivindicações históricas do nacionalismo catalão. Contudo, nesta sexta-feira, seu colega do Interior, Jorge Fernández Díaz, o contradisse.
Há pucos anos, só um quinto dos catalães se sentia separatista, mas o movimento cresceu em um contexto de crise econômica e tensão política desde que em 2010 o Tribunal Constitucional espanhol cortou um Estatuto de Autonomia da Catalunha aprovado por referendo quatro anos antes.
As consequências foram grandes manifestações a cada 11 de setembro. Mas muitos catalães continuam sem querer a separação.
"Eu respeito, mas que não contem comigo, eu me sinto espanhol e não quero que me tirem da Espanha", disse Alejandro Martínez, um desempregado de 22 anos que, sentado na rua, observava os manifestantes com ceticismo.
A preocupação também cresceu fora da Espanha, como mostra o aumento do prêmio de risco do país, maior que o italiano, e declarações de advertência à Catalunha, como a do primeiro-ministro britânico David Cameron que assegurou que no caso de secessão a região ficaria fora da União Europeia.
Centenas de milhares de pessoas pediram nesta sexta-feira a independência da Catalunha nas ruas de Barcelona , uma manifestação que neste ano abre a campanha eleitoral regional, chave para tentar alcançar uma maioria parlamentar que permita a separação da Espanha.
Como acontece todo 11 de setembro, festa nacional da Catalunha, as ruas da segunda cidade da Espanha se encheram de pessoas que chegaram de carro, trem e de 2.000 ônibus desde os quatro cantos desta região de 7,5 milhões de habitantes, responsável por 19% do PIB da quarta economia da zona do euro.
Segundo a polícia municipal, era 1,4 milhão; segundo estimativas do governo espanhol na Catalunha, entre 520.000 e 550.000. Uma disparidade de números que se repete todos os anos.
"Querem continuar na Espanha?", gritava um manifestante em um alto-falante. "Não!", respondia a multidão reunida em uma grande avenida da cidade, onde balançavam um mar de 'estreladas', a bandeira separatista vermelha e amarela, decorada com uma estrela.
"Esta é a ante-sala da vitória do dia 27 de setembro. Espero que consigamos a independência, ainda que seja muito difícil", dizia à AFP Emilio Garrido, um motorista de 40 anos.
O chefe executivo catalão, o separatista Artur Mas, convocou eleições regionais antecipadas para 27 de setembro, que apresenta como um plebiscito sobre a secessão.
"Preferíamos um referendo como em Quebec e na Escócia, mas o único caminho que nos restava era organizar estas eleições", voltou a repetir nesta sexta-feira diante da imprensa estrangeira, convocada expressamente para dar relevância internacional à manifestação.
O governo conservador espanhol de Mariano Rajoy negou repetidamente a organização do tal referendo, alegando que corresponde à Espanha decidir sobre sua unidade.
"Por mais que nos digam que não podemos ir, nós continuaremos adiante", afirmava Vida Domenech, de 38 anos, envolta em uma 'estrelada', que viajou com sua irmã desde Tarragona, 100 km ao sul de Barcelona.
Às 17H14 locais (12H14 Brasília), em comemoração ao ano 1714, no qual Barcelona foi tomada pelas tropas castelhano-francesas de Felipe V, um grande ponteiro triangular de 60 kg foi levado por um grupo de esportistas que correram mais de 5 km simbolizando o avanço até uma "República catalã".
Paralelamente, grupos de 'castellers' levantavam as tradicionais torres humanas, símbolo de unidade, enquanto ao seu redor ressoavam bandas de música folclórica e a multidão gritava em coro "In-de-pen-dên-cia!".
Preocupação dentro e fora da Espanha
"Não é somente um problema político e econômico, é principalmente cultural", declara Claudio Cipone, um argentino de 48 anos, que vive na Catalunha desde 2001 e que agora se considera separatista.
Três pesquisas publicadas nesta semana concedem a vitória a duas listas separatistas: Junts pel Sí (Juntos pelo Sim), uma heterogênea coalizão de esquerda e direita impulsionada por Artur Mas, e a ultra-esquerdista CUP.
Não obteriam uma maioria de votos, mas, devido ao sistema eleitoral, talvez conseguiriam maioria parlamentar (68 sobre 35 deputados na câmara regional), que Mas e seus sócios consideram suficiente para lançar um plano que leve à separação em 18 meses.
Apesar de insistir que só se tratam de eleições regionais, o governo de Rajoy é consciente da transcendência das mesmas e multiplicou as visitas à região.
Na quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores, José Manuel García-Margallo, abriu pela primeira vez a porta para reformar a Constituição espanhola e para ceder uma maior autonomia fiscal às regiões, reivindicações históricas do nacionalismo catalão. Contudo, nesta sexta-feira, seu colega do Interior, Jorge Fernández Díaz, o contradisse.
Há pucos anos, só um quinto dos catalães se sentia separatista, mas o movimento cresceu em um contexto de crise econômica e tensão política desde que em 2010 o Tribunal Constitucional espanhol cortou um Estatuto de Autonomia da Catalunha aprovado por referendo quatro anos antes.
As consequências foram grandes manifestações a cada 11 de setembro. Mas muitos catalães continuam sem querer a separação.
"Eu respeito, mas que não contem comigo, eu me sinto espanhol e não quero que me tirem da Espanha", disse Alejandro Martínez, um desempregado de 22 anos que, sentado na rua, observava os manifestantes com ceticismo.
A preocupação também cresceu fora da Espanha, como mostra o aumento do prêmio de risco do país, maior que o italiano, e declarações de advertência à Catalunha, como a do primeiro-ministro britânico David Cameron que assegurou que no caso de secessão a região ficaria fora da União Europeia.