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Sem medidas de restrição, pandemia durará mais na América Latina, diz Opas

Organização considerou que os latino-americanos adotaram medidas iniciais importantes para lidar com o problema, mas ressaltou que elas precisam continuar

Mulher com máscara protetora anda em calçada em Estácio, região central do Rio de Janeiro: casos na América Latina ainda estão em ascensão (Allan Carvalho/NurPhoto/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de junho de 2020 às 20h30.

Última atualização em 16 de junho de 2020 às 21h09.

Gerente de Vigilância à Saúde e Controle e Prevenção de Enfermidades da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Marcos Espinal afirmou que, caso as medidas de mitigação da covid-19 não forem adotadas ou pararem de ser reforçadas, a pandemia "pode durar muito mais tempo" na América Latina do que na Europa. A declaração foi feita hoje, durante entrevista coletiva da entidade.

Questionado sobre o assunto, Espinal começou apontando que essas comparações entre regiões são complexas, já que na Europa há países com mais recursos e na América Latina, mais desigualdade social. Ele considerou que os países latino-americanos adotaram medidas iniciais importantes para lidar com o problema, mas ressaltou que elas precisam continuar. "Do contrário podemos ver que isso continue por um tempo bastante importante", advertiu.

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"Os números indicam que em junho e julho a região ainda estará na presença de uma onda importante de casos e de mortes", afirmou Espinal. Ele ainda lembrou que, observando-se os exemplos de outros países, a reabertura econômica pode de fato levar a novos picos. "Estamos no epicentro dessa pandemia e as medidas devem continuar."

Diretor-assistente da Opas, Jarbas Barbosa disse que as Américas estão "sem dúvida" ainda na primeira fase da pandemia. Também para Barbosa, os países latino-americanos adotaram medidas importantes, antes do problema chegar com mais força à região. Barbosa ainda disse que é preciso que os países da região mantenham testes e outras medidas, no processo de reabertura, e que a Opas recomenda que sejam feitos testes em todos os casos suspeitos da doença.

Aumento da transmissão

O diretor assistente da Opas, Jarbas Barbosa destacou que Chile, Brasil, Peru e Argentina "estão em momento de aumento da transmissão" do novo coronavírus. Ele mencionou o caso específico do Chile, lembrando que o país mantém tendência de alta nos casos nas últimas "três ou quatro semanas", o que levou autoridades locais a reforçar o distanciamento social para conter a disseminação.

Também presente na coletiva virtual, Sylvain Aldighieri, gerente para Incidentes da Opas, disse que a entidade também está atenta à chegada da temporada de gripes na região. Ele ressaltou que a maior presença de vírus respiratórios pode pressionar mais os sistemas de saúde. Além disso, mencionou que pessoas já debilitadas pelo influenza podem desenvolver quadros mais graves caso contraiam também a covid-19.

Diretor de Emergências de Saúde da Opas, Ciro Ugarte pediu que os países adotem reabertura "de maneira gradual, progressiva". Além disso, comentou especificamente o quadro na Venezuela, dizendo que a situação do país na pandemia "continua a ser preocupante".

Gerente de Vigilância à Saúde e Controle e Prevenção de Enfermidades da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Marcos Espinal disse que a entidade recomenda que se centralize a gestão de todos os leitos de UTI disponíveis em cada país. Durante entrevista coletiva, Espinal argumentou que a gestão desse recurso "precisa estar muito bem coordenada", por isso é melhor a centralização.

Espinal também disse que a entidade tem insistido que as nações precisam manter o pacote de medidas na luta contra a disseminação do novos coronavírus. Ele lembrou que cada país é soberano para decidir quando reabrir suas economias, mas disse que é preciso reforçar essas medidas nesse processo. "A pandemia ainda não passou, ela está em seu pico na América Latina", advertiu.

Diretora da Opas, Carissa Etienne foi questionada sobre a relação da entidade com os Estados Unidos. Ela lembrou que esse laço é longínquo e ocorre em várias frentes, não apenas na pandemia. Além disso, garantiu que a entidade está disposta a responder a "qualquer preocupação dos EUA para fortalecer a Opas", num momento de críticas do presidente americano, Donald Trump, à Organização Mundial de Saúde (OMS), que anunciou a retirada do país desta entidade por suposto favorecimento à China na crise de saúde. A Opas é o braço regional da OMS.

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