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Sarajevo lembra centenário da Primeira Guerra Mundial

O assassinato do arquiduque Franz Ferdinand, herdeiro do trono austro-húngaro, e sua esposa Sophie ocorreu em uma manhã de junho


	Mais de 10 milhões de soldados morreram e impérios desmoronaram
 (Wikimedia Commons)

Mais de 10 milhões de soldados morreram e impérios desmoronaram (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2014 às 18h56.

Saravejo - Sarajevo lembrou neste sábado 100 anos do assassinato de um príncipe austríaco que acendeu o estopim para a Primeira Guerra Mundial com um concerto da Filarmônica de Viena, divulgando uma mensagem de unidade para um país dividido e um continente testado por lutas sociais e econômicas.

O assassinato do arquiduque Franz Ferdinand, herdeiro do trono austro-húngaro, e sua esposa Sophie em uma manhã de junho em Sarajevo, em 1914, por um servo-bósnio de 19 anos de idade chamado Gavrilo Princip fez as grandes potências marcharem para a guerra.

Mais de 10 milhões de soldados morreram e impérios desmoronaram. Sarajevo encerrou o século sob cerco das forças servo-bósnias durante a desintegração da Iugoslávia.

Ainda lidando com as consequências, antigas comunidades da Bósnia saudaram o centenário profundamente em desacordo sobre os motivos de Princip e seu legado.

Líderes da Sérvia e servo-bósnios, que consideram o assassino um herói, boicotaram os eventos em Sarajevo, irritados com o que dizem ser uma tentativa de vincular as guerras que abriram e fecharam o século 20, e de colocar a culpa sobre eles.

Eles planejavam reencenar o assassinato na cidade de Visegrad, gravada na memória dos bósnio-muçulmanos por uma onda de limpeza étnica pelos servo-bósnios no início da guerra de 1992-95.

Em Sarajevo, o presidente austríaco, Heinz Fischer, foi o convidado de honra em um show na restaurada Câmara Municipal, conhecida como Vijecnica, onde Ferdinand havia participado de uma recepção em 28 de junho de 1914.

O arquiduque e sua esposa deixaram o evento em um carro aberto, mas o motorista tomou um rumo errado e Princip os acertou com uma pistola Browning.

Os austríacos atacaram a Sérvia um mês depois e as grandes potências, já prontas para luta, entraram em guerra. A Vijecnica, que mais tarde tornou-se a Biblioteca Nacional, pegou fogo em 1992 sob o ataque de forças servo-bósnias.

O edifício tem uma placa condenando os "criminosos sérvios" que incendiaram as prateleiras, uma referência que o primeiro-ministro sérvio, Aleksandar Vucic, disse tê-lo impedido de comparecer ao local. Ele estava em Visegrad.

Sérvios veem Princip como um combatente da liberdade não apenas para os sérvios ortodoxos, mas também para muitos bósnio-muçulmanos e croatas católicos na Bósnia, com seu tiro derrubando uma cortina de séculos de ocupação imperial nos Balcãs. Essa foi a narrativa oficial por décadas na Iugoslávia socialista.

Mas o colapso do Estado conjunto quebrou percepções sobre Princip, que muitos bósnios e croatas veem como um nacionalista sérvio com as mesmas ambições territoriais que aquelas por trás da limpeza étnica da década de 1990.

A Bósnia foi dividida em duas regiões autônomas após a guerra, em um sistema altamente descentralizado de cotas étnicas que sufocaram o desenvolvimento e, dizem os críticos, apenas cimentaram as divisões.

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