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Rússia retira parte de tropas da fronteira com Ucrânia

Apesar da declaração, Otan diz que uma grande “força coercitiva” continua no local

Homem conversa com jornalistas enquanto ativistas pró-Rússia protestam perto da sede regional do Ministério do Interior, em Luhansk, no leste da Ucrânia (Valentyn Ogirenko/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2014 às 16h34.

Moscou/Bruxelas - A Rússia declarou nesta quinta-feira que está retirando tropas e equipamentos militares das regiões que fazem fronteira com a Ucrânia, mas a Organização do Tratado do Atlântico Norte ( Otan ) disse que uma grande “força coercitiva” continua no local.

Uma retirada de forças na divisa poderia amenizar as tensões na véspera da eleição presidencial ucraniana no domingo, que Estados Unidos e União Europeia esperam fortalecer o combativo governo central.

Moscou não cumpriu promessas anteriores para retirar as tropas da fronteira com o leste da Ucrânia, onde separatistas pró-Rússia declararam independência em algumas regiões.

A Ucrânia e seus aliados ocidentais veem as tropas como forças invasoras em potencial, dadas as declarações de Moscou de que tem o direito de intervir no seu vizinho ex-soviético para proteger os ucranianos falantes de russo.

Um general da Otan disse nesta quinta-feira que a Rússia está movendo as tropas, mas que a dimensão da manobra não está clara e que as forças próximas da fronteira continuam sendo uma ameaça em potencial.

“A força que permanece na fronteira é muito grande, é muito capaz e mantém uma postura muito coercitiva”, afirmou o general da Força Aérea dos EUA, Philip Breedlove, comandante aliado supremo da Otan na Europa, em uma entrevista coletiva à imprensa.

A aliança atlântica estimou o número de soldados russos na fronteira em 40 mil, mas Breedlove disse ser cedo demais para determinar o seu tamanho atual.

O Ministério de Defesa russo declarou nesta quinta-feira que 15 aviões de transporte e 20 trens levando pessoal e equipamento militar saíram das províncias fronteiriças de Rostov, Belgorod e Bryansk depois de finalizar exercícios militares na região.

A pasta não revelou quantas tropas estavam sendo retiradas nem quantas permanecerão.

“A movimentação de unidades é contínua rumo às estações de embarque, agora que finalizaram os exercícios planejados e testaram o preparo militar em condições reais”, informou um comunicado do ministério.

O Pentágono confirmou algum movimento de recuo das forças russas na fronteira, mas disse se tratar de uma cifra pequena até o momento e se recusou a dar estimativas.

O embaixador dos EUA na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Daniel Baer, disse que o seu país elogiaria a retirada das tropas, mas observou que a movimentação atual não é suficiente para confirmar um recuo total das forças.

Ele ainda criticou os planos da Rússia de realizar “exercícios” aéreos perto da fronteira ucraniana em 25 de maio, mesmo dia da eleição presidencial na Ucrânia.

São Paulo – Vladimir Putin apoiou o referendo na Crimeia sobre sua independência da Ucrânia afirmando que, assim, protegia os ucranianos de origem russa que ali viviam. Disse, também, que a manobra corrigia um erro histórico da época da União Soviética, quando a Crimeia foi “dada” à Ucrânia. Para Putin, a região sempre pertenceu à Rússia. Por essa lógica “histórica”, alguns outros países também poderiam reivindicar terras russas - que lhes foram tomadas décadas atrás após invasões, conquistas, guerras e negociações. Dessas regiões, algumas estão em franca disputa, outras são negociadas de maneira mais amena e, outras, estão sob total domínio russo e ninguém pensa em um conflito. Mas seus antigos donos poderiam tentar pegá-las de volta, se assim quisessem. Veja quais são:
  • 2. 1. Ilhas Kuril

    2 /16(Wikimedia Commons)

  • Veja também

    País que as reivindica: Japão As Ilhas Kuril estão localizadas ao norte do Japão e ao sudeste russo. Um século atrás, japoneses e russos assinaram um acordo dizendo que as quatro ilhas eram território japonês. Contudo, depois da Segunda Guerra Mundial, a Rússia tomou a região de volta e expulsou os japoneses que moravam ali em 1949.

  • 3. Ilhas Kuril

    3 /16(GoogleMaps)

  • Em uma das ilhas, há uma base militar russa. Em outra, há uma comunidade de 30 mil russos. O governo japonês nunca desistiu de reivindicar a posse das ilhas e desde os anos 1940 tenta, por vias diplomáticas, resolver o impasse. Tecnicamente, a Segunda Guerra Mundial não acabou para os dois países.
  • 4. 2. Ilha Bolshoi Ussuriysky

    4 /16(Wikimedia Commons)

    País que a reivindica: China A ilha Bolshoi Ussuriysky fica no Rio Ussuri, na ponta do extremo leste chinês, na fronteira com a Rússia. Após um impasse de décadas, os dois países fizeram uma redefinição de fronteiras em 2008. A Rússia cedeu a ilha Tarabarov e metade da ilha Bolshoi Ussuriysky.

  • 5. Ilha Bolshoi Ussuriysky

    5 /16(GoogleMaps)

    A União Soviética ocupara a região em 1929. Desde 1960, o governo chinês começou a pressionar o país para mudar as fronteiras. Ainda falta que metade da ilha vá par ao lado chinês.
  • 6. 3. "As 64 vilas do Rio Zeya"

    6 /16(Wikimedia Commons)

    País que as reivindica: China O apelido das "64 vilas" se refere às moradias presentes na região.  As vilas se localizam na margem direita do Rio Zeya. Do outro lado, está a cidade russa de Blagoveshchensk.  A região era chinesa, mas durante o Império Qing, foi cedida aos russos em 1858, após um conflito.

  • 7. "As 64 vilas do Rio Zeya"

    7 /16(GoogleMaps)

    Em 1991, o governo chinês decidiu que não reivindicaria mais as terras tomadas. Contudo, em Taiwan, a decisão nunca foi reconhecida e o governo chinês local continua a exigir a devolução da região. Há mapas em Taiwan que mostram a região como chinesa.
  • 8. 4. Distrito de Pytalovsky

    8 /16(Wikimedia Commons)

    País de origem: Letônia A região da Letônia viveu séculos de ocupações, até definir suas fronteiras no começo dos anos 1920. Durante a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética anexou o país e ainda tirou parte de suas terras, Pytalovsky, dizendo que ali a maioria era russa e, portanto, deveria ser território russo.

  • 9. Distrito de Pytalovsky

    9 /16(GoogleMaps)

    Mesmo com o fim da União Soviética e a independência da Letônia, o país não recebeu suas terras de volta. Em 2007, a Letônia aceitou deixar as fronteiras como estão. Mas poderia reivindicar a região novamente, se quisesse. Muitos moradores locais se identificam com a cultura da Letônia, não russa, e protestam até hoje.
  • 10. 5. Ivangorod

    10 /16(Keystone/Getty Images)

    País de origem: Estônia Em 1945, a cidade de Ivangorod se separou da cidade de Narva, divididas pelo Rio Narva. Elas pertenceram à Estônia até a União Soviética tomar a região e considerar que o rio seria a fronteira entre eles. Assim, as duas cidades ficaram separadas, cada uma em um país.

  • 11. Ivangorod

    11 /16(GoogleMaps)

    Após o fim da União Soviética, a Estônia tentou redefinir as fronteiras, como eram antes de 1945. Sem sucesso. Em 2010, os moradores de Ivangorod também tentaram voltar ao domínio estoniano, mas não conseguiram.
  • 12. 6. Karelia

    12 /16(Wikimedia Commons)

    País de origem: Finlândia Antes de começar a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética reivindicou terras do sul da Finlândia, na região de Leningrado, cidade estratégica do império. A Finlândia recusou ceder as terras, que acabaram sendo invandidas e tomadas em 1939 - em uma guerra que matou milhares.

  • 13. Karelia

    13 /16(GoogleMaps)

    A maior parte desse território perdido era a província de Karelia (Karjala). Junto, a segunda maior cidade finlandesa naquele tempo, Viipuri. Os russos batizaram Viipuri de Vyborg. Os finlandeses, com ajuda dos nazistas, até recuperam as terras, mas foram retomadas após o fim da guerra. Até hoje há grupos políticos que reivindicam as terras de volta.
  • 14. 7. Kaliningrado

    14 /16(Harry Engels/Getty Images)

    País de origem: Prússia (Alemanha) A região de Kaliningrado não está conectada ao restante do território russo, cercada pelo Mar Báltico, a Lituânia e a Polônia. Por séculos, foi uma região prússia, de expressão alemã, chamada Königsberg. A região foi tomada pelas tropas russas dos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial.

  • 15. Kaliningrado

    15 /16(GoogleMaps)

    A região foi para os braços dos russos com o fim da guerra. Os residentes germânicos foram imediatamente expulsos. Ao mesmo tempo, imigrantes russos foram enviados para a cidade - rebatizada de Kaliningrado, em homenagem ao líder Mikhail Kalinin. Hoje, é uma ilha russa no meio da Europa.
  • 16. Agora veja o que Putin pensa sobre a Crimeia

    16 /16(REUTERS/Baz Ratner)

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