Rússia nega ter manipulado provas de suposto ataque químico na Síria
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, negou ter manipulado provas no local do suposto ataque químico em Duma
EFE
Publicado em 16 de abril de 2018 às 11h10.
Londres - O ministro das Relações Exteriores da Rússia , Sergei Lavrov, negou nesta segunda-feira que o seu país tenha "manipulado" as provas do suposto ataque químico cometido na cidade de Duma, na Síria, no último dia 7.
"Posso garantir que a Rússia não manipulou o lugar", afirmou Lavrov em entrevista à emissora britânica "BBC" após o ataque aliado de sábado contra as instalações onde o regime de Bashar al Assad supostamente fabricou e armazenou armamento químico.
Na opinião do titular da diplomacia russa, o que ocorreu em Duma foi uma "montagem" e ele também descartou que armamento químico foi utilizado nessa cidade, algo que foi rejeitado por Estados Unidos, Reino Unido e França, que no sábado lançaram ataques aéreos como represália.
"Não posso ser deselegante com os chefes de outros Estados, mas o senhor citou líderes da França, do Reino Unido e dos EUA e, falando com sinceridade, todas as evidências citadas por eles estão baseadas em relatórios dos veículos de imprensa e das redes sociais", acrescentou Lavrov na entrevista.
"O que houve na realidade foi uma montagem", insistiu o ministro, que fez essas declarações enquanto a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) realiza hoje uma reunião em Haia, na Holanda.
Os inspetores da Opaq ainda não conseguiram ter acesso a Duma, de acordo com a delegação britânica dessa organização.
O chefe da equipe britânica da Opaq, Peter Wilson, disse hoje à Rússia e ao Irã, aliados do regime de Damasco, que "devem cooperar" com a investigação e advertiu que o acesso à região do ataque é "essencial" para o trabalho dos especialistas.
Lavrov acrescentou que a Rússia e os países do Ocidente estão vivendo momentos mais difíceis que durante a Guerra Fria devido à falta de canais de comunicação entre ambas as partes.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, decidiu na madrugada de sábado se juntar aos bombardeios de EUA e França contra instalações sírias de produção e armazenamento de armas químicas, sem consultar antes o parlamento de Westminster.
Estima-se que aproximadamente 70 pessoas morreram no ataque químico do dia 7 e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 500 pessoas foram atendidas em centros médicos com sintomas de exposição a agentes químicos e pelo menos 43 dos mortos apresentavam quadros relacionados com substâncias tóxicas.