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Rússia lança usina nuclear flutuante e gera controvérsia

Críticos se referem à usina como um “Titanic nuclear” e “Chernobil flutuante”. E podem vir outras mais

Usina nuclear "Akademik Lomonosov" deixando o porto de St. Petersburg no sábado (28). (Nicolai Gontae / Greenpeace/Divulgação)

Vanessa Barbosa

Publicado em 2 de maio de 2018 às 11h29.

Última atualização em 2 de maio de 2018 às 11h29.

São Paulo – No último sábado (28), a Rússia lançou ao mar o "Akademik Lomonosov", uma usina nuclear flutuante. Seu destino final é uma cidade do círculo polar ártico chamada Pevek, no extremo nordeste do país, onde começará a gerar energia no verão de 2019.

Uma vez instalada, a usina será a geradora de energia nuclear mais setentrional do mundo, fornecendo eletricidade para cerca de 100 mil pessoas. O Lomonosov também ajudará a abastecer plataformas de exploração de petróleo e gás natural, já que o aquecimento global abriu novas rotas de navegação e acesso a combustíveis fósseis em áreas outrora intransitáveis do Ártico.

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Aos olhos do governo russo, a usina nuclear flutuante representa uma oportunidade de explorar novos mercados, assegurar energia para zonas remotas do norte do país, e garantir a proteção do entorno, já que não emite gases poluentes ou de efeito estufa.

No entanto, alguns críticos temem seu impacto ambiental. Jan Haverkamp, especialista em energia nuclear para a Europa Central e Oriental do Greenpeace, chamou a empreitada de "uma ameaça incrivelmente óbvia para um ambiente frágil que está sob enorme pressão", em nota da entidade. Críticos se referem à usina como um “Titanic nuclear” e “Chernobil flutuante”.

Usina "Akademik Lomonosov" deixando o porto de St. Petersburg no sábado (28). (Nicolai Gontar / Greenpeace/Divulgação)

A usina nuclear flutuante possui dois reatores e é puxada por dois barcos. Ela substituirá a usina nuclear de Bilibino, construída em 1974, e a usina termelétrica Chaunskaya, de 70 anos de idade.

A Rosatom, empresa estatal de energia russa que desenvolveu o Lomonosov, divulgou um comunicado afirmando que o reator é "invencível" diante de tsunamis e outros fenômenos naturais, e que atendeu a todas as exigências da Agência Internacional de Energia Atômica, relata o Washington Post.

Mas os grupos ambientalistas não estão satisfeitos. Segundo Haverkamp, do Greenpease, "ao contrário das alegações de segurança, o casco de fundo chato e a falta de propulsão da usina nuclear flutuante a tornam particularmente vulnerável a tsunamis e ciclones".

Esta não é a primeira usina nuclear flutuante do mundo. Os Estados Unidos tinham uma usina nuclear flutuante entre 1968 e 1975 no Panamá, a MH-1ª (conhecida como Sturgis), que ajudou a prover energia para a zona do Canal do Panamá durante a Guerra do Vietnã.

Outros países, como China, França e Coreia do Sul também estudam o uso de usinas nucleares no oceano, incluindo o Brasil, que já trabalha no desenvolvimento de um submarino nuclear nacional. Em geral, tais pesquisas visam solucionar alguns dos desafios de prospecção de óleo e gás em zonas remotas.

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