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Rússia defende legitimidade de eleição mesmo sem opositor

A Comissão eleitoral russa rejeitou a candidatura de Navalny com base em uma sentença judicial precedente, o que o líder opositor qualificou de armação

Putin: o opositor de Putin defendeu na segunda-feira o boicote às eleições presidenciais de 18 de março (Sputnik/Alexei Nikolsky/Kremlin/Reuters)
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AFP

Publicado em 26 de dezembro de 2017 às 10h43.

O Kremlin defendeu nesta terça-feira a legitimidade das eleições presidenciais na Rússia em março, mesmo depois da impugnação da candidatura do principal opositor de Vladimir Putin , Alexei Navalny.

"O fato de que, em virtude da lei, uma pessoa que deseja ser candidato não afeta de forma alguma a legitimidade da eleição", declarou à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov.

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Navalny, por sua vez, defendeu na segunda-feira o boicote às eleições presidenciais de 18 de março, após a notícia de sua impugnação para um processo que deve conceder ao presidente Putin seu quarto mandato.

A Comissão eleitoral russa rejeitou a candidatura de Navalny com base em uma sentença judicial precedente, o que o líder opositor qualificou de armação.

A comissão emitiu um voto unânime de rejeição à candidatura durante uma audiência pública na segunda-feira.

"Anunciamos uma greve de voto. Vamos pedir a todo mundo que boicote estas eleições, nãoreconheceremos os resultados", reagiu Navalny após o anúncio da comissão.

"O processo ao qual fomos convocados não é uma eleição. Apenas Putin e os candidatos que ele escolheu, que não representam qualquer ameaça, poderão participar", declarou Navalny em um vídeo divulgado na Web.

No domingo, o advogado opositor de 41 anos apresentou formalmente sua postulação ao final de um dia de mobilizações a seu favor.

A impugnação era previsível, uma vez que esta comissão já havia advertido em várias ocasiões que Navalny não poderia concorrer a um cargo eletivo antes de 2028 devido a uma condenação judicial por desvio de fundos públicos em um caso que data de 2009.

A presidente da comissão, Ella Pamfilova, afirmou não ter "nenhuma observação" em relação aos documentos fornecidos pelo carismático advogado, repetindo que se tratava de cumprir a lei.

Navalny, 41 anos, foi condenado pela justiça em várias ocasiões e este ano passou por curtos períodos de detenção por manifestações não autorizadas.

O líder opositor mantém sua campanha há meses, o que lhe permitiu estabelecer uma base leal de partidários, às vezes muito jovens, graças a vídeos virais que denunciam a corrupção das elites.

Em março e junho também organizou protestos de uma escala sem precedentes desde as manifestações em 2011 e 2012, que resultaram em centenas de prisões.

Sua popularidade, no entanto, ainda está longe da de Vladimir Putin, aprovado por cerca de 80% dos russos, de acordo com as últimas pesquisas.

Putin, que chegou em 2000 à presidência de um país instável político e economicamente, é elogiado por muitos cidadãos russos por ter trazido prosperidade, principalmente graças ao petróleo, e por colocar a Rússia de volta no cenário internacional.

O presidente, que também se apresenta como um candidato autodesignado para as eleições de março de 2018, tem a vitória quase garantida.

Diante da popularidade do presidente, no poder há 18 anos, e da ausência de seu principal opositor, alguns observadores temem que a abtenção nas eleições seja elevada, o que enfraqueceria a legitimidade do resultado.

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