Rússia considera absurdo relacionar morte de jornalistas com mercenários
Os três jornalistas russos queriam gravar um documentário sobre mercenários russos que combatem na República Centro-Africana, imerso em uma guerra civil
EFE
Publicado em 1 de agosto de 2018 às 15h31.
Moscou - O governo russo afirmou nesta quarta-feira que é absurdo relacionar o assassinato dos três jornalistas da Rússia na República Centro-Africana com a suposta presença de mercenários russos nesse país, e lembrou que Moscou não esconde a existência de instrutores militares e civis na região.
"Não há nenhuma novidade na presença de instrutores russos na República Centro-Africana. Ninguém ocultou", escreveu na rede social Facebook a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, pouco depois da confirmação da morte dos três cidadãos russos.
A porta-voz não esclareceu se os instrutores civis aos quais se referiu fazem parte de uma empresa militar privada conhecida como o Grupo Wagner, que, segundo ativistas russos, foi criada durante o conflito no leste da Ucrânia e que também combateu na Síria.
Os corpos do jornalista Orjan Dzhemal, do documentarista Alexander Rastorguev e o cinegrafista Kirill Radchenko foram encontrados na segunda-feira na República Centro-Africana, a 23 quilômetros da cidade de Sibut.
Vários jornalistas russos amigos das vítimas, a esposa de Dzhemal e o Centro de Investigações Mikhail Khodorkovski, entidade com a qual cooperavam os comunicadores, confirmaram que o objetivoda viagem à República Centro-Africana era gravar um documentário sobre mercenários russos que combatem no país, imerso em uma guerra civil.
"Dzhemal faria um documentário sobre os Wagner", disse o repórter Maxim Shevchenko ao jornal opositor "Novaya Gazeta", conhecido pelas exaustivas investigações sobre o grupo de mercenários.
Em fevereiro, Ruslan Leviev - diretor do Conflict Intelligence Team, grupo que investiga desde 2014 o lado oculto das campanhas militares russas - declarou à Agência Efe que o grupo Wagner "é na realidade uma unidade criada e financiada pelo governo russo".
A atual versão divulgada pelas autoridades centro-africanas indica que o assassinato não teve nada a ver com a atividade profissional das vítimas, e a maioria dos analistas russos considera que essa é a possibilidade mais factível.