Rússia teria ameaçado países antes da votação da ONU
Segundo diplomatas, país ameaçou vários Estados do Leste Europeu e da Ásia Central com retaliação em votação sobre a Crimeia
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2014 às 22h33.
Nações Unidas - A Rússia ameaçou vários Estados do Leste Europeu e da Ásia Central com retaliação se votassem a favor de uma resolução da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas nesta semana declarando inválido o referendo da Crimeia sobre a secessão da Ucrânia, disseram diplomatas na ONU.
As revelações sobre as ameaças russas surgiram depois que Moscou acusou países ocidentais de usarem "pressão descarada, até o ponto de chantagem política e ameaças econômicas", em uma tentativa de coagir os membros da ONU, formada por 193 nações, a darem seu apoio à resolução sobre a crise na Ucrânia.
De acordo com entrevistas com diplomatas da ONU - a maioria preferiu falar sob condição de anonimato por medo de irritar Moscou -, os alvos das ameaças russas incluíam Moldávia, Quirguistão e Tadjiquistão, bem como alguns países africanos.
Um porta-voz da missão da Rússia na ONU negou que o governo russo tivesse ameaçado qualquer país com represálias se apoiasse a resolução, dizendo: "Nós nunca ameaçamos ninguém. Nós apenas explicamos a situação." De acordo com os diplomatas, as ameaças russas não eram específicas. Mas disseram que ficou claro para os destinatários dos avisos que, se apoiassem a resolução, medidas de retaliação poderiam incluir ações como a expulsão de trabalhadores imigrantes da Rússia, interrupção do fornecimento de gás natural, ou a proibição de certas importações para a Rússia, para causar dano econômico.
No fim, a resolução ucraniana declarando inválida a votação realizada em 16 de março na Crimeia, em favor da secessão da Ucrânia, foi aprovada com 100 votos a favor, 11 contra e 58 abstenções. Outros 24 Estados membros não votaram.
Diplomatas ocidentais definiram o resultado como um sucesso diplomático para a Ucrânia. Votação similar à da Assembleia-Geral foi realizada em 2008, depois que a Rússia entrou em guerra com a Georgia sobre o enclave separatista da Ossétia do Sul, que mais tarde declarou a independência e procurou, sem sucesso, anexação à Rússia. Essa resolução foi aprovada com apenas 14 votos a favor, 11 contra e 105 abstenções.
Embora a resolução da Assembleia-Geral não seja de cumprimento obrigatório - ao contrário daquelas do Conselho de Segurança -, a Rússia e as potências ocidentais fizeram grandes esforços para convencer as delegações a votar com eles. No início do mês, a Rússia vetou uma resolução no Conselho semelhante à aprovada pela Assembleia-Geral.
Os Estados Unidos e delegações europeias disseram que o resultado da votação de quinta-feira demonstrou o isolamento da Rússia na questão da Crimeia.
O ex-presidente da Ucrânia Viktor Yanukovich, apoiado pela Rússia, foi deposto no mês passado depois de uma repressão a protestos, em Kiev, que deixou dezenas de mortos.
Sua destituição levou a Rússia a se apropriar da península no Mar Negro, em um movimento que a população crimeia, majoritariamente de origem russa, endossou ao votar por esmagadora maioria em um referendo a favor da anexação da região à Rússia.
As delegações de Quirguistão e Tadjiquistão não responderam a um pedido da Reuters para que comentassem as supostas ameaças russas de retaliação. Ambos os países estão entre os 24 que não votaram. Mas o embaixador da Moldávia na ONU, Vladimir Lupan, concordou em falar sobre o assunto.
Questionado sobre se os russos tinham dado qualquer indicação, direta ou indireta, de que o país, uma ex-república soviética, poderia ser punido caso votasse "sim', Lupan disse: "Eu não estive presente nessa conversa em particular e não posso inferir, nem confirmar isso para você."
"Normalmente, antes de votar, conversa-se com uma série de países", disse ele à Reuters. "Esse assunto foi realmente discutido entre as autoridades da Moldávia e as autoridades russas. Também discutimos isso com os nossos parceiros (União Europeia)."
"Claro, nós tivemos dois pontos de vista diferentes, um da Federação Russa em favor do voto pelo "não" e, por exemplo, a União Europeia em favor de um voto positivo", disse Lupan, acrescentando que seu país estava tentando resolver todas as questões pendentes com a Rússia de forma pacífica e através do diálogo.
Vários diplomatas disseram à Reuters que a Moldávia foi um dos países submetidos à pressão de Moscou antes da votação. No fim, a delegação moldávia desafiou a Rússia e se juntou a Ucrânia, Estados Unidos, União Europeia e outras potências ocidentais na votação pelo "sim".
Lupan afirmou ainda que o Ocidente não tinha ameaçado a Moldávia.
Nações Unidas - A Rússia ameaçou vários Estados do Leste Europeu e da Ásia Central com retaliação se votassem a favor de uma resolução da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas nesta semana declarando inválido o referendo da Crimeia sobre a secessão da Ucrânia, disseram diplomatas na ONU.
As revelações sobre as ameaças russas surgiram depois que Moscou acusou países ocidentais de usarem "pressão descarada, até o ponto de chantagem política e ameaças econômicas", em uma tentativa de coagir os membros da ONU, formada por 193 nações, a darem seu apoio à resolução sobre a crise na Ucrânia.
De acordo com entrevistas com diplomatas da ONU - a maioria preferiu falar sob condição de anonimato por medo de irritar Moscou -, os alvos das ameaças russas incluíam Moldávia, Quirguistão e Tadjiquistão, bem como alguns países africanos.
Um porta-voz da missão da Rússia na ONU negou que o governo russo tivesse ameaçado qualquer país com represálias se apoiasse a resolução, dizendo: "Nós nunca ameaçamos ninguém. Nós apenas explicamos a situação." De acordo com os diplomatas, as ameaças russas não eram específicas. Mas disseram que ficou claro para os destinatários dos avisos que, se apoiassem a resolução, medidas de retaliação poderiam incluir ações como a expulsão de trabalhadores imigrantes da Rússia, interrupção do fornecimento de gás natural, ou a proibição de certas importações para a Rússia, para causar dano econômico.
No fim, a resolução ucraniana declarando inválida a votação realizada em 16 de março na Crimeia, em favor da secessão da Ucrânia, foi aprovada com 100 votos a favor, 11 contra e 58 abstenções. Outros 24 Estados membros não votaram.
Diplomatas ocidentais definiram o resultado como um sucesso diplomático para a Ucrânia. Votação similar à da Assembleia-Geral foi realizada em 2008, depois que a Rússia entrou em guerra com a Georgia sobre o enclave separatista da Ossétia do Sul, que mais tarde declarou a independência e procurou, sem sucesso, anexação à Rússia. Essa resolução foi aprovada com apenas 14 votos a favor, 11 contra e 105 abstenções.
Embora a resolução da Assembleia-Geral não seja de cumprimento obrigatório - ao contrário daquelas do Conselho de Segurança -, a Rússia e as potências ocidentais fizeram grandes esforços para convencer as delegações a votar com eles. No início do mês, a Rússia vetou uma resolução no Conselho semelhante à aprovada pela Assembleia-Geral.
Os Estados Unidos e delegações europeias disseram que o resultado da votação de quinta-feira demonstrou o isolamento da Rússia na questão da Crimeia.
O ex-presidente da Ucrânia Viktor Yanukovich, apoiado pela Rússia, foi deposto no mês passado depois de uma repressão a protestos, em Kiev, que deixou dezenas de mortos.
Sua destituição levou a Rússia a se apropriar da península no Mar Negro, em um movimento que a população crimeia, majoritariamente de origem russa, endossou ao votar por esmagadora maioria em um referendo a favor da anexação da região à Rússia.
As delegações de Quirguistão e Tadjiquistão não responderam a um pedido da Reuters para que comentassem as supostas ameaças russas de retaliação. Ambos os países estão entre os 24 que não votaram. Mas o embaixador da Moldávia na ONU, Vladimir Lupan, concordou em falar sobre o assunto.
Questionado sobre se os russos tinham dado qualquer indicação, direta ou indireta, de que o país, uma ex-república soviética, poderia ser punido caso votasse "sim', Lupan disse: "Eu não estive presente nessa conversa em particular e não posso inferir, nem confirmar isso para você."
"Normalmente, antes de votar, conversa-se com uma série de países", disse ele à Reuters. "Esse assunto foi realmente discutido entre as autoridades da Moldávia e as autoridades russas. Também discutimos isso com os nossos parceiros (União Europeia)."
"Claro, nós tivemos dois pontos de vista diferentes, um da Federação Russa em favor do voto pelo "não" e, por exemplo, a União Europeia em favor de um voto positivo", disse Lupan, acrescentando que seu país estava tentando resolver todas as questões pendentes com a Rússia de forma pacífica e através do diálogo.
Vários diplomatas disseram à Reuters que a Moldávia foi um dos países submetidos à pressão de Moscou antes da votação. No fim, a delegação moldávia desafiou a Rússia e se juntou a Ucrânia, Estados Unidos, União Europeia e outras potências ocidentais na votação pelo "sim".
Lupan afirmou ainda que o Ocidente não tinha ameaçado a Moldávia.