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Premiê irlandês enfrenta revolta no partido

Membros do partido governista ameaçam pedir moção de censura contra o primeiro-ministro; novas eleições serão convocadas após as negociações de ajuda

Brian Cowen, primeiro-ministro irlandês (Peter Muhly/AFP)
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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2010 às 17h16.

Dublin - A Irlanda deu continuidade nesta terça-feira à negociação com a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as condições do resgate financeiro, agora com a pressão de ter que aprovar o processo orçamentário para convocar eleições após uma revolta interna no partido do premiê, Brian Cowen.

Um grupo de deputados do governante Fianna Fáil (FF) anunciou nesta terça-feira que estuda a possibilidade de apresentar uma moção de censura contra o primeiro-ministro, o que acrescentou incerteza política à grave situação econômica do país.

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O parlamentar do FF John McGuinness antecipou que "alguns deputados" estão mantendo contatos para traçar uma "estratégia" de oposição ao Governo.

"Há muito descontentamento dentro do grupo parlamentar. Acho que aqueles que se manifestaram a respeito têm agora que sondar a opinião de seus companheiros para tomar medidas e derrubá-lo imediatamente", disse McGuinness sobre o Executivo.

Por sua vez, o deputado por Cork Noel O'Flynn, disse sentir-se "humilhado, frustrado e traído" pelo secretismo do Governo na semana passada.

Apesar da revolta de alguns deputados, os estatutos do partido estabelecem que são necessários pelo menos 18 assinaturas para apresentar uma moção de censura contra o primeiro-ministro.

Os analistas acreditam que esses parlamentares não conseguirão a quantidade de assinaturas necessárias.

Por via das dúvidas, os ministros das Finanças, Brian Lenihan, e de Transporte, Noel Dempsey, saíram em defesa de Cowen.

Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro anunciou que convocará eleições após encerrar as negociações sobre o plano de resgate com a UE e o FMI, depois que o Partido Verde, seu parceiro no Executivo, pediu a convocação de eleições em janeiro e a oposição exigiu sua renúncia imediata.


O primeiro-ministro destacou que a prioridade é aprovar no Parlamento em 7 de dezembro o orçamento geral do Estado para 2011, que contempla cortes no valor de 6 bilhões de euros.

Segundo Dempsey, o Governo seguirá com o programa previsto, que inclui a negociação com a UE e o FMI e a apresentação do plano quadrienal nesta quarta-feira.

Este plano de austeridade prevê reduzir o déficit para 3% do PIB em 2014 mediante cortes avaliados em 15 bilhões de euros, um projeto de corte das despesas que, segundo o Governo, conta com a aprovação da UE e do FMI, o que é fundamental para a Irlanda ter acesso a um resgate econômico de valor próximo a 90 bilhões de euros.

"Necessitamos aprovar o orçamento. Precisamos publicar o plano amanhã (quarta-feira) e vamos fazer isso. O plano se completou, o orçamento será aprovado e assim obteremos os fundos necessários. Estas são as prioridades do país agora", disse Dempsey.

O primeiro obstáculo para um Executivo já debilitado será a votação das contas públicas na câmara baixa (Dáil), onde o partido do Governo chegará com uma maioria muito justa depois das eleições parciais desta quinta-feira em Donegal, no noroeste do país, e o anúncio nesta segunda-feira da retirada do apoio de dois deputados independentes.

A posição das principais legendas da oposição, o conservador Fine Gael e o Partido Trabalhista - possíveis membros em um futuro Governo -, é incerta, depois que o primeiro-ministro manteve conversas telefônicas com seus líderes para pedir apoio.

O vice-presidente do Fine Gael, James Reilly, ressaltou que seu partido não pode garantir a aprovação dos orçamentos até que tenha visto seu conteúdo em detalhes, mas descartou apresentar uma moção de censura contra Cowen.

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