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Reino Unido ignorou ameaça de homem-bomba de Manchester

Uma investigação foi aberta para entender por que nada foi feito a respeito de Abedi ante às repetidas advertências de que ele era perigoso

Manchester: as advertências sobre o perigo representado pelo autor do ataque, teriam sido ignoradas (Phil Noble/Reuters)
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AFP

Publicado em 29 de maio de 2017 às 09h00.

O atentado de Manchester completa uma semana nesta segunda-feira com uma nova detenção e a revelação de que o serviço de inteligência britânico investigará por que as advertências sobre o perigo representado pelo autor do ataque, Salman Abedi, foram ignoradas.

A polícia anunciou uma nova detenção no âmbito da investigação sobre o atentado de Manchester, o que eleva a 14 o número de detidos.

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Um homem de 23 anos foi detido em Shoreham-by-Sea, no condado de Sussex (sul da Inglaterra), informa um comunicado.

Ao mesmo tempo, a polícia realizou nesta segunda-feira uma operação de busca em uma residência de Whalley Range, bairro da zona sul de Manchester.

Na segunda-feira passada, Salman Abedi, um britânico de origem líbia detonou uma carga explosiva na casa de espetáculos Manchester Arena ao fim do show da cantora americana Ariana Grande. O atentado deixou 22 mortos e 116 feridos.

A BBC e o jornal The Guardian revelaram que o MI5, agência responsável pela espionagem doméstica, abriu uma investigação para entender porque nada foi feito a respeito de Abedi ante as repetidas advertências de que estava fora de controle e era perigoso, formuladas por professores e líderes religiosos da comunidade muçulmana de Manchester.

A ministra do Interior, Amber Rudd, defendeu os serviços de inteligência ao afirmar que "desde 2013 desbarataram 18 planos separados" de ataques, em uma entrevista à BBC.

Ao mesmo tempo, ela admitiu que serão apresentadas demandas para "examinar se há coisas que poderiam ter sido aprendidas".

"Não temos medo de aprender lições para melhorar", completou Rudd.

Segurança vira principal tema da campanha

Em plena campanha para as eleições de 8 de junho, Rudd teve que se defender da acusação de que não usou o poder para impedir a entrada no país dos extremistas britânicos que retornam ao país depois de lutar na Síria ou Iraque.

De acordo com a imprensa, a prerrogativa teria sido utilizada apenas uma vez.

O atentado, que deixou 22 mortos e 116 geridos, foi o mais violento no Reino Unido desde os ataques contra os transportes públicos de Londres em 2005, que provocaram 56 mortes.

O atentado foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).

No total, 1.000 agentes trabalham na análise de 800 provas (incluindo 205 documentos digitais) e nas operações de busca em 18 residências. Até o momento foram assistidas quase 13.000 horas de filmagens de câmeras de segurança.

A polícia divulgou no sábado duas fotos de Abedi um pouco antes de executar o atentado. Ele aparece de boné, óculos e uma mochila. As autoridades fizeram um apelo para que testemunhas compareçam às delegacias.

A investigação não foi concluída, mas a detenção dos elementos mais perigosos da célula que cometeu o atentado motivou o governo a reduzir o nível de alerta terrorista, do grau máximo para o segundo mais perigoso. A medida significa que um atentado é "muito provável", mas não é mais iminente.

O atentado, como demonstra a entrevista de Rudd, transformou a segurança no principal tema da campanha eleitoral.

Nesta segunda-feira, a primeira-ministra Theresa May - que se recusa a participar em debates eleitorais - e o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, responderão de modo separado as perguntas do público em um programa de televisão e serão entrevistados pelo jornalista Jeremy Paxman.

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