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Refugiados de central nuclear de Fukushima sofrem preconceito

Habitantes da cidade mais gravemente atingida pelo terremoto são recusados pelos abrigos por temor de contaminação

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2011 às 08h46.

Kitakami - Os moradores que fugiram das imediações da central nuclear de Fukushima, no nordeste do Japão, são recusados pelos abrigos, pelo temor de que estejam contaminados por radiação e prejudiquem outras pessoas.

Os que tiveram que deixar suas casas, suas fazendas, seus animais, em razão da crise na central Fukushima Daiichi (N°1), precisam de um certificado oficial provando que não estão contaminadas para que possam entrar nos centros de acolhida de desabrigados.

Os equipamentos de detecção de radiação instalados na entrada dos locais tornaram-se postos de controle que dão acesso a um lugar para dormir ou mesmo para que recebam cuidados médicos, mesmo que os especialistas afirmem que as pessoas que deixaram as áreas afetadas não representam risco algum para as outras.

"A menos que não sejam funcionários da central, as pessoas comuns não são perigosas", explicou Kosuke Yamagishi, do departamento médico da Prefeitura de Fukushima.

"As pessoas estão simplesmente muito preocupadas e, infelizmente, isso pode levá-las a uma discriminação", declarou à AFP.

Uma menina de oito anos originária de Minamisoma, localidade situada a vinte quilômetros das instalações atômicas, foi recusada por um hospital da cidade de Fukushima porque ela não tinha certificado de não radioatividade, indicou o jornal Mainichi.

Mas os responsáveis pelos centros de evacuação mantêm suas instruções.

Todas as pessoas que moram em um raio de 30 quilômetros em torno da central "devem apresentar um certificado", afirmou um deles. "Se elas não tiverem, devem ser submetidas a um exame no local."

"Isso é feito para que as outras pessoas retiradas dos locais de risco se sintam seguras", acrescentou ele, que se recusou a se identificar.

O episódio reavivou as lembranças de discriminações sofridas pelos "hibakusha" -- sobreviventes dos ataques americanos com bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki -- que foram discriminados devido ao medo de que contaminassem outras pessoas.

Os certificados foram fornecidos pelo governo da Prefeitura de Fukushima.

Dezenas de milhares de pessoas foram obrigadas a deixar uma área de 20 quilômetros de raio em torno de Fukushima Daiichi ou a se confinarem em suas casas em uma área de mais 10 quilômetros.

O governo, que elevou na terça-feira de 5 para 7, o grau máximo, o nível de gravidade do acidente de Fukushima, acrescentou cinco localidades no plano de evacuação, incluindo algumas situadas além dos 30 quilômetros.

Um assessor do governo do primeiro-ministro Naoto Kan, Kenichi Matsumoto, declarou à imprensa que a região em torno da central de Fukushima poderá permanecer inabitável durante 10 ou 20 anos.

Kenji Sasahara, que dirige um centro de detecção em Minamisoma, declarou que muitas pessoas que deixaram o local sentiram-se ofendidas por terem que apresentar um certificado.

"De mais de 17.000 pessoas examinadas, nenhuma representava risco, a não ser três funcionários da central", indicou. "As pessoas estão furiosas. Minamisoma tem agora a imagem de uma cidade contaminada", disse à AFP por telefone.

A desconfiança se estende mesmo para além da região. Uma moradora da Prefeitura de Fukushima escreveu em seu blog que um hotel da Prefeitura de Saitama, ao norte de Tóquio, tinha se recusado a receber ela e sua família.

"Mesmo quando eu expliquei que não vínhamos de uma área de evacuação, o receptionista do hotel respondeu: 'vocês não podem ficar aqui se vocês não têm provas de que não são hibakusha'."

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Kitakami - Os moradores que fugiram das imediações da central nuclear de Fukushima, no nordeste do Japão, são recusados pelos abrigos, pelo temor de que estejam contaminados por radiação e prejudiquem outras pessoas.

Os que tiveram que deixar suas casas, suas fazendas, seus animais, em razão da crise na central Fukushima Daiichi (N°1), precisam de um certificado oficial provando que não estão contaminadas para que possam entrar nos centros de acolhida de desabrigados.

Os equipamentos de detecção de radiação instalados na entrada dos locais tornaram-se postos de controle que dão acesso a um lugar para dormir ou mesmo para que recebam cuidados médicos, mesmo que os especialistas afirmem que as pessoas que deixaram as áreas afetadas não representam risco algum para as outras.

"A menos que não sejam funcionários da central, as pessoas comuns não são perigosas", explicou Kosuke Yamagishi, do departamento médico da Prefeitura de Fukushima.

"As pessoas estão simplesmente muito preocupadas e, infelizmente, isso pode levá-las a uma discriminação", declarou à AFP.

Uma menina de oito anos originária de Minamisoma, localidade situada a vinte quilômetros das instalações atômicas, foi recusada por um hospital da cidade de Fukushima porque ela não tinha certificado de não radioatividade, indicou o jornal Mainichi.

Mas os responsáveis pelos centros de evacuação mantêm suas instruções.

Todas as pessoas que moram em um raio de 30 quilômetros em torno da central "devem apresentar um certificado", afirmou um deles. "Se elas não tiverem, devem ser submetidas a um exame no local."

"Isso é feito para que as outras pessoas retiradas dos locais de risco se sintam seguras", acrescentou ele, que se recusou a se identificar.

O episódio reavivou as lembranças de discriminações sofridas pelos "hibakusha" -- sobreviventes dos ataques americanos com bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki -- que foram discriminados devido ao medo de que contaminassem outras pessoas.

Os certificados foram fornecidos pelo governo da Prefeitura de Fukushima.

Dezenas de milhares de pessoas foram obrigadas a deixar uma área de 20 quilômetros de raio em torno de Fukushima Daiichi ou a se confinarem em suas casas em uma área de mais 10 quilômetros.

O governo, que elevou na terça-feira de 5 para 7, o grau máximo, o nível de gravidade do acidente de Fukushima, acrescentou cinco localidades no plano de evacuação, incluindo algumas situadas além dos 30 quilômetros.

Um assessor do governo do primeiro-ministro Naoto Kan, Kenichi Matsumoto, declarou à imprensa que a região em torno da central de Fukushima poderá permanecer inabitável durante 10 ou 20 anos.

Kenji Sasahara, que dirige um centro de detecção em Minamisoma, declarou que muitas pessoas que deixaram o local sentiram-se ofendidas por terem que apresentar um certificado.

"De mais de 17.000 pessoas examinadas, nenhuma representava risco, a não ser três funcionários da central", indicou. "As pessoas estão furiosas. Minamisoma tem agora a imagem de uma cidade contaminada", disse à AFP por telefone.

A desconfiança se estende mesmo para além da região. Uma moradora da Prefeitura de Fukushima escreveu em seu blog que um hotel da Prefeitura de Saitama, ao norte de Tóquio, tinha se recusado a receber ela e sua família.

"Mesmo quando eu expliquei que não vínhamos de uma área de evacuação, o receptionista do hotel respondeu: 'vocês não podem ficar aqui se vocês não têm provas de que não são hibakusha'."

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