Reflexos e solidariedade ajudaram passageiros a fugir de avião mexicano
Investigadores já encontraram gravadores do avião de passageiros da Embraer, mas não determinaram causa da queda da aeronave com mais de 100 pessoas a bordo
Reuters
Publicado em 2 de agosto de 2018 às 16h48.
Cidade do México - Pouco depois de embarcar em seu voo no Estado mexicano de Durango na tarde de terça-feira, Ashley Garcia teve a premonição de que algo estava errado.
A estudante de 17 anos de Northlake, um subúrbio da cidade norte-americana de Chicago, era uma das 65 pessoas dos Estados Unidos entre os 103 passageiros e tripulantes a bordo do avião da Aero México que caiu perto da pista logo depois de decolar.
Ao se sentar, Ashley viu que uma tempestade estava se formando rapidamente ao longe, e quando a aeronave começou a se preparar para a decolagem foi sacudida por ventos fortes, granizo e chuva. Ashley capturou a cena pela janela com seu celular.
"Tive uma intuição: grave, grave", contou. "Eu pensei 'não vamos decolar de jeito nenhum, é arriscado demais'".
O avião caiu momentos depois de levantar voo, deslizando até parar em um trecho de terra com vegetação rasteira próximo da pista com uma asa em chamas.
Mas em minutos os passageiros seguiram o protocolo de emergência, agindo rápido e ajudando uns aos outros, para escaparem sem fatalidades.
"Hoje mais pessoas sobrevivem a quedas de avião do que morrem", disse Anthony Brickhouse, especialista em segurança aérea da Universidade Aeronáutica Embry-Riddle e ex-investigador do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA.
Os elementos que podem ser cruciais para evitar mortes - incluindo a condição da aeronave depois de cair e o ambiente no qual o acidente ocorreu - foram essencialmente favoráveis para o voo da AeroMéxico, disse Brickhouse.
Investigadores encontraram os gravadores do avião de passageiros da Embraer na quarta-feira, mas ainda não determinaram a causa da queda. A AeroMéxico disse que 64 pessoas já foram liberadas de hospitais. Duas delas, incluindo o piloto, tiveram ferimentos mais graves.
Liliana Gallarzo, prima de Ashley Garcia, achou que os tremores da decolagem eram turbulência até o avião começar a deslizar e o pânico se instaurar.
"Nós gritávamos", lembra Liliana, estudante de 19 anos de Chicago.
Apesar da afobação para fugir, os passageiros mostraram compaixão.
"Todos agarravam as pessoas, as ajudavam", disse ela.
Uma vez fora do avião, os passageiros foram orientados a ficar o mais longe possível da aeronave, que logo foi engolida pelas chamas. Depois de esperar novas instruções eles chegaram mais perto da pista, onde bombeiros, paramédicos e outros agentes de emergência logo entraram em ação, examinando os passageiros para descobrir se estavam feridos.
Ashley disse que a compaixão demonstrada pelas equipes de emergência fortaleceu seu desejo de ser policial. Ela tem um voo agendado para casa na sexta-feira.