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Rajoy enfrenta desafio para formar governo na Espanha

A habitual estabilidade do sistema político espanhol, baseada desde 1982 na alternância de poder, ficou abalada com a entrada em cena de dois novos partidos

Mariano Rajoy: "Será necessário conversar muito, dialogar mais, chegar a entendimentos e acordos", reconheceu Rajoy (Andrea Comas/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2015 às 10h07.

O chefe de governo da Espanha , o conservador Mariano Rajoy, a partir desta segunda-feira, uma missão difícil: tentar formar um governo depois da vitória nas eleições legislativas, mas muito longe da maioria, em um Parlamento fragmentado.

"Confusão geral" e "Governo no ar" eram algumas das manchetes da imprensa espanhola, enquanto a Bolsa de Madri operava em queda.

A habitual estabilidade do sistema político espanhol, baseada desde 1982 na alternância de poder entre o Partido Popular (PP), de Rajoy, e o Partido Socialista (PSOE), ficou abalada com a entrada em cena de dois novos partidos, o antiausteridade Podemos e o centrista 'Ciudadanos'.

"Vou tentar formar o governo e acredito que a Espanha precisa de um governo estável", afirmou no domingo à noite Rajoy para seus militantes, desencantados com a perda de 63 cadeiras no Parlamento e o fim da cômoda maioria absoluta que o PP desfrutava desde 2011.

O Partido Popular permaneceu como o mais forte do país, com 123 deputados, longe dos 176 necessários para a maioria absoluta. O PSOE sofreu ainda mais, com 1,6 milhão de votos a menos (5,5 milhões) e 90 cadeiras no Parlamento.

Os socialistas viram a grande aproximação do Podemos, que recebeu 5,2 milhões de votos e conseguiu a eleição de 69 deputados, menos de dois anos depois de sua criação.

O possível aliado do PP, o partido 'Ciudadanos', ficou em quarto lugar, mas com apenas 40 deputados, o que impede um governo de coalizão centro-direita.

"Será necessário conversar muito, dialogar mais, chegar a entendimentos e acordos", reconheceu Rajoy.

Legislatura curta

Asfixiados pela crise econômica e escandalizados com os vários casos de corrupção que envolveram conservadores e socialistas, os eleitores da Espanha puniram no domingo os partidos tradicionais.

O PP obteve seu pior resultado desde 1989 e perdeu 3,6 milhões de votos, enquanto o PSOE registrou queda de 1,5 milhão de votos, ficando em seu patamar mínimo histórico.

Mas o já anunciado fim do bipartidarismo deixa um panorama incerto para a política espanhola. Em 13 de janeiro deve ser formado o novo Congresso e nenhum bloco (nem esquerda nem direita) alcança a maioria absoluta: Ciudadanos e PP somariam 163 deputados e PSOE-Podemos, 159.

"A governabilidade fica muito afetada", destaca a cientista política Berta Barbet, professora da Universidade de Barcelona e editora do site de análise Politikon.

"Os equilíbrios serão muito complicados", disse.

"Se vislumbra uma legislatura curta, montada sobre pactos frágeis", opina Fernando Vallespín, professor de Ciências Política da Universidade Autônoma de Madri.

Uma vez constituído o Congresso, o rei Felipe VI iniciará as consultas com os partidos para designar um candidato a formar governo. Este deve ser investido por maioria absoluta em primeiro turno ou, se não for possível, por maioria simples depois. Caso ao fim de dois meses ninguém consiga formar o governo, novas eleições serão convocadas.

O líder do 'Ciudadanos', Albert Rivera, já anunciou nesta segunda-feira que seu partido facilitará a posse de Rajoy.

"O que precisamos é uma abstenção do PSOE, uma abstenção do Ciudadanos e um governo em minoria que deverá ter jogo de cintura suficiente para aceitar reformas", disse.

O PSOE, que poderia tentar formar uma difícil coalizão de esquerda com o Podemos e os partidos nacionalistas para desbancar o PP, admitiu no domingo que Rajoy deve tentar formar o governo, mas sem mencionar uma hipotética abstenção.

O preço desta abstenção, segundo Vallespín, pode ser muito alto: a renúncia de Rajoy.

"Para o PSOE será muito difícil vender a seus eleitores o apoio a Rajoy. Teria que dar espaço a outro líder do PP, isto é quase obrigatório. E se o PP não estiver disposto a isto, teremos eleições antecipadas", afirma.

De acordo com o analista, este seria o cenário preferido também pelo Podemos, que "aspira a hegemonia da esquerda e tem o interesse de que o PSOE demonstre uma face mais de centro".

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O chefe de governo da Espanha , o conservador Mariano Rajoy, a partir desta segunda-feira, uma missão difícil: tentar formar um governo depois da vitória nas eleições legislativas, mas muito longe da maioria, em um Parlamento fragmentado.

"Confusão geral" e "Governo no ar" eram algumas das manchetes da imprensa espanhola, enquanto a Bolsa de Madri operava em queda.

A habitual estabilidade do sistema político espanhol, baseada desde 1982 na alternância de poder entre o Partido Popular (PP), de Rajoy, e o Partido Socialista (PSOE), ficou abalada com a entrada em cena de dois novos partidos, o antiausteridade Podemos e o centrista 'Ciudadanos'.

"Vou tentar formar o governo e acredito que a Espanha precisa de um governo estável", afirmou no domingo à noite Rajoy para seus militantes, desencantados com a perda de 63 cadeiras no Parlamento e o fim da cômoda maioria absoluta que o PP desfrutava desde 2011.

O Partido Popular permaneceu como o mais forte do país, com 123 deputados, longe dos 176 necessários para a maioria absoluta. O PSOE sofreu ainda mais, com 1,6 milhão de votos a menos (5,5 milhões) e 90 cadeiras no Parlamento.

Os socialistas viram a grande aproximação do Podemos, que recebeu 5,2 milhões de votos e conseguiu a eleição de 69 deputados, menos de dois anos depois de sua criação.

O possível aliado do PP, o partido 'Ciudadanos', ficou em quarto lugar, mas com apenas 40 deputados, o que impede um governo de coalizão centro-direita.

"Será necessário conversar muito, dialogar mais, chegar a entendimentos e acordos", reconheceu Rajoy.

Legislatura curta

Asfixiados pela crise econômica e escandalizados com os vários casos de corrupção que envolveram conservadores e socialistas, os eleitores da Espanha puniram no domingo os partidos tradicionais.

O PP obteve seu pior resultado desde 1989 e perdeu 3,6 milhões de votos, enquanto o PSOE registrou queda de 1,5 milhão de votos, ficando em seu patamar mínimo histórico.

Mas o já anunciado fim do bipartidarismo deixa um panorama incerto para a política espanhola. Em 13 de janeiro deve ser formado o novo Congresso e nenhum bloco (nem esquerda nem direita) alcança a maioria absoluta: Ciudadanos e PP somariam 163 deputados e PSOE-Podemos, 159.

"A governabilidade fica muito afetada", destaca a cientista política Berta Barbet, professora da Universidade de Barcelona e editora do site de análise Politikon.

"Os equilíbrios serão muito complicados", disse.

"Se vislumbra uma legislatura curta, montada sobre pactos frágeis", opina Fernando Vallespín, professor de Ciências Política da Universidade Autônoma de Madri.

Uma vez constituído o Congresso, o rei Felipe VI iniciará as consultas com os partidos para designar um candidato a formar governo. Este deve ser investido por maioria absoluta em primeiro turno ou, se não for possível, por maioria simples depois. Caso ao fim de dois meses ninguém consiga formar o governo, novas eleições serão convocadas.

O líder do 'Ciudadanos', Albert Rivera, já anunciou nesta segunda-feira que seu partido facilitará a posse de Rajoy.

"O que precisamos é uma abstenção do PSOE, uma abstenção do Ciudadanos e um governo em minoria que deverá ter jogo de cintura suficiente para aceitar reformas", disse.

O PSOE, que poderia tentar formar uma difícil coalizão de esquerda com o Podemos e os partidos nacionalistas para desbancar o PP, admitiu no domingo que Rajoy deve tentar formar o governo, mas sem mencionar uma hipotética abstenção.

O preço desta abstenção, segundo Vallespín, pode ser muito alto: a renúncia de Rajoy.

"Para o PSOE será muito difícil vender a seus eleitores o apoio a Rajoy. Teria que dar espaço a outro líder do PP, isto é quase obrigatório. E se o PP não estiver disposto a isto, teremos eleições antecipadas", afirma.

De acordo com o analista, este seria o cenário preferido também pelo Podemos, que "aspira a hegemonia da esquerda e tem o interesse de que o PSOE demonstre uma face mais de centro".

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