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Quem ganhou e quem perdeu nas eleições da Argentina

Após o pleito no último domingo (27), o país já entrou no clima da eleição para presidente em 2015; resultado pode tirar Cristina Kirchner da disputa

Bandeiras de campanha com os rostos da presidente argentina, Cristina Kirchner, e de Martin Insaurralde, candidato a deputado: governo perdeu nos distritos mais importantes do país (Juan Mabromata/AFP)

Guilherme Dearo

Publicado em 28 de abril de 2014 às 07h55.

São Paulo - Há exatos três anos da morte do ex-presidente Néstor Kirchner, os eleitores da Argentina foram às urnas no último domingo (27) para renovar metade da Câmara e um terço do Senado . E o fantasma do peronista rondou as urnas.

O pleito terminou com a derrota do governo de Cristina Kirchner nos principais colégios eleitorais do país e o fortalecimento de Sérgio Massa, líder do partido da oposição e agora um dos principais nomes para as eleições presidenciais de 2015.

O governo manteve a maioria nas duas casas, mas perdeu em distritos estratégicos, como Buenos Aires, Córdoba e Mendoza. Na província de Buenos Aires, principal colégio do país, concentrando 37,3% do total de eleitores, Massa e sua Frente Renovadora conseguiram 3,8 milhões de votos, 42% do total.

Já Cristina vê cada vez mais distante seu sonho de disputar um terceiro mandato, já que não terá a maioria absoluta no Congresso. A derrota foi observada de longe pela presidente, que está em repouso desde 8 de outubro, quando fez uma cirurgia para a retirada de um coágulo na cabeça. Ela não foi votar em sua cidade, Río Gallegos.

Veja quem saiu ganhando e perdendo após as eleições:

Eles ganharam

Sérgio Massa

O ex-chefe de gabinete de Cristina Kirchner - que rompeu com o governo e criou a Frente Renovadora de oposição em 2013 - venceu na província de Buenos Aires e se elegeu deputado. Atualmente prefeito da cidade de Tigre, Massa ganhou muita força para disputar a presidência em 2015, mas faz questão de enfatizar que não está pensando nisso por enquanto e que o seu foco são os problemas do país, como inflação e violência.

Mauricio Macri

O empresário – que já presidiu o time de futebol Boca Juniors - e chefe de governo do Proposta Republicana (PRO) em Buenos Aires foi o grande vencedor na capital e ganhou fôlego para estar entre os presidenciáveis em 2015. Pela primeira vez, o PRO terá representação no Senado. Diferente de Massa, Macri fez questão de anunciar que concorrerá em 2015.


Peronismo

Mesmo que o kichnerismo seja interrompido em 2015, o peronismo continuará fortalecido. Até mesmo na oposição, o peronismo conta com candidatos fortes, como o próprio Sérgio Massa e o atual governador de Córdoba, Juan Manuel de la Sota.

Eles perderam

Kirchnerismo

Sem maioria absoluta no Congresso, a presidente não conseguirá levar adiante o seu maior sonho: aprovar uma lei que permitiria que ela tentasse um terceiro mandato em 2015. Mesmo que seu partido permaneça na posição, não serão os Kirchner a ditar as regras, como fazem desde 2003.

Frente para a Vitória

Apesar da aliança governista ter sido a mais votada nas eleições, conquistando 7,5 milhões de votos, ela perdeu nos principais pontos do país, como Buenos Aires, Mendoza e Córdoba. Além disso, o candidato mais votado do governo, Martín Insaurralde, ficou 12 pontos atrás de Sérgio Massa, o dobro do que as primárias em agosto tinham indicado.

Cristina Kirchner

A presidente até viu sua popularidade crescer depois de sua doença, mas a economia em frangalhos fala mais alto para os argentinos que o seu drama pessoal. Longe dos palanques, Cristina ainda tem de assistir de longe seu aliado, o governador de Buenos Aires Daniel Scioli, se aproveitar de sua ausência para reafirmar a sua imagem. Ele nunca escondeu as aspirações de ocupar o cargo da presidente.

As eleições ainda eram um termômetro para a popularidade de Cristina. E a derrota em pontos estratégicos do país só trouxe más notícias nesse sentido.

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