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Quem é Yahya Sinwar, líder 'linha-dura' do Hamas que foi morto por Israel em ataque em Gaza

Sinwar ganhou papel ainda mais central após as mortes de integrantes de alto perfil do Hamas, como Ismail Hanyieh e Mohammed Deif

Sinwar nasceu em Khan Younis, na Faixa de Gaza (AFP)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 17 de outubro de 2024 às 15h15.

Última atualização em 17 de outubro de 2024 às 15h15.

O líder político e militar do Hamas, Yahya Sinwar , apontado como idealizador do atentado terrorista lançado pelo grupo contra Israel em 7 de outubro de 2023, está entre os mortos de uma operação realizada na Faixa de Gaza. As Forças Armadas de Israel confirmaram que três homens morreram.

Sinwar, de 62 anos, nasceu no campo de refugiados de Khan Younis e entrou para a militância armada quando Israel ainda ocupava a Faixa de Gaza. Sua primeira prisão foi em 1982, por “atividades islâmicas”, sendo novamente detido em 1985. Na época, se aproximou do fundador do Hamas, Ahmed Yassin, e assumiu o serviço de segurança interna do grupo. Seus alvos, além de pessoas acusadas de colaborarem com Israel, eram as “atividades imorais”, como lojas com material pornográfico. Em 1989, foi condenado à prisão perpétua por quatro homicídios.

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Na prisão, tornou-se fluente em hebraico e, após ter feito uma cirurgia para retirar um tumor no cérebro, chegou a receber uma proposta para colaborar com Israel. Ele recusou. Em 2011, quando houve aquela que, até agora, era a mais famosa troca de reféns por prisioneiros da História de Israel – a de mil palestinos pelo soldado Gilad Shalit – Sinwar ganhou a liberdade e voltou para Gaza como um nome de destaque do Hamas.

A ascensão ao poder

Seis anos depois, em 2017, quando já integrava uma lista de pessoas consideradas terroristas pelos EUA, foi escolhido chefe do conselho político do Hamas na Faixa de Gaza, sucedendo a Ismail Haniyeh, que vivia no Catar. Apesar do passado “linha-dura”, que incluiu a ordenação de execuções de adversários mesmo quando estava na cadeia, os primeiros sinais enviados a Israel eram um pouco diferentes.

Em 2018, mandou mensagens, incluindo ao próprio premier Benjamin Netanyahu, afirmando que estava cansado da guerra, e que seu objetivo era transformar Gaza numa sociedade funcional e pacífica. Um discurso que, como apontam analistas hoje, convenceu muita gente.

Sinwar leu bem a mente dos israelenses”, disse Michael Milshtein, chefe do Fórum de Estudos Palestinos no Centro Moshe Dayan de Estudos do Oriente Médio e África, à Bloomberg. “Ele queria que Israel acreditasse que o Hamas estava se concentrando na estabilidade de Gaza, promovendo temas civis. Plantou a ideia errada para os israelenses.”

Contatos com Israel e a campanha de desinformação

Ao longo dos anos, Sinwar manteve contatos indiretos com o governo israelense e com a Autoridade Nacional Palestina, que controla a Cisjordânia, obtendo inclusive novas permissões para que cerca de 18 mil palestinos que vivem em Gaza trabalhassem em Israel. A ideia que passava era de que o Hamas não estava preocupado com a guerra, mas sim com o dia a dia dos mais de dois milhões de habitantes do enclave.

“O Hamas e Sinwar enganaram Israel, e fizeram parecer que a guerra não era uma opção para o Hamas”, disse o jornalista Akram Atallah, colunista do jornal al-Ayyam. “Foi uma campanha sofisticada de desinformação, fazendo com que Israel acreditasse que estavam falando sobre paz, sobre trabalhadores e sobre uma vida econômica para os moradores de Gaza.”

Esconderijos e táticas para evitar Israel

Desde o início da guerra em Gaza, quando se tornou o homem mais procurado por Israel, Sinwar evitava realizar chamadas telefônicas, enviar mensagens de texto ou outros meios de contato eletrônicos que o Estado judeu pudesse rastrear. Em vez disso, o líder do Hamas em Gaza usava um sistema complexo que incluía mensageiros, códigos e notas manuscritas, permitindo-lhe dirigir as operações do Hamas mesmo escondido em túneis subterrâneos.

Sinwar não era visto em público desde o início da guerra em Gaza, há um ano. Seu primeiro sinal de vida público em 11 meses havia sido em setembro, quando ele parabenizou o presidente argelino Abdelmadjid Tebboune por sua vitória nas eleições, em uma postagem no Telegram. Dias depois, o Hezbollah divulgou o que seria uma rara carta escrita por ele, direcionada ao grupo xiita libanês. Nela, o líder reafirmava o seu compromisso de lutar contra Israel e apoiar as organizações militares financiadas pelo Irã no Oriente Médio, cuja aliança ficou conhecida como Eixo de Resistência.

Com as mortes de Ismail Haniyeh, então chefe do Gabinete político, e de Mohammed Deif, chefe do Estado-maior do Hamas, Sinwar havia se tornado uma figura ainda maior dentro do grupo, assumindo a liderança política a partir da sucessão de Haniyeh.

Sinwar desempenhou um papel estratégico na liderança do Hamas durante um dos momentos mais críticos do grupo.

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