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Quando o FBI quis matar, com palavras, Martin Luther King

Ameaças, insultos e humilhações foram parte de uma carta anônima que o FBI enviou ao histórico líder dos direitos civis nos EUA

Martin Luther King: a carta lhe dava um prazo de 34 dias para se suicidar se não quisesse que a história de uma traição viesse à tona (Getty Images/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2014 às 05h42.

Washington - Ameaças acompanhadas de insultos e humilhações foram parte de uma carta anônima que o FBI enviou ao histórico líder dos direitos civis nos Estados Unidos , Martin Luther King, cujo último propósito era que este, desesperado, acabasse recorrendo ao suicídio.

A carta que é de 1964 e nesta semana foi divulgada na íntegra, mostra a obsessão do FBI, dirigido por J.Edgar Hoover, para demonstrar o suposto vínculo do ativista com o comunismo em plena Guerra Fria.

"Animal anormal", "fraude" ou "ser diabólico" são alguns dos adjetivos usados pela agência ao ameaçar King em revelar suas relações extraconjugais, das quais, disse, eram próprias de um "psicopata sexual".

"King, olhe dentro de seu coração. Sabe que é uma completa fraude e a maior mentira para nós, os negros. Os brancos deste país têm suficientes fraudes por si mesmos, mas tenho certeza de que neste momento não têm uma que iguale a sua", dizia o texto.

Dias antes de receber o Prêmio Nobel da Paz em 1964, a carta foi enviada pelo FBI à casa do defensor dos direitos civis e recebida por sua esposa, Coretta, que encontrou junto a ela uma gravação que ilustrava os supostos deslizes sexuais de seu marido.

Escrita de maneira anônima, o suposto autor se passou por um seguidor de King totalmente decepcionado com sua atitude por ter traído a mulher com outras relações e lhe dava um prazo de 34 dias para se suicidar se não quisesse que a história viesse à tona.

"Está acabado. Só há uma saída para ti. É melhor que opte por ela antes que você, anormal, seja exposto à nação", dizia a carta.

A carta, de uma página e escrita à máquina, foi achada pela professora da Universidade de Yale Beverly Gage e publicada pelo jornal "The New York Times".

Hoover, fundador e comandante do FBI durante quase quatro décadas, temia que a fulminante ascensão de King como figura defensora dos direitos dos negros acabasse com seus esforços para desacreditá-lo, durante uma das épocas mais difíceis e críticas da lei Jim Crowe, que legalizava a segregação racial no país.

A carta havia sido publicada pelas autoridades federais após passar por uma estrita edição, mas Gage achou o documento original nos Arquivos Nacionais de College Park (Maryland), nos arredores de Washington DC, em meio a uma investigação que está sendo realizada sobre Hoover.

A tensa e conflituosa relação entre King e Hoover não era, no entanto, um segredo: o diretor do FBI chegou a dizer em público, se referindo ao ativista, que era "o mentiroso mais notório do país".

Por isso, como explica Gage, King suspeitou desde o princípio que o FBI era quem estava por trás da carta, embora nunca tenha chegado a denunciá-lo, e só soube sobre sua existência uma década depois do assassinato do ativista, quando Hoover já tinha morrido.

A perseguição da agência federal contra King foi tão escandalosa que, segundo Gage, seu atual diretor, James Comey, conserva uma cópia da solicitação de escuta telefônica do FBI para a linha de King em sua escrivaninha "como uma recordação da capacidade da agência para fazer o mal".

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Washington - Ameaças acompanhadas de insultos e humilhações foram parte de uma carta anônima que o FBI enviou ao histórico líder dos direitos civis nos Estados Unidos , Martin Luther King, cujo último propósito era que este, desesperado, acabasse recorrendo ao suicídio.

A carta que é de 1964 e nesta semana foi divulgada na íntegra, mostra a obsessão do FBI, dirigido por J.Edgar Hoover, para demonstrar o suposto vínculo do ativista com o comunismo em plena Guerra Fria.

"Animal anormal", "fraude" ou "ser diabólico" são alguns dos adjetivos usados pela agência ao ameaçar King em revelar suas relações extraconjugais, das quais, disse, eram próprias de um "psicopata sexual".

"King, olhe dentro de seu coração. Sabe que é uma completa fraude e a maior mentira para nós, os negros. Os brancos deste país têm suficientes fraudes por si mesmos, mas tenho certeza de que neste momento não têm uma que iguale a sua", dizia o texto.

Dias antes de receber o Prêmio Nobel da Paz em 1964, a carta foi enviada pelo FBI à casa do defensor dos direitos civis e recebida por sua esposa, Coretta, que encontrou junto a ela uma gravação que ilustrava os supostos deslizes sexuais de seu marido.

Escrita de maneira anônima, o suposto autor se passou por um seguidor de King totalmente decepcionado com sua atitude por ter traído a mulher com outras relações e lhe dava um prazo de 34 dias para se suicidar se não quisesse que a história viesse à tona.

"Está acabado. Só há uma saída para ti. É melhor que opte por ela antes que você, anormal, seja exposto à nação", dizia a carta.

A carta, de uma página e escrita à máquina, foi achada pela professora da Universidade de Yale Beverly Gage e publicada pelo jornal "The New York Times".

Hoover, fundador e comandante do FBI durante quase quatro décadas, temia que a fulminante ascensão de King como figura defensora dos direitos dos negros acabasse com seus esforços para desacreditá-lo, durante uma das épocas mais difíceis e críticas da lei Jim Crowe, que legalizava a segregação racial no país.

A carta havia sido publicada pelas autoridades federais após passar por uma estrita edição, mas Gage achou o documento original nos Arquivos Nacionais de College Park (Maryland), nos arredores de Washington DC, em meio a uma investigação que está sendo realizada sobre Hoover.

A tensa e conflituosa relação entre King e Hoover não era, no entanto, um segredo: o diretor do FBI chegou a dizer em público, se referindo ao ativista, que era "o mentiroso mais notório do país".

Por isso, como explica Gage, King suspeitou desde o princípio que o FBI era quem estava por trás da carta, embora nunca tenha chegado a denunciá-lo, e só soube sobre sua existência uma década depois do assassinato do ativista, quando Hoover já tinha morrido.

A perseguição da agência federal contra King foi tão escandalosa que, segundo Gage, seu atual diretor, James Comey, conserva uma cópia da solicitação de escuta telefônica do FBI para a linha de King em sua escrivaninha "como uma recordação da capacidade da agência para fazer o mal".

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