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PT anistia Delúbio Soares por 60 votos a 15 e duas abstenções

Delúbio foi expulso em 2005, quando a direção petista acabou dizimada no maior escândalo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva

Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT: ele poderá ser anistiado pelo partido (Wikimedia Commons)

Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT: ele poderá ser anistiado pelo partido (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2011 às 22h23.

Brasilia - Pivô do escândalo do mensalão, Delúbio Soares foi reintegrado hoje ao PT por maioria esmagadora de votos dos integrantes do diretório nacional do partido. Ele obteve 60 votos a favor da anistia, 15 contrários e duas abstenções. Delúbio foi expulso em 2005, quando a direção petista acabou dizimada no maior escândalo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, Delúbio foi acusado de recolher R$ 55 milhões em "recursos não contabilizados" e distribuí-los para políticos e assessores.

Defenderam o retorno de Delúbio ao PT o ex-presidente do partido Ricardo Berzoini (SP), o ex-deputado Virgílio Guimarães (MG) e Bruno Maranhão, dirigente do Movimento de Libertação dos Trabalhadores Sem-Terra (MLST) e líder do quebra-quebra ocorrido na Câmara dos Deputados, em 2006. Contra a reintegração foram escalados Valter Pomar, Carlos Alberto Árabe e Renato Simões, todos integrantes das tendências mais à esquerda. Berzoini e Maranhão, que votaram a favor da expulsão há cinco anos e meio, disseram que Delúbio "já pagou um preço muito alto".

O retorno de Delúbio ao PT foi um prêmio dado pelos integrantes do diretório nacional do partido à fidelidade do ex-tesoureiro, que jamais abriu a boca para fazer qualquer crítica aos dirigentes que defenderam a sua expulsão. Ele não fez qualquer revelação a respeito das operações bancárias irregulares fechadas em nome da direção do PT com o empresário Marcos Valério, do caixa 2 nas eleições de 2002 e de 2004 e da distribuição de dinheiro para parlamentares que votavam em projetos de interesse do governo.

Desde a expulsão, Delúbio portou-se como se fosse um soldado petista. Não abandonou nem a estrela. Criou uma revista, chamada de "Companheiro Delúbio", na qual fez sua defesa e exibiu-se ao lado do símbolo máximo do PT. Em 2009 tentou voltar ao partido, mas o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva impediu o retorno, com medo de que o ato contaminasse a eleição presidencial de 2010 e atrapalhasse a vitória de Dilma Rousseff.

Agora, passada a votação e garantida a eleição de Dilma, Lula deu aval à volta de Delúbio. Achava, porém, que o assunto poderia ser examinado depois do julgamento do processo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), previsto para 2012. Defenderam o retorno do ex-tesoureiro nomes importantes do PT, como o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) e a senadora Marta Suplicy (PT-SP).

Delúbio volta ao partido, mas por baixo, pelo menos por enquanto. Ele não deverá ter cargo importante num primeiro momento. Ainda é o principal réu do processo do mensalão. A volta do tesoureiro reforça um movimento do PT de esvaziamento do escândalo.

Sinal político concreto em prol da contestação do processo do mensalão foi dado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao deixar o governo, ele disse que sua principal missão, a partir de janeiro de 2011, seria mostrar que o mensalão "é uma farsa". E nessa trilha, lentamente, réus que aguardam o julgamento estão recuperando forças políticas, ocupando cargos importantes na Esplanada e, agora, no partido.

Delúbio tem a pretensão de ser candidato a vereador em Goiânia, no ano que vem, mas nem isto está garantido, porque poderá ser pego pela Lei da Ficha Limpa.

O presidente do PT, Rui Falcão, eleito hoje, justificou o voto a favor da anistia a Delúbio. "Como não existe pena perpétua, nós encaramos esse retorno com naturalidade". Questionado se a decisão não contaminaria o julgamento dos réus do mensalão pelo STF, Falcão disse que os juízes firmarão suas convicções de acordo com os autos. "Eles não vão julgar conforme a decisão".

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