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Protesto de feministas desafia estado de emergência na Turquia

As mulheres convocaram protestos em 14 cidades, todos em desafio às normas do estado de emergência, que proíbe todo tipo de marchas e manifestações

Mulheres: o grupo denunciou que 409 mulheres foram assassinadas por homens durante 2017 (Umit Bektas/Reuters)
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EFE

Publicado em 8 de março de 2018 às 12h57.

Istambul - A violência machista contra as mulheres e o abuso sexual foram o foco de uma manifestação convocada nesta quinta-feira por feministas em Istambul, a maior cidade da Turquia , por causa do Dia Internacional da Mulher, desafiando as proibições impostas pelo estado de emergência em vigor.

Cerca de 50 mulheres compareceram à manifestação ao meio-dia (horário local) no bairro de Besiktas, junto ao Estreito de Bósforo, para exibir cartazes com lemas feministas e contra a violência.

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As organizações feministas convocaram hoje protestos em 14 cidades da Turquia, todos em desafio às normas do estado de emergência, que está vigente desde 2016 e proíbe todo tipo de marchas e manifestações.

A polícia compareceu ao local do protesto em Besiktas, mas não interveio e as participantes se dispersaram após a leitura de um breve manifesto.

O grupo denunciou que 409 mulheres foram assassinadas por homens durante 2017, enquanto que, apenas em fevereiro, já foram registradas 47 mortes violentas.

A cifra é muito superior à levantada pela publicação "Bianet", que registrou 286 casos em 2017, um número ligeiramente superior ao de anos anteriores, mas que só considera assassinatos com motivação machista inequívoca.

O manifesto lido hoje em Besiktas denunciou que muitos assassinos recebem uma redução de sentença por "boa conduta" durante o julgamento e lamentou o fato de o governo fazer críticas à lei sobre a violência machista, aprovada em 2012, como uma medida que "destrói a família".

As mulheres também denunciaram uma polêmica lei aprovada no ano passado que dá aos muftis, teólogos empregados pelo Estado, o poder de registrar casamentos, equiparando-os assim aos funcionários do Registro Civil.

A oposição denuncia que este gesto poderia facilitar os casamentos com meninas menores de 18 anos, um grave problema em muitas regiões rurais da Turquia, onde muitas famílias casam suas filhas menores de idade em uma cerimônia não reconhecida pelo Estado, mas com a bênção de figuras religiosas locais.

Ainda que a nova lei não legalize os casamentos de menores de idade, taxativamente proibidos e equiparados à violência sexual contra uma menor de idade, as feministas temem que, ao ceder o controle de seu cumprimento aos muftis, isso abre as portas para abusos.

Um estudo acadêmico realizado este ano entre homens e mulheres em todo o país mostrou que dois terços identificam a violência como o maior problema vivido pelas mulheres, e expôs também uma redução da aceitação social dessa violência.

Apenas 5% dos entrevistados defenderam que "um homem pode, às vezes, utilizar a violência pelo bem da família", frente a 14% em 2016 e 11% em 2017.

Ainda segundo essa pesquisa, 85% das mulheres e 74% dos homens afirmaram que votariam em uma mulher se se identificassem com seus ideais políticos.

Outro estudo, no entanto, revela que 25% dos homens turcos consideram ruim o fato de uma mulher casada trabalhar fora de casa.

Aos gritos de "não caminharemos sozinhas", as feministas reunidas hoje em Besiktas prometeram solidariedade para continuar avançando e encerraram com o slogan: "ninguém pode parar as mulheres".

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