Coronavírus: novos surtos surgiram ou se desenvolveram rapidamente na Coreia do Sul, no Irã e na Itália (Paul Yeung/Bloomberg)
AFP
Publicado em 23 de fevereiro de 2020 às 17h02.
A multiplicação de novos casos de coronavírus fora da China confirma o alerta da OMS sobre o risco de propagação da epidemia, alertaram especialistas neste domingo (23) ao pedir reforço no combate a doença.
"A epidemia do COVID-19 teve um aumento significativo nas últimas 48 horas. A OMS e seus estados membros devem refletir e passar de uma estratégia de contenção para uma estratégia de mitigação, ou seja, reduzir o impacto negativo da propagação" do vírus, diz o professor Devi Sridhar, responsável pelo programa de Governança da Saúde da Escola de Medicina de Edimburgo, no Reino Unido.
Na última sexta-feira, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que "estamos em uma fase na qual é possível conter a epidemia", embora as possibilidades sejam limitadas.
Casos fora do epicentro da epidemia na China "sem uma ligação epidemiológica clara, como histórico de viagens ou contatos com casos confirmados" se multiplicaram no mundo.
Novos surtos surgiram ou se desenvolveram rapidamente na Coreia do Sul, no Irã - onde até agora morreram 8 pessoas, entre os 43 casos registrados - e na Itália, onde 130 casos de coronavírus foram registrados em poucos dias, deixando 11 cidades em quarentena.
"É o que se denomina transição de transmissão comunitária", explica o professor Arnaud Fontanet, que chefia a unidade "epidemiológica de doenças emergentes" do Instituto Pasteur, na França.
"Isso faz com que o controle seja muito mais difícil e faz pensar em um risco de introdução (do vírus) a partir de outro foco que não seja a China", ressalta.
O epidemiologista do Instituto Nacional de Saúde e de Investigação Médica (Inserm) da França, Eric D'Ortenzio, acredita que "essa é uma nova fase" da propagação do COVID-19.
Segundo ele, a aparição de novos países afetados pelas "cadeias de transmissão a partir de casos não detectados", ainda que haja dados precisos, continuam faltando informações sobre os vetores epidêmicos desses casos assintomáticos.