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Proibição do narguilé provoca indignação na Jordânia

Decisão do governo de aplicar uma lei que proíbe o narguilé nos restaurantes e cafeterias da Jordânia enfureceu os fumantes e proprietários destes negócios

Jordanianos fumam narguilé: decisão questiona um estilo de vida e uma indústria com um volume de negócios de 1,5 bilhão de dólares e que emprega 12 mil pessoas (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2014 às 13h51.

Amã - A decisão do governo de aplicar uma lei que proíbe o narguilé nos restaurantes e cafeterias da Jordânia enfureceu os fumantes e proprietários destes negócios.

A lei, votada em 2008, nunca havia sido aplicada, mas o governo decidiu revogar neste ano a licença dos 5.000 estabelecimentos que propõem aos seus clientes a shisha, um cachimbo de água típico da região.

Fumantes e donos de cafés estão indignados com esta decisão, que questiona um estilo de vida e uma indústria com um volume de negócios de 1,5 bilhão de dólares e que emprega 12.000 pessoas.

"Milhares de pessoas perderão seu emprego", advertiu Emran Torsha, que dirige o café Jafra, no centro de Amã, que recebe quase 2.000 clientes por dia, a metade deles para fumar.

A licença que lhe permite oferecer narguilé no estabelecimento expira em fevereiro.

"O que vamos dizer aos clientes que vêm aqui para relaxar?", se pergunta no café, onde dezenas de homens e mulheres de todas as idades fumam narguilé enquanto comem ou bebem algo.

O ministro do Turismo, Nidal Qatamin, pediu que "a proibição seja aplicada gradualmente, levando em conta os interesses comerciais".


Mas o ministro da Saúde, ALi Hiasat, propôs eliminar o narguilé na Jordânia. "O governo não se retratará", afirmou.

As autoridades começaram a aplicar a lei contra o tabaco em 2010, dois anos depois de sua votação. Mas ela foi praticamente ignorada, inclusive nos locais governamentais e nos espaços públicos, como hospitais e escolas.

A lei prevê até um mês de prisão ou uma multa de 21 a 36 dólares para os fumantes, e de seis meses de prisão e o pagamento de 1.400 dólares para a pessoa que fumar, por exemplo, em uma pré-escola.

Mas o narguilé é um passatempo muito popular na Jordânia.

"O que vai substituir a shisha se o governo proibi-la? Para onde iremos?", se pergunta Wasim Yusef, um homem de 30 anos sentado em uma das mesas do Jafra. "O narguilé é uma tradição. É meu único ócio".

Os especialistas em saúde afirmam que o sabor frutado e variado da shisha pode fazer com que os fumantes se esqueçam da periculosidade do tabaco e advertem que o narguilé é mais prejudicial que o cigarro devido ao tempo que leva para ser consumido.

Já as autoridades estão preocupadas pelos efeitos do tabaco em um país onde a metade dos sete milhões de habitantes são fumantes.

"Todos os anos são registrados 5.000 casos de câncer na Jordânia. Cerca de 40% estão relacionados com o tabaco", afirma Firas Hawari, um médico do Centro de Oncologia do Rei Hussein.

"A luta contra o tabaco se converteu em uma prioridade na Jordânia. A lei deve ser aplicada sem demora", afirmou.

Uma opinião compartilhada por Faten Hanaia, que dirige a associação Jordânia Sem Tabaco, para quem a proibição do Narguilé é "uma primeira etapa em direção à proibição de fumar em locais públicos".

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Amã - A decisão do governo de aplicar uma lei que proíbe o narguilé nos restaurantes e cafeterias da Jordânia enfureceu os fumantes e proprietários destes negócios.

A lei, votada em 2008, nunca havia sido aplicada, mas o governo decidiu revogar neste ano a licença dos 5.000 estabelecimentos que propõem aos seus clientes a shisha, um cachimbo de água típico da região.

Fumantes e donos de cafés estão indignados com esta decisão, que questiona um estilo de vida e uma indústria com um volume de negócios de 1,5 bilhão de dólares e que emprega 12.000 pessoas.

"Milhares de pessoas perderão seu emprego", advertiu Emran Torsha, que dirige o café Jafra, no centro de Amã, que recebe quase 2.000 clientes por dia, a metade deles para fumar.

A licença que lhe permite oferecer narguilé no estabelecimento expira em fevereiro.

"O que vamos dizer aos clientes que vêm aqui para relaxar?", se pergunta no café, onde dezenas de homens e mulheres de todas as idades fumam narguilé enquanto comem ou bebem algo.

O ministro do Turismo, Nidal Qatamin, pediu que "a proibição seja aplicada gradualmente, levando em conta os interesses comerciais".


Mas o ministro da Saúde, ALi Hiasat, propôs eliminar o narguilé na Jordânia. "O governo não se retratará", afirmou.

As autoridades começaram a aplicar a lei contra o tabaco em 2010, dois anos depois de sua votação. Mas ela foi praticamente ignorada, inclusive nos locais governamentais e nos espaços públicos, como hospitais e escolas.

A lei prevê até um mês de prisão ou uma multa de 21 a 36 dólares para os fumantes, e de seis meses de prisão e o pagamento de 1.400 dólares para a pessoa que fumar, por exemplo, em uma pré-escola.

Mas o narguilé é um passatempo muito popular na Jordânia.

"O que vai substituir a shisha se o governo proibi-la? Para onde iremos?", se pergunta Wasim Yusef, um homem de 30 anos sentado em uma das mesas do Jafra. "O narguilé é uma tradição. É meu único ócio".

Os especialistas em saúde afirmam que o sabor frutado e variado da shisha pode fazer com que os fumantes se esqueçam da periculosidade do tabaco e advertem que o narguilé é mais prejudicial que o cigarro devido ao tempo que leva para ser consumido.

Já as autoridades estão preocupadas pelos efeitos do tabaco em um país onde a metade dos sete milhões de habitantes são fumantes.

"Todos os anos são registrados 5.000 casos de câncer na Jordânia. Cerca de 40% estão relacionados com o tabaco", afirma Firas Hawari, um médico do Centro de Oncologia do Rei Hussein.

"A luta contra o tabaco se converteu em uma prioridade na Jordânia. A lei deve ser aplicada sem demora", afirmou.

Uma opinião compartilhada por Faten Hanaia, que dirige a associação Jordânia Sem Tabaco, para quem a proibição do Narguilé é "uma primeira etapa em direção à proibição de fumar em locais públicos".

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