Professor decapitado: polícia investiga 80 suspeitos de ligação com o caso
Buscas por autores de mensagens de ódio contra o francês Samuel Paty, que usou imagens do profeta Maomé em uma aula, prosseguem
Carla Aranha
Publicado em 19 de outubro de 2020 às 12h53.
Nesta segunda, 19, as forças policiais francesas fazem buscas nas casas de dezenas de suspeitos de postarem mensagens de apoio ao decapitador do professor francês Samuel Paty nas redes sociais. Também deverão ser interrogadas 80 pessoas que teriam uma conexão com o crime.
A França considera o assassinato do professor um ataque terrorista, já que Paty foi morto poucas semanas após dar uma aula de liberdade de expressão em que utilizou charges do profeta Maomé. Desde então, Paty vinha sofrendo ataques de ódio nas mídias sociais. Pais de alunos muçulmanos protestaram contra a utilização de imagens do profeta.
Os alunos de Paty afirmaram que ele avisou que os desenhos seriam exbidos e disse que estudantes muçulmanos podiam sair da sala caso não se sentissem confortáveis. O professor vinha recebendo mensagens de ódio pela internet desde a aula em que foram mostradas imagens de Maomé, no início do mês, postadas por muçulmanos. Na religião islâmica, representações do profeta são consideradas uma ofensa.
Depois da aula sobre liberdade de expressão, muitos pais ficaram revoltados com Paty, que dava aula de história. Líderes muçulmanos na França repudiaram o ataque. "A civilização não mata uma pessoa inocente, o barbarismo é que faz isso", disse Tareq Oubrou, líder religioso de uma mesquisa em Bordeaux.
Autoridades francesas também vêm se pronunciando sobre o caso. Nesta segunda, o ministro do interior, Gérald Darmanin, disse que as operações da polícia em razão do assassinato do professor mandam uma mensagem de que não há "trégua para os inimigos da república" e que as investigações devem continuar por toda a semana.
O presidente Emmanuel Macron disse que a decapitação tem "todas as características de um ataque terrorista islâmico". Macron também afirmou que o professor foi assassinado porque "ensinou liberdade de expressão".