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Pró-russos rejeitam plano de paz ao anunciar eleições

Separatistas pró-russos anunciaram a organização de eleições em novembro, rejeitando o plano de paz de Kiev

Fumaça é vista em Donetsk a partir de um posto de controle de separatistas (John Macdougall/AFP)
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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2014 às 12h46.

Donetsk - Os separatistas pró-russos anunciaram nesta terça-feira a organização de eleições presidenciais e legislativas em novembro no leste da Ucrânia , rejeitando o plano de paz de Kiev, no momento em que uma zona desmilitarizada é configurada na linha de frente.

O anúncio de eleições simultâneas no dia 2 de novembro nas regiões de língua russa de Donetsk e Lugansk, palco de combates entre rebeldes e soldados que já mataram 2.900 pessoas desde abril, é um duro golpe para o chefe de Estado ucraniano, que havia proposto aos separatistas o princípio de um "status especial" por três anos.

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Estas ofertas políticas do presidente Petro Poroshenko tinham por objetivo conceder mais autonomia às regiões separatistas e previam eleições locais no dia 7 de dezembro, além de uma anistia com condições para os combatentes.

Desde a adoção, no dia 16 de setembro pelo parlamento ucraniano, de leis que permitiam a sua implementação, Kiev esperava uma resposta dos separatistas durante a condução paralela de negociações para um cessar-fogo duradouro.

Eleições simultâneas

"Pensamos em organizar eleições para o Conselho Supremo (parlamento) e para chefe da República em 2 de novembro", afirmou o primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk, Alexander Zajarchenko, acrescentando que não vão participar das legislativas ucranianas propostas por Kiev e previstas para 26 de outubro.

"Temos o nosso conselho supremo e nós mesmos decidiremos quais eleições organizar e em que data", acrescentou.

Neste contexto, a região vizinha de Lugansk fez o mesmo. Segundo uma autoridade da República Popular de Lugansk, no mesmo dia serão organizadas eleições presidenciais e legislativas.

"As eleições vão ocorrer simultaneamente com a República Popular de Donetsk, no dia 2 de novembro", declarou o presidente do Conselho Supremo da República de Lugansk, Alexei Kariakin, à agência oficial russa Itar-Tass.

Esses anúncios destacam a fragilidade do processo de paz iniciado nas últimas semanas. Se a trégua nos combates é em geral respeitada, o aspecto político quanto ao futuro das regiões ucranianas de língua russa é muito mais problemático.

Nesta terça-feira, os insurgentes pró-russos anunciaram que começaram a retirar sua artilharia dos setores do leste da Ucrânia onde o exército ucraniano fez o mesmo, mas ainda são registrados combates, sobretudo no aeroporto de Donetsk.

Ao retirar gradualmente seus canhões, os beligerantes permitem a instauração de uma zona desmilitarizada de 30 km ao longo da linha de frente congelada em 19 de setembro.

Três dias após a assinatura em Minsk de um acordo que reforça as primeiras medidas de cessar-fogo decididas no dia 5 de setembro, eram criadas progressivamente as condições para uma trégua.

"Retiramos nossa artilharia das zonas onde as forças ucranianas regulares fizeram o mesmo. Nos lugares onde a artilharia ucraniana não foi retirada, nós também não retiramos a nossa", declarou à agência de notícias russa Interfax Alexander Zajarchenko.

A criação desta zona é parte fundamental do acordo de paz entre Kiev e os separatistas das regiões de língua russa de Donetsk e Lugansk.

Por outro lado, um habitante de Donetsk morreu em combates nas últimas 24 horas, convertendo-se na primeira vítima civil desde a assinatura no sábado passado do memorando de Minsk.

Incêndio no aeroporto de Donetsk

Ao longo de mais de 230 km de linha de frente entre Lugansk, ao norte, e Novoazovsk, ao sul, há várias zonas problemáticas.

Sobretudo no estratégico aeroporto de Donetsk, uma cidade que tinha um milhão de habitantes antes do início dos combates, na primavera (boreal).

Em maio, os rebeldes atacaram o aeroporto, provocando uma enérgica intervenção do exército que conquistou um controle parcial do mesmo. Desde então, os combates são quase diários.

Tanto Kiev quanto os insurgentes reiteraram que não tinham a intenção de abandonar suas posições. "O aeroporto é nosso território", declarou à AFP um dos líderes da autoproclamada república popular de Donetsk, Andrei Purguin.

O aeroporto era alvo das chamas na manhã desta terça-feira devido aos tiros de armas pesadas, segundo os jornalistas da AFP na zona.

Por sua vez, o exército ucraniano anunciou na segunda-feira o início da aplicação das disposições do plano de paz.

"Nos dispomos a mover 15 km para trás o armamento pesado" da linha de frente, declarou o porta-voz do exército, Andri Lysenko, comemorando que não foram registradas incursões de militares russos na fronteira nem disparos procedentes do território russo.

Graças a esta trégua, caravanas de ajuda russa e ucraniana puderam chegar durante o fim de semana a Donetsk e Lugansk. E pela primeira vez desde 26 de julho um trem procedente de Kiev chegou a Lugansk na segunda-feira.

O conflito levou a um enfrentamento sem precedentes desde o fim da Guerra Fria entre russos e ocidentais.

Estes acontecimentos ocorreram depois de meses de agitação na Ucrânia, de um movimento de protesto pró-europeu em Kiev que levou à queda do presidente Viktor Yanukovich, da anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia e do surgimento do separatismo pró-russo no leste.

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