Prisões de imigrantes ilegais nos EUA sobem quase 40% com Trump
Quase dois terços tinham condenações criminais, mas também houve um salto no número de imigrantes nunca condenados por outros crimes detidos
Reuters
Publicado em 17 de maio de 2017 às 16h51.
Nova York - As prisões de supostos imigrantes ilegais nos Estados Unidos aumentaram quase 40 por cento nos primeiros 100 dias da Presidência de Donald Trump por causa de decretos presidenciais que ampliaram o perfil de quem pode ser visado devido a violações imigratórias, de acordo com dados do governo divulgados nesta quarta-feira.
O diretor interino da Agência de Cumprimento das Leis da Imigração e da Alfândega (ICE, na sigla em inglês), Thomas Homan, disse que as prisões realizadas pelo organismo chegaram a 41.318 entre 22 de janeiro e o final de abril deste ano - a cifra foi de 30.028 no mesmo período do ano passado.
Dos presos, quase dois terços tinham condenações criminais, mas também houve um salto considerável - de mais de 150 por cento - no número de imigrantes nunca condenados por outros crimes detidos pela ICE: 10.800 desde o início de 2017, comparados com os 4.200 presos sem condenações criminais no mesmo período de 2016.
Este aumento é resultado de diretrizes recentes fornecidas pelo secretário de Segurança Interna, John Kelly, para implementar os decretos de Trump sobre o cumprimento das leis da imigração interna e da segurança de fronteiras assinados em 25 de janeiro, poucos dias depois de o presidente republicano tomar posse.
"Aqueles que entram no país ilegalmente, estes de fato violam a lei, isso é um ato criminoso", disse Homan, enfatizando que os imigrantes que representam uma ameaça à segurança nacional ou têm fichas criminais ainda são uma prioridade da agência.
Ele disse que a ICE irá continuar a visar pessoas que receberam uma ordem definitiva de remoção de um juiz de imigração mesmo que não tenham cometido outro crime.
"Quando um juiz federal toma uma decisão e emite uma ordem, essa ordem precisa significar algo", afirmou Homan. "Se não agirmos com base nessas ordens, estamos só girando em círculos".
Embora o presidente Barack Obama também tenha sido criticado por deportar uma grande quantidade de imigrantes, a maioria era de pessoas que haviam acabado de cruzar a fronteira e apreendidas ao entrar em solo norte-americano de forma ilegal.
De fato, as deportações diminuíram 12 por cento com Trump quando comparadas com o mesmo período da era Obama, segundo Homan, já que as pessoas presas no interior normalmente têm casos mais complicados que podem avançar mais lentamente no sobrecarregado sistema legal de imigração.
O número de pessoas flagradas atravessando a divisa com o México encolheu consideravelmente desde o início do ano, de acordo com dados da Agência de Proteção da Imigração e da Alfândega dos EUA.