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María Corina é solta após ser detida em protesto contra Maduro, diz oposição

Líder da oposição havia convocado manifestações nesta quinta-feira, 9, contra a posse de Nicolás Maduro para mais um mandato

María Corina Machado, durante protesto em Caracas nesta quinta-feira, 9 (Pedro Mattey/AFP)
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 9 de janeiro de 2025 às 16h52.

Última atualização em 9 de janeiro de 2025 às 19h40.

A oposição venezuelana disse que María Corina Machado, principal líder contraria ao governo naVenezuela, teria sido presa por agentes do governo ao deixar um protesto na tarde desta quinta, 9. Horas depois, ela teria sido libertada.

"Hoje, 9 de janeiro, saindo da concentração em Chacao, Caracas,María Corina Machado, foi interceptada e derrubada da moto em que se deslocava. Armas de fogo foram disparadas. A levaram detida à força. Durante o período de sequestro, ela foi forçada a gravar vídeos e depois foi liberada. Nas próximas horas, ela se dirigirá ao país para explicar os fatos", disse o perfil Comando ConVlza, que tem sido usado pela oposição para convocar protestos.

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Corina é atualmente a principal opositora de Maduro. Nesta quinta, ela convocou uma série de protestos em todo o país contra a posse de Maduro, marcada para sexta-feira, 10, na qual ele iniciará seu terceiro mandato. A oposição acusa Maduro de ter fraudado a eleição.

Ela foi deputada e tentou se candidatar à Presidência, mas foi barrada pelo governo. Ela apoiou a candidatura do ex-diplomata Edmundo González. A oposição considera que González venceu a disputa e defende que ele tome posse da Presidência no dia 10.

O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, número dois do regime, desmentiu a detenção e chamou o caso de "uma invenção, uma mentira".

“Eles queriam alarmar toda a Venezuela e, no final, acabaram com o ridículo do ridículo, mentindo, dizendo que o governo havia capturado María Corina”, afirmou Cabello ao canal estatal VTV. “Ela está louca para que o governo a capture, e esse era seu plano: dizer que foi pega, para ver o que ela pode fazer.”

Os protestos da oposição desafiam o medo que se instalou em julho após uma repressão brutal às manifestações que eclodiram depois do anúncio da vitória de Maduro. nas eleições. Houve ao menos 28 mortos, quase 200 feridos e mais de 2,4 mil presos.

A líder não era visto em público há cinco meses, por medo de represálias, e estava dando entrevistas de um local desconhecido.

Protestos da oposição antes da posse de Maduro

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Onda de prisões

A suposta prisão de Corina faz parte de uma onda de detenções e desaparecimentos de opositores de Maduro nos últimos dias.  Entre os detidos estão Carlos Correa, conhecido ativista pelos direitos humanos, e Enrique Márquez, candidato nas eleições presidenciais que contestou na Justiça a certificação da reeleição de Maduro.

Antes, foi levado genro de Edmundo González, que disputou a eleição com Maduro. Rafael Tudares estava com os filhos quando foi preso por homens encapuzados.

O ministro do Interior, Diosdado Cabello, vinculou Márquez e Tudares a um plano de golpe de Estado. A gestão Maduro diz que a oposição não aceitou a derrota nas urnas e quer tomar o poder à força.

"Rafael Tudares não está direta ou indiretamente vinculado a atos políticos", disse sua esposa, Mariana González, filha de González, em um comunicado nesta quinta-feira.  "É uma medida de retaliação política contra meu pai".

Entenda a crise na Venezuela

Maduro, no poder desde 2013, teve sua vitória nas eleições presidenciais de 2024 contestada dentro e fora do país, pois o Conselho Nacional Eleitoral não apresentou os resultados detalhados de votação por sessão. Disse apenas que Maduro teve 51,2% dos votos, ante 44,2% de Edmundo González.

A oposição cobrou a liberação das atas de cada sessão eleitoral e fez um esforço para reunir os documentos. Conseguiu obter os registros de 79% das urnas do país, que foram depois analisadas pela agência americana Associated Press, especializada em dados eleitorais dos Estados Unidos. A agência apontou que González teria obtido 6,4 milhões de votos, ante 5,3 milhões de Maduro. O governo diz que esses dados são falsos e processou o candidato da oposição.

A cerimônia de posse presidencial está marcada para sexta-feira, 10 de janeiro, ao meio-dia (13h em Brasília), no Parlamento, controlado pelo chavismo. González, que pediu asilo na Espanha em 8 de setembro após uma ordem de prisão, disse que quer retornar à Venezuela para assumir o poder.

Ele está em uma viagem que o levou à Argentina, Uruguai e Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente Joe Biden e representantes de seu futuro sucessor, Donald Trump. Depois, foi ao Panamá, onde entregou à polícia as atas emitidas pelas urnas para comprovar a vitória da oposição, que o chavismo considera falsas.

Analistas apontam que as chances de González conseguir tomar posse são pequenas, pois Maduro possui forte apoio dos militares. A oposição tem tentado convencer os soldados e policiais a aderirem, mas os principais comandantes das Forças Armadas repetiram que seguem leais ao atual presidente

Dias antes da posse, Maduro anunciou um "plano de defesa" com o envio maciço de forças militares e policiais. O centro de Caracas, onde estão localizados o palácio presidencial e a maioria das sedes do poder público, está ocupado desde a semana passada por centenas de agentes de segurança fortemente armados.

González na República Dominicana

González está em uma viagem que o levou à Argentina, Uruguai e Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente Joe Biden e representantes de seu sucessor, Donald Trump. Depois, foi ao Panamá, onde entregou à polícia as atas emitidas pelas urnas para comprovar a vitória da oposição, que o chavismo considera falsas.

A última parada é a República Dominicana, onde ele se encontrou com o presidente Luis Abinader, antes de avaliar a possibilidade de um voo de uma hora para Caracas. Haveria ainda a possibilidade de González  tentar tomar posse em uma embaixada venezuelana no exterior.

As autoridades venezuelanas — que oferecem US$ 100 mil (R$ 613 mil) por sua prisão — já alertaram que, se ele chegar ao país, "será preso imediatamente" e seus companheiros internacionais serão tratados como invasores.

Com agências.

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