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Primeiros passos de Mussolini em Hollywood são revelados

O ditador italiano também entrou na grande tela como ator em Hollywood, como comprova "The Eternal City"

Benito Mussolini: filme de 28 minutos com o ditador foi recém descoberto (Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2014 às 08h36.

Roma - Benito Mussolini, o ditador italiano que soube compreender o poder que o cinema tinha como ferramenta de propaganda, também entrou na grande tela como ator em Hollywood, como comprova "The Eternal City", filme de 28 minutos recém descoberto em Nova York .

Foi a professora e pesquisadora do cinema italiano Giuliana Muscio que encontrou a película, produzida por Sam Goldwyn em 1923 e que até agora permanecia no Museu de Arte Moderna de Nova York sem que ninguém soubesse de sua existência.

"O filme estava no MoMa, mas ninguém, nem mesmo os responsáveis do museu, tinha compreendido de que se tratava. Era um filme perdido", explicou Muscio em entrevista à Agência Efe.

Pesquisadora e amante da sétima arte, a professora da Universidade de Pádua confessou que se sentiu instigada por arquivos e textos que falavam deste filme que permanecia até hoje inédito.

"Tinha minhas suspeitas de que poderia estar no MoMa, e ao investigar encontrei este fragmento", disse.

O resultado são dois rolos de 28 minutos de duração que mostram a primeira aparição do Duce no cinema como protagonista de um filme de ficção.

"Trata-se de um fato sem precedentes que exigirá que a história do cinema se reescreva, porque até agora os livros falavam de Mussolini e da propaganda ou dos noticiários, mas ninguém sabia de sua faceta como ator", ressaltou.

O filme foi rodado um ano depois da grande Marcha sobre Roma, a entrada na capital italiana liderada por Mussolini em 1922 com a qual, apoiado pelos camisas negras, iniciou sua trajetória de ascensão ao poder.

Muscio contou que o afã do cinema hollywoodiano para ampliar suas fronteiras e chegar a um público internacional pode ter sido uma das razões que fizeram os estúdios se interessar por Mussolini.

Segundo a pesquisadora, o filme "permitiu ao regime fascista se aproveitar de uma produção americana para levar sua mensagem além da Itália, algo que um filme italiano não teria conseguido".

"The Eternal City" é a adaptação do romance homônimo do escritor Thomas Henry Hall Caine, que já tinha sido levada para o teatro e o cinema. A versão protagonizada por Mussolini é uma adaptação livre em que o fascismo era mostrado como o grande salvador do mundo.

O filme conta a história de David Rossi (Bert Lytell) e Roma (Barbara LaMarr), dois jovens criados juntos que se prometem amor eterno, mas que tem romance interrompido quando o idealista David decide se alistar para combater na guerra.

Durante sua ausência, Roma se transforma em uma famosa escultora com a ajuda econômica de Bonelli (Lionel Barrymore), que tem o desejo secreto de se transformar no líder do Partido Comunista e em ditador da Itália.

Esse sonho é frustrado por David, tenente e braço direito de Mussolini, que o mata.

O filme termina com o triunfo do fascismo e a assinatura de um documento no qual Mussolini liberta o patriota David Rossi e o permite continuar a história de amor interrompida com Roma.

"O intenso abraço que os dois jovens protagonizam" convida o espectador a compreender que Mussolini é o grande líder que o mundo precisa.

"Mussolini participa ativamente como personagem do filme", contou a pesquisadora italiana, antes de acrescentar que o ditador estava "muito satisfeito pelo caráter fascista do filme, como escreveu o então cinegrafista Arthur Miller em um de seus artigos".

Nestes textos Miller elogiava a disposição e a personalidade fácil de lidar do Duce, que "falava em inglês muito lentamente" e que não tinha problema em se deixar fotografar com a equipe de filmagem.

O filme foi apresentado nas Jornadas do Cinema Mudo de Pordenone, no nordeste da Itália, e será conservado no MoMa até que "alguma cinemateca italiana se interesse em restaurá-lo e editá-lo em formato digital", concluiu Muscio.

São Paulo – Nesta segunda-feira o mundo continuou assistindo às forças rebeldes da Líbia fechando o cerco contra o exército do ditador Muammar Kadafi. Os militantes da oposição lutam para libertar o país de um regime autoritário que já dura quatro décadas. Desde que o ano começou, uma série de movimentos nos países árabes eclodiu, todos eles ecos da Revolução de Jasmim, que destituiu o ditador da Tunísia Zine El Abidine Ben Ali. Os levantes tinham o propósito comum de livrar nações de governos totalitários, quase todos iniciados no século passado. Ao longo do século XX a humanidade testemunhou a ascensão e a queda de regimes autoritários marcados pela repressão e pela violência. Alguns deles permanecem na memória como pesadelos emblemáticos, como é o caso da Alemanha nazista, liderada por Adolf Hitler. Veja nos slides ao lado outros nove temidos ditadores do século passado, alguns dos quais continuam no poder até hoje.
  • 2. Hitler: o pesadelo do século XX

    2 /10(Wikimedia Commons)

  • Veja também

    Adolf Hitler foi um dos mais terríveis líderes totalitários do século XX. Ele ocupou o poder na Alemanha entre 1934 e 1945. Durante este período, especialmente na Segunda Guerra Mundial, suas tropas foram responsáveis pela morte de seis milhões de pessoas que Hitler considerava inferiores. Dentre as vítimas do Holocausto estavam judeus, negros, homossexuais e outras minorias que não se encaixavam no que o führer chamava de “raça ariana”, ou "raça superior". O genocídio que o líder alemão comandou está entre os momentos de maior terror da história da humanidade.
  • 3. Josef Stalin, o “homem de ferro” da URSS

    3 /10(Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

  • Stalin foi o líder máximo da União Soviética entre os anos 1920 e 1950. Antes e depois da Segunda Guerra, o “homem de aço”, como era conhecido, pôs em prática uma série de deportações, prisões e execuções de opositores ao regime comunista. Segundo informações do arquivo oficial do governo Russo, as vítimas do governo Stálin passaram dos três milhões, sendo que 800 mil pessoas foram executadas. Entretanto, historiadores russos atribuem números bem maiores – algo próximo de nove milhões de vítimas - às atrocidades que o governante cometeu durante seu tempo no poder.
  • 4. Papa Doc: de médico humanitário a “bicho papão” haitiano

    4 /10(Wikimedia Commons)

    O médico François Duvalier começou a se destacar na profissão ao lidar com questões de saúde pública no Haiti. Entre os anos 1930 e 1940, Duvalier trabalhou em hospitais da capital Porto Príncipe, ajudando a combater doenças tropicais como a malária e a febre amarela. Nessa época, era chamado carinhosamente por seus pacientes de Papa Doc (algo como “papai doutor”). Entretanto, ao ascender na política e assumir o governo do Haiti em 1957, de “papai” e “doutor”, só ficou o apelido. Duvalier aos poucos concentrou o poder em torno de si e exterminou seus opositores. Ele instaurou um governo baseado na força, exercida principalmente pela Milícia de Voluntários da Segurança Nacional. Os soldados eram comumente conhecidos como “ touton macoute ”, expressão em francês que remete a uma figura como a do “bicho-papão”.
  • 5. Pol Pot exterminou 25% da população do Camboja em 4 anos

    5 /10(Wikimedia Commons)

    Saloth Sar ficou conhecido no mundo todo como Pol Pot, nome que adotou pouco antes de assumir o poder no Camboja. Pot governou o país asiático entre 1963 e 1979. Apesar de seu governo não ter sido dos mais extensos, se comparado ao de outros ditadores, 16 anos foi tempo de sobra para as atrocidades do líder cambojano. Em apenas quatro anos, entre 1975 e 1979, o regime comunista de Pot executou cerca de dois milhões de pessoas, quase 25% da população do país naquela época. A maioria das vítimas fazia parte do governo anterior: funcionários públicos, policiais, militares e professores. Outros grupos que sofreram com a perseguição e morte foram o de cristãos e o de muçulmanos. Pot é o terceiro, da esquerda para a direita, sentado na poltrona.
  • 6. Pinochet: o ditador que morreu no Dia Internacional dos Direitos Humanos

    6 /10(David Lillo/AFP)

    Augusto Pinochet governou o Chile como presidente (entre outros títulos que acumulou) entre 1973 e 1990. Depois de deixar o poder, permaneceu como chefe das forças armadas do país até 1998. Durante seu governo, o ditador se tornou conhecido pela violência. Ele foi responsável pela morte de quase três mil opositores, e prendeu e torturou mais de 30 mil pessoas. Pinochet respondeu a vários processos por violação dos direitos humanos, mas não chegou a ser condenado, já que sua saúde debilitada o impedia de comparecer às audiências. Morreu em 2006, depois de assumir a responsabilidade pelas mortes durante seu governo, dizendo que agiu com patriotismo. Pinochet morreu em 10 de dezembro de 2006, data adotada pela ONU como o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
  • 7. Kim Jong-II, o “líder querido” que odeia os celulares chineses

    7 /10(AFP)

    Kim Jong-II, líder da Coreia do Norte, é considerado chefe de um dos regimes mais opressores da atualidade. A figura do “querido líder”, como Kim Jong é conhecido no país, está presente em toda parte no cotidiano dos cidadãos. O governo do ditador, que está no poder desde 1994, mantém a população sob um rígido controle debaixo das exigências do partido comunista. Centenas de milhares de pessoas, inclusive crianças, já foram mandadas para campos de trabalho forçado por crimes como esconder comida ou praticar atividades anti-comunistas. Os norte-coreanos pegos tentando fugir do país, ou mesmo usando celulares fabricados na China são punidos com a morte.
  • 8. Omar al-Bashir tem mandado de prisão em seu nome, mas continua no poder

    8 /10(Wikimedia Commons)

    Omar al-Bashir dita as regras no Sudão desde 1989. Ao assumir o poder, ele dissolveu o parlamento, censurou a imprensa e extinguiu todos os partidos políticos. Em 2003 al-Bashir começou uma campanha de perseguição étnica e religiosa no país africano e matou mais de 180 mil pessoas. Apesar de ter um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional, com acusações de genocídio, o líder do Sudão continua em liberdade e está no poder após ter vencido as eleições presidenciais de 2010.
  • 9. Robert Mugabe governa o Zimbábue na base da intimidação

    9 /10(Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

    Robert Mugabe é o atual presidente do Zimbábue, cargo que ocupa desde dezembro de 1987. Ele já ocupava o poder no país desde 1980, quando se tornou primeiro-ministro. Em junho de 2008 ele venceu as eleições presidenciais pela sexta vez consecutiva. Seu governo é considerado um dos mais corruptos de todo o continente africano. O governante age com violência contra seus opositores, frequentemente intimidando-os por meio das forças armadas do governo. Mugabe é suspeito de estar envolvido diretamente com o comércio ilegal de diamantes no país e no continente.
  • 10. Bashar al-Assad enfrenta uma população descontente

    10 /10(AFP)

    O presidente da Síria Bashar al-Assad ocupa o cargo desde 2000. Seu mandato começou como uma promessa de mudança, com maior abertura política, mas não foi o que aconteceu. No começo deste ano, os diversos protestos no mundo árabe fizeram com que o governo prometesse mudanças mais rápidas no sistema político. Entretanto, a lentidão para anunciar as reformas levou a população a se revoltar e sair para a rua em diversos protestos. Os opositores foram oprimidos com violência pelo goveno. O último balanço divulgado pela ONU, nesta segunda-feira, contabiliza mais de 2,2 mil mortos pelas forças militares de Bashar al-Assad.
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