Primeiro-ministro do Haiti renuncia durante crise da alta de combustíveis
A audiência no Parlamento foi convocada após a crise que explodiu no país, com violentos protestos contra aumento do preço do combustível
EFE
Publicado em 14 de julho de 2018 às 17h17.
Última atualização em 14 de julho de 2018 às 17h52.
Porto Príncipe - O primeiro-ministro do Haiti , Jack Guy Lafontant, renunciou neste sábado ao cargo, durante sessão da Câmera dos Deputados que estava sendo realizada para debateria sobre a retirada ou não do voto de confiança concedido a ele.
A audiência no parlamento foi convocada após a crise que explodiu no país no último fim de semana, com violentos protestos pelo aumento do preço do combustível. O reajuste foi cancelado pelo governo devido à pressão feita pela sociedade civil.
Assim que a renúncia foi anunciada, o presidente do parlamento, Gary Bodeau, publicou uma mensagem no Twitter pedindo que o presidente do Haiti, Jovenel Moise, escolha um novo primeiro-ministro que esteja de acordo com os desejos da população.
Mais cedo, em entrevista à Agência Efe, Bodeau já tinha expressado o desejo de que Lafontant renunciasse pelo "bem do país".
Um forte esquema de segurança foi montado em Porto Príncipe, capital do Haiti, por causa da sessão sobre o voto de confiança do primeiro-ministro. O parlamento estava cercado de agentes, especialmente porque a oposição marcou um protesto no local.
O primeiro-ministro vinha sendo questionado nos últimos meses. Diante das manifestações iniciadas após a alta dos combustíveis, os parlamentares convocaram uma audiência para discutir o destino do governo de Lafontant, mas ele não compareceu.
A ausência fez com que setores da oposição e do empresariado local começassem a pedir a renúncia do agora ex-primeiro-ministro.
Na última sexta-feira, o governo anunciou reajustes entre 37% e 50% nos preços dos combustíveis. A alta de itens como o querosene, muito utilizado pelos mais pobres para iluminar suas casas, provocou uma série de protestos. Várias pessoas morreram em confrontos.
Vendo a gravidade da crise, o governo voltou atrás e revogou o reajuste, que tinha sido acertado em um acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O FMI tinha exigido que o governo do Haiti retirasse o subsídio sobre os combustíveis gradualmente. Para a organização, esse tipo de auxílio beneficia de forma desproporcional a população mais rica.
Em entrevista coletiva, o porta-voz do FMI, Gerry Rice, disse que o fim dos subsídios liberaria dinheiro para que o governo do Haiti pudesse financiar projetos em benefício dos mais desfavorecidos.
O Conselho de Segurança da ONU condenou a violência no Haiti e pediu calma às partes envolvidas.
Atualizado às 17h53.