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Presidente sírio está decidido a reconquistar Aleppo

Para o governo de Assad, a tomada de Aleppo seria "uma de suas maiores vitórias"

Bashar al-Assad: há vários meses, ofensivas se sucedem para tomar os bairros da zona leste de Aleppo (Sana/Divulgação/Reuters)
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AFP

Publicado em 28 de novembro de 2016 às 10h50.

O presidente Bashar al-Assad está decidido a reconquistar Aleppo, segunda maior cidade da Síria, para desferir um golpe decisivo contra os rebeldes e reposicionar seu regime na cena internacional, num momento de possível mudança na diplomacia americana.

Há vários meses, ofensivas se sucedem para tomar os bairros da zona leste de Aleppo, nas mãos dos rebeldes desde o verão de 2012. A última, lançada em meados de novembro, pode ser decisiva, uma vez que exército conseguiu capturar a maioria desses bairros.

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Para o governo de Assad, a tomada de Aleppo seria "uma de suas maiores vitórias", considera Mathieu Guidere, especialista em geopolítica do Oriente Médio.

"Esta foi uma das primeiras cidades conquistadas pela oposição armada" e tem um "extraordinário prestígio histórico, político ou geopolítico", explica o professor da Universidade de Paris-8.

A antiga capital econômica e centro industrial da Síria está localizada em um eixo comercial estratégico, perto da fronteira com a Turquia.

Desde 2012, Aleppo está dividida entre as áreas controladas pelo governo a oeste, onde 1,2 milhão de pessoas vivem, e os bairros rebeldes no leste, onde mais de 250.000 pessoas residem.

"Virada"

A tomada de Aleppo "seria uma virada", garante Fabrice Balanche, especialista em Síria no Instituto Washington. Isso porque permitiria ao regime "controlar Damasco, Homs, Hama (centro), Latakia (oeste) e Aleppo, ou seja, as cinco maiores cidades" e a Síria útil.

A metrópole do norte é também a chave para recuperar a província de Idleb (noroeste), quase inteiramente controlada pelos rebeldes e extremistas.

"Isso vai mudar o equilíbrio de forças no conflito", afirma Bassam Abu Abdullah, diretor do Centro de Damasco para Estudos Estratégicos.

De acordo com ele, "o objetivo é empurrar esses grupos (rebeldes) para o cenário de Homs", a terceira maior cidade do país, onde os insurgentes se renderam em 2014 após dois anos de cerco e bombardeios.

Desde 17 de julho, a pressão é máxima na zona leste de Aleppo, sitiada pelas forças do governo, privada de ajuda humanitária, ameaçada de escassez alimentar e onde quase todos os hospitais foram bombardeados. Neste cenário, os países ocidentais denunciam "crimes de guerra".

Tal ânsia destina-se a forçar os civis, pressionados pela fome e a miséria, a se voltar contra os rebeldes. Várias centenas deixaram a zona leste de Aleppo no último final de semana para áreas controladas pelo governo, no primeiro êxodo deste tipo desde 2012.

"Você só pode recuperar um território se a população não apoiar mais os rebeldes", diz Balanche.

"Posição de força"

A tomada de Aleppo colocaria o regime em uma posição forte para sair vitorioso da guerra que assola a Síria desde 2011 e que já fez mais de 300.000 mortes e milhões de deslocados e refugiados.

Neste cenário, os grupos rebeldes se limitariam a Idleb, a algumas localidades de Deraa (sul), o berço da sua revolta, e perto de Damasco, onde também recuaram com a perda dos redutos de Daraya e Muadamiyat al-Sham.

"Este não é o fim desses grupos, mas uma derrota em Aleppo significaria que (...) não são capazes de manter a população sob seu controle e protegê-la", afirma Guidère.

Para Balanche, a perda de Aleppo mostraria que "a oposição é incapaz de uma grande vitória militar" e de posar como uma "alternativa" frente a Damasco. "Aleppo é a última esperança de poder ser capaz de formar um território viável" para os rebeldes, mas se for conquistada, este "sonho desvanece-se", diz.

Para Abdullah, "a perda de Aleppo marcará o fim das últimas esperanças dos países" que apoiam a oposição, incluindo a Arábia Saudita, Catar e Turquia.

Com uma vitória, Damasco controlaria a chave de uma possível retomada das negociações de paz, depois do fracasso este ano de três sessões de diálogo sob mediação da ONU. "O regime estará em uma posição forte: será ainda menos provável que queira negociar", considera Guidère.

A chegada de Donald Trump à Casa Branca em janeiro, sinônimo de uma possível virada na diplomacia americana, poderia mudar isso.

"Sabemos que Trump não está tão interessado em investir na Síria. Se, além disso, Aleppo cair (...), não valerá a pena apoiar a oposição síria", acredita Balanche.

Em outubro, durante um debate presidencial, Trump já havia proclamado: "Eu acho que, basicamente, Aleppo já caiu".

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