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Presidente de Taiwan defende diálogo positivo com a China

A nova presidente tentou em seu discurso manter um equilíbrio que tranquilize Pequim, mas sem contradizer os taiwaneses críticos à China

Taiwan: a nova presidente tentou em seu discurso manter um equilíbrio que tranquilize Pequim, mas sem contradizer os taiwaneses críticos à China (Tyrone Siu/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2016 às 10h43.

A nova presidente de Taiwan , Tsai Ing-wen, primeira mulher a ocupar o cargo, pediu nesta sexta-feira em seu discurso de posse um "diálogo positivo" com Pequim , adotando um tom conciliador, diante de uma China cada vez mais hostil.

Tsai, de 59 anos, venceu por maioria as eleições de janeiro, que colocaram fim a oito anos de política de aproximação com a China sob o comando do presidente em fim de mandato Ma Jing-jeou, do partido Kuomintang (KMT).

Os eleitores consideraram que Ma Jing-jeou foi muito longe e que sua política, mais que servir aos interesses de Taiwan, havia colocado em risco a soberania da ilha, que Pequim ainda considera parte de seu território.

Tsai é a líder do Partido Democrático Progressista (PDP), uma formação tradicionalmente independentista.

Esta ex-professora universitária moderou o discurso do PDP, mas permaneceu firme para reforçar a posição de Taiwan, uma mensagem bem aceita pelos taiwaneses, cansados de viver à sombra da China.

O território segue seu próprio rumo desde 1949, quando os nacionalistas do KMT, liderados por Chiang Kai-shek, se refugiaram na ilha após a vitória dos comunistas de Mao Tsé-Tung. Após a morte de Chiang, Taiwan abraçou pouco a pouco a democracia.

Diante das 20.000 pessoas que acompanhavam a cerimônia diante do palácio presidencial, Tsai quis apresentar Taipei como uma força de paz.

"Statu quo"

"As duas partes que governam ambos os lados do estreito (que separa a China continental de Taiwan) têm que deixar de lado o peso da história e iniciar um diálogo positivo", disse em seu discurso depois de ter jurado o cargo.

Poucas horas após a posse, Pequim reagiu contra qualquer tentativa de avançar a uma eventual independência.

"Se buscar a independência, será impossível ter paz e estabilidade no Estreito de Taiwan", advertiu o Escritório de Assuntos de Taiwan do governo chinês em um comunicado.

Desde a vitória eleitoral de Tsai, as relações voltaram a se distanciar.

A China quer que Tsai assuma o consenso tácito concluído em 1992 entre Pequim e Taipé, que afirma que há "uma só China" e que cada parte pode interpretar a sua maneira.

Embora a nova presidente e o partido PDP não reconheçam este consenso de 1992, Tsai repetiu muitas vezes que manterá o "status quo". Sem se afastar de seus princípios, a dirigente destaca a importância do diálogo.

"As relações bilaterais se converteram em parte integrante da construção da paz regional e da segurança coletiva", disse.

"Neste processo, Taiwan será um 'ferrenho guardião da paz' que participará de forma ativa e não estará ausente", insistiu.

Sem mencionar a China, apelou, no entanto, para que a ilha coloque fim a sua independência comercial em relação ao continente e termine com "nossa antiga subordinação a apenas um mercado".

Bloqueio midiático chinês

Segundo os analistas, a nova presidente tentou em seu discurso manter um equilíbrio que tranquilize Pequim, mas sem contradizer os taiwaneses críticos à China.

"Tentou dar um tom conciliador, levando em conta a falta de confiança entre as duas partes", considerou Tang Shao-cheng, cientista político da Universidade Nacional de Chengchi em Taipei. "Passou a bola ao campo de Pequim", concluiu.

Mas sem o compromisso do princípio de "uma só China", é provável que Pequim não aceite a iniciativa.

"Acredito que a China não aceitará facilmente este discurso", disse Yang Kai-huang, analista da Universidade Ming Chuan de Taipei. "É difícil ser otimista a respeito das relações bilaterais", admitiu.

Na China, os meios de comunicação acompanharam de forma discreta a posse de Tsai. Os termos "Taiwan" e "Tsai Ing-wen" estavam inclusive bloqueados na rede social Sina Weibo.

Para o Global Times, jornal próximo ao Partido Comunista da China, a chegada ao poder de Tsai Ing-wen marca o início de "uma nova era caracterizada pela incerteza".

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A nova presidente de Taiwan , Tsai Ing-wen, primeira mulher a ocupar o cargo, pediu nesta sexta-feira em seu discurso de posse um "diálogo positivo" com Pequim , adotando um tom conciliador, diante de uma China cada vez mais hostil.

Tsai, de 59 anos, venceu por maioria as eleições de janeiro, que colocaram fim a oito anos de política de aproximação com a China sob o comando do presidente em fim de mandato Ma Jing-jeou, do partido Kuomintang (KMT).

Os eleitores consideraram que Ma Jing-jeou foi muito longe e que sua política, mais que servir aos interesses de Taiwan, havia colocado em risco a soberania da ilha, que Pequim ainda considera parte de seu território.

Tsai é a líder do Partido Democrático Progressista (PDP), uma formação tradicionalmente independentista.

Esta ex-professora universitária moderou o discurso do PDP, mas permaneceu firme para reforçar a posição de Taiwan, uma mensagem bem aceita pelos taiwaneses, cansados de viver à sombra da China.

O território segue seu próprio rumo desde 1949, quando os nacionalistas do KMT, liderados por Chiang Kai-shek, se refugiaram na ilha após a vitória dos comunistas de Mao Tsé-Tung. Após a morte de Chiang, Taiwan abraçou pouco a pouco a democracia.

Diante das 20.000 pessoas que acompanhavam a cerimônia diante do palácio presidencial, Tsai quis apresentar Taipei como uma força de paz.

"Statu quo"

"As duas partes que governam ambos os lados do estreito (que separa a China continental de Taiwan) têm que deixar de lado o peso da história e iniciar um diálogo positivo", disse em seu discurso depois de ter jurado o cargo.

Poucas horas após a posse, Pequim reagiu contra qualquer tentativa de avançar a uma eventual independência.

"Se buscar a independência, será impossível ter paz e estabilidade no Estreito de Taiwan", advertiu o Escritório de Assuntos de Taiwan do governo chinês em um comunicado.

Desde a vitória eleitoral de Tsai, as relações voltaram a se distanciar.

A China quer que Tsai assuma o consenso tácito concluído em 1992 entre Pequim e Taipé, que afirma que há "uma só China" e que cada parte pode interpretar a sua maneira.

Embora a nova presidente e o partido PDP não reconheçam este consenso de 1992, Tsai repetiu muitas vezes que manterá o "status quo". Sem se afastar de seus princípios, a dirigente destaca a importância do diálogo.

"As relações bilaterais se converteram em parte integrante da construção da paz regional e da segurança coletiva", disse.

"Neste processo, Taiwan será um 'ferrenho guardião da paz' que participará de forma ativa e não estará ausente", insistiu.

Sem mencionar a China, apelou, no entanto, para que a ilha coloque fim a sua independência comercial em relação ao continente e termine com "nossa antiga subordinação a apenas um mercado".

Bloqueio midiático chinês

Segundo os analistas, a nova presidente tentou em seu discurso manter um equilíbrio que tranquilize Pequim, mas sem contradizer os taiwaneses críticos à China.

"Tentou dar um tom conciliador, levando em conta a falta de confiança entre as duas partes", considerou Tang Shao-cheng, cientista político da Universidade Nacional de Chengchi em Taipei. "Passou a bola ao campo de Pequim", concluiu.

Mas sem o compromisso do princípio de "uma só China", é provável que Pequim não aceite a iniciativa.

"Acredito que a China não aceitará facilmente este discurso", disse Yang Kai-huang, analista da Universidade Ming Chuan de Taipei. "É difícil ser otimista a respeito das relações bilaterais", admitiu.

Na China, os meios de comunicação acompanharam de forma discreta a posse de Tsai. Os termos "Taiwan" e "Tsai Ing-wen" estavam inclusive bloqueados na rede social Sina Weibo.

Para o Global Times, jornal próximo ao Partido Comunista da China, a chegada ao poder de Tsai Ing-wen marca o início de "uma nova era caracterizada pela incerteza".

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