Exame Logo

Premiê da Itália vai renunciar após perder apoio de partido

Decisão foi tomada depois que Partido Democrático (PD) apoiou um chamado de Matteo Renzi, para formar um governo mais ambicioso

Primeiro-ministro da Itália, Enrico Letta, durante uma sessão do Senado para receber um voto de confiança, em outubro do ano passado (Tony Gentile/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2014 às 16h25.

Roma - O primeiro-ministro da Itália , Enrico Letta, disse que renunciará na sexta-feira, abrindo caminho para que o líder de centro-esquerda Matteo Renzi assuma o comando do terceiro governo italiano em menos de um ano.

A decisão de renunciar foi tomada depois que o Partido Democrático (PD), o maior da coalizão de governo, apoiou um chamado de Renzi, de 39 anos, para formar um governo mais ambicioso e tirar a Itália da crise econômica.

"A Itália não pode viver em uma situação de incerteza e instabilidade. Estamos em uma encruzilhada", disse Renzi ao forte comitê de liderança do partido.

Letta não compareceu à reunião do PD, dizendo que gostaria que seu partido decidisse livremente se queria continuar apoiando ele ou não.

Em um comunicado após a reunião, Letta afirmou que irá apresentar na sexta-feira sua renúncia ao presidente italiano, Giorgio Napolitano, que muito provavelmente pedirá a Renzi que forme um novo governo.

As crescentes críticas sobre a lentidão da reforma econômica deixou Letta, um político moderado de baixa visibilidade nomeado para liderar uma frágil coalizão após o impasse eleitoral do ano passado, cada vez mais isolado.

"As pessoas acusaram o PD e eu de termos uma ambição desmedida. Eu não nego isso. Todos nós precisamos ter isso, de mim até o último membro do partido", disse Renzi em seu discurso ao comitê de liderança do PD. "Eu estou pedindo a vocês que nos ajudem a tirar a Itália da lama."

"Políticos Têm de Assumir Riscos"

A mais recente turbulência na Itália, terceira maior economia da zona do euro, até agora teve pouco impacto nos mercados financeiros, ao contrário da volatilidade observada durante as crises anteriores, como o impasse depois da eleição do ano passado.

No entanto, a incerteza contínua impediu qualquer esforço para reviver uma economia com dificuldade para sair de sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial ou reformar um sistema político acusado de dificultar qualquer programa de reforma profunda.


Em seu discurso, Renzi reconheceu que forçar a saída de Letta e tentar formar um novo governo com os parceiros existentes da coalizão de centro e centro-direita representavam riscos para o governo e a ele pessoalmente. Mas insistiu que não havia alternativa.

"Colocar-se na linha de frente agora traz um elemento de risco, mas um político tem o dever de assumir riscos em certos momentos", disse ele. Renzi acrescentou que o novo governo deve durar até 2018.

O líder de um partido de centro-direita da coalizão governista, Angelino Alfano, deu um apoio cauteloso e condicional nesta quinta-feira à perspectiva de um novo governo liderado por Renzi.

Falando minutos após Letta anunciar sua intenção de renunciar, Alfano disse a repórteres que o apoio de seu novo partido Nova Centro-Direita vai depender das políticas que Renzi propuser, que não devem pender muito para a esquerda.

"Nós não estamos presumindo nada e não temos certeza de que a tentativa de formar um novo governo vai ser bem sucedida", disse Alfano.

Ex-Prefeito de Florença

Se Renzi for nomeado premiê, ele será o terceiro consecutivo a chegar ao cargo sem votos, depois do tecnocrata Mario Monti e de Letta, nomeado primeiro-ministro após semanas de infrutíferas discussões entre partidos rivais.

Renzi, um ambicioso político e ex-prefeito de Florença, não ocupa cargo parlamentar e nunca disputou uma eleição em nível nacional. Ele chegou à cena política como uma promessa de renovação nas bizantinas tradições da política italiana, mas sua eventual ascensão à chefia de Estado, numa manobra de bastidores, lembra a "porta giratória" que caracterizou os governos democratas-cristãos do passado.

"Essa é uma operação perigosa por parte de Renzi, tanto para o país quanto para si mesmo", disse Giovanni Toti, assessor do ex-premiê direitista Silvio Berlusconi, à TV pública RAI.

"Ele deveria ser o forasteiro que iria renovar o PD. Agora, assim que se aproxima do poder, está se comportamento exatamente como todos os outros."

Veja também

Roma - O primeiro-ministro da Itália , Enrico Letta, disse que renunciará na sexta-feira, abrindo caminho para que o líder de centro-esquerda Matteo Renzi assuma o comando do terceiro governo italiano em menos de um ano.

A decisão de renunciar foi tomada depois que o Partido Democrático (PD), o maior da coalizão de governo, apoiou um chamado de Renzi, de 39 anos, para formar um governo mais ambicioso e tirar a Itália da crise econômica.

"A Itália não pode viver em uma situação de incerteza e instabilidade. Estamos em uma encruzilhada", disse Renzi ao forte comitê de liderança do partido.

Letta não compareceu à reunião do PD, dizendo que gostaria que seu partido decidisse livremente se queria continuar apoiando ele ou não.

Em um comunicado após a reunião, Letta afirmou que irá apresentar na sexta-feira sua renúncia ao presidente italiano, Giorgio Napolitano, que muito provavelmente pedirá a Renzi que forme um novo governo.

As crescentes críticas sobre a lentidão da reforma econômica deixou Letta, um político moderado de baixa visibilidade nomeado para liderar uma frágil coalizão após o impasse eleitoral do ano passado, cada vez mais isolado.

"As pessoas acusaram o PD e eu de termos uma ambição desmedida. Eu não nego isso. Todos nós precisamos ter isso, de mim até o último membro do partido", disse Renzi em seu discurso ao comitê de liderança do PD. "Eu estou pedindo a vocês que nos ajudem a tirar a Itália da lama."

"Políticos Têm de Assumir Riscos"

A mais recente turbulência na Itália, terceira maior economia da zona do euro, até agora teve pouco impacto nos mercados financeiros, ao contrário da volatilidade observada durante as crises anteriores, como o impasse depois da eleição do ano passado.

No entanto, a incerteza contínua impediu qualquer esforço para reviver uma economia com dificuldade para sair de sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial ou reformar um sistema político acusado de dificultar qualquer programa de reforma profunda.


Em seu discurso, Renzi reconheceu que forçar a saída de Letta e tentar formar um novo governo com os parceiros existentes da coalizão de centro e centro-direita representavam riscos para o governo e a ele pessoalmente. Mas insistiu que não havia alternativa.

"Colocar-se na linha de frente agora traz um elemento de risco, mas um político tem o dever de assumir riscos em certos momentos", disse ele. Renzi acrescentou que o novo governo deve durar até 2018.

O líder de um partido de centro-direita da coalizão governista, Angelino Alfano, deu um apoio cauteloso e condicional nesta quinta-feira à perspectiva de um novo governo liderado por Renzi.

Falando minutos após Letta anunciar sua intenção de renunciar, Alfano disse a repórteres que o apoio de seu novo partido Nova Centro-Direita vai depender das políticas que Renzi propuser, que não devem pender muito para a esquerda.

"Nós não estamos presumindo nada e não temos certeza de que a tentativa de formar um novo governo vai ser bem sucedida", disse Alfano.

Ex-Prefeito de Florença

Se Renzi for nomeado premiê, ele será o terceiro consecutivo a chegar ao cargo sem votos, depois do tecnocrata Mario Monti e de Letta, nomeado primeiro-ministro após semanas de infrutíferas discussões entre partidos rivais.

Renzi, um ambicioso político e ex-prefeito de Florença, não ocupa cargo parlamentar e nunca disputou uma eleição em nível nacional. Ele chegou à cena política como uma promessa de renovação nas bizantinas tradições da política italiana, mas sua eventual ascensão à chefia de Estado, numa manobra de bastidores, lembra a "porta giratória" que caracterizou os governos democratas-cristãos do passado.

"Essa é uma operação perigosa por parte de Renzi, tanto para o país quanto para si mesmo", disse Giovanni Toti, assessor do ex-premiê direitista Silvio Berlusconi, à TV pública RAI.

"Ele deveria ser o forasteiro que iria renovar o PD. Agora, assim que se aproxima do poder, está se comportamento exatamente como todos os outros."

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaEuropaItáliaPaíses ricosPiigsPolítica

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame